O mundo é grande demais para se passar a vida toda no mesmo lugar. No ímpeto de conhecer outras culturas, outras realidades e encarar o diferente de perto, o jornalista Guilherme Soares Dias e o funcionário público Gerson Noronha Mota fizeram as malas e se deixaram levar pelo desconhecido. Agora, os dois lançam livros inspirados nas andanças pelos continentes.
“Dias pela Estrada” reúne textos de Guilherme, escritos a partir de cenas, imagens e pensamentos surgidos durante uma viagem de oito meses realizada pelo jornalista em 2016.
O livro será lançado hoje, às 19h30min, no Sesc Morada dos Baís – Avenida Noroeste, 5.140. Durante o período, ele circulou por 23 países em cinco continentes e teve contato com outros mundos.
“A ideia era não escrever, mas nesse processo de viagem, sozinho, a escrita se tornou uma aliada. Preencher alguns silêncios, ajudar a entender o que eu estava vivendo”, explica Guilherme. O livro foi se construindo aos poucos. “Fui escrevendo mais para mim, mas percebi que eu tinha muita coisa e que aquilo merecia ser compartilhado”, pontua.
A obra reúne 42 textos entre crônicas, contos e poemas. “A editora classificou o livro como um exemplar de poesia. Isso se deve ao estilo que tem muito de lirismo”, explica. Segundo o autor, cada cena se passa em um lugar diferente. Apesar de ser um jornalista, ele alerta ao leitores que não se encontrarão na obra reportagens sobre os locais pelos quais passou ou um guia turístico das regiões. “É tudo muito subjetivo, muito ligado à minha experiência”, comenta.
Sul-mato-grossense, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Guilherme teve experiências em grandes veículos do País como O Estado de S. Paulo e o Valor Econômico. “Fui para São Paulo fazer uma pós-graduação em Jornalismo Literário. Fiquei por lá até que ano passado decidi fazer a viagem e ter esse período sabático”.
Dentre os lugares que o marcaram, Guilherme conta que as viagens pelo Oriente Médio foram muito importantes. “Tive contato com países que a gente não conhece a fundo. O Egito, por exemplo, é um país fortemente muçulmano, com toda uma cultura marcada pela religião. Ver as pirâmides também foi algo muito forte”, comenta. Outro país que ele julga memorável é Israel. “Enquanto Tel Aviv é uma metrópole urbana, há locais de importância religiosa como Jerusalém. É um contraste interessante”, aponta.
O “Dias pela Estrada” já foi lançado em São Paulo e no Rio de Janeiro. Depois de Campo Grande, o autor segue para o Chile. “Eu pretendo continuar viajando, morando em países diferentes. Num ritmo diferente, é claro, vou passar mais tempo nas cidades, mas é meu objetivo”, explica.
Para se manter, Guilherme pretende continuar apostando no jornalismo, mas de maneira independente. Inclusive, ele é um dos fundadores do Calle2, projeto que visa reunir jornalistas em um coletivo para cobertura de temas na América Latina.
Gerson Mota teve as viagens e a literatura como inspirações de sua obra. Foto: DivulgaçãoCONTINENTES
Por sua vez, Gerson Noronha Mota pode ser considerado um cidadão do mundo. Os carimbos em seu passaporte garantem o título. Até agora, ele já passou por 80 países e até por territórios que ainda não ganharam a pecha de nação, como é o caso da Antártida, local inóspito até para o aventureiro mais dedicado.
“Normalmente, viajo duas vezes por ano. Estive em locais, muitas vezes, pouco conhecido dos viajantes, como pontos da Islândia. Conheço países em todos os continentes”, conta. Outra maneira de viajar, integrante sua rotina, é a literatura. Percorre, com naturalidade, ambientes criados por escritores como Jorge Luis Borges e Carlos Drummond de Andrade.
No livro “Flic En Flac”, que lançará, na sexta-feira, no Fran’s Café – Rua Marechal Rondon, 2453,Gerson une as duas formas de viagens. A obra apresenta 25 crônicas, que sugiram dos impactos emocionais despertados em vários pontos do globo e das sensações produzidos por seu autores prediletos.
“O que faço no texto não é um guia turístico, são mais a impressões que alguns locais produziram em mim. Em outros momentos, utilizei os locais que visitei como base para criar ficção, como aconteceu com Chile, por exemplo”, ressalta.
No caso da literatura, Borges é um dos mais visitados. Vários textos fazem referência à sua produção, chegando inclusive ser citado em um dos títulos – “Borges e Os Espelhos”.
Mas Drummond e Manoel de Barros não são esquecidos ao longo do livro. Com mais dois títulos na gaveta, o autor promete destacar nessas obras ainda mais as viagens por outros locais do planeta, incluindo sua jornada pela Antártida.
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