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Roberta D'Albuquerque: "Quem é você na fila do teatro?"

Coluna semanal sobre infância e comportamento

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Atrasaram. Era preciso sair de casa com uma hora de antecedência, já que combinaram tocar a campainha da amiga, para quem prometeram carona, a meia hora do início da peça. As distâncias não eram longas, mas também estavam longe de ser curtas. E vinte minutos em São Paulo, fim de semana de virada cultural, fazem uma diferença danada. Pois saíram a dez minutos da hora que deveriam incluir a amiga no táxi. E o taxista não tinha pressa.

A amiga já entrou com cara de "será que vai dar tempo?", e elas seguiram sorrindo como se estivesse para lá de tranquilas. No fundo riam nervosas, embora seguissem fingindo, muito mais para si do que para as outras, que de certeza, os atores também deveriam ter ficado presos no mesmo trânsito. Trânsito. Desculpa que soa desafinada até no ouvido de quem fala, não é?

E falaram: "Que trânsito é esse?". "São Paulo anda impossível!" Chegaram, enfim, às 16h em ponto. Ouviram, do táxi mesmo, o primeiro toque vindo do teatro. A fila maior, que parecia enorme quando o carro dobrou a esquina, foi se desfazendo entre o "até logo" do motorista e o "tchau, obrigada" delas. A menor não andava nem um passinho. Uma era a de quem já tinha trocado os ingressos e entrava na sala, a outra, a de quem ainda precisava trocar. Elas precisavam.

Quem propôs o programa foi uma das mães da escola. A professora indicou um livro para a turma que foi adaptado para o teatro, "Dizem que a montagem é linda, alguém topa ir também?" Toparam. Não só as duas atrasadas, mas outras 12 crianças estavam lá com seus pais e irmãos. Nove delas, na fila grande que se desfez como mágica. A pequena também demorou pouquíssimo para se resolver, mas o suficiente para que quando as meninas esbaforidas entrassem na sala, não houvesse lugar disponível entre os seus. Crianças, mães e pais ocupavam duas fileiras inteiras da plateia central. Tanto a fileira de frente, quanto a de trás também já estavam ocupadas. Quando elas entraram, foram imediatamente vistas e festejadas pelos amigos que, meio que em um gesto automático, olhavam de um lado para o outro, em busca de um lugar vago. Havia sim um banco disponível na ponta de uma das fileiras, um desses duplos reservados para grávidas, ou obesos e ninguém – claro – cogitou ocupá-lo. Tocou o segundo sinal. E a mãe que trazia as meninas, paradas no corredor, indicou dois assentos vagos na fileira lateral.

Não houve pai ou mãe, que tenha pensado em ceder o lugar. Ué e precisava? Não sei. Talvez precisasse. Talvez não. Até que o segurança do teatro, percebendo a situação, indicou o banco para a mãe das meninas e explicou que a bilheteria já estava fechada. Ninguém precisaria deles. Correram as duas mordendo as orelhas. Tocou o terceiro sinal. Começou a peça. Sala já escura chegaram mais duas crianças. Sem pestanejar, correram para o banquinho recém ocupado. E cabia? Caber não cabia, mas as quatro se apertaram contentes.

A mãe que ficou na fileira lateral justificava, com alívio, seu atraso: "ufa, não fui a última!". E observava, com orgulho, a filha e a amiga que acolheram prontamente as outras duas no banquinho grande – agora pequeno. E a peça rolava. Até que, chegou mais uma. Repetiu a cena do corredor parada, pensando em possibilidades, quando foi empurrada pela mãe em direção à superpopulação do banco. Ficou no máximo dez minutos, tempo de se sentir incomodada e voltar para o colo da mãe, três ou quatro cadeiras atrás do grupo. O grupo. Quantas possibilidades de ser, um grupo nos apresenta, não é? A pensar somente nos adultos: os que fazem o convite, os que o aceitam, os que chegam no horário apesar do trânsito, os que atrasam e se envergonham, os que pedem e os que oferecem carona, os que não cedem o lugar, os que fingem calma, mas, secretamente, esperam que quem chegou mais cedo ceda, os que atrasam sem culpa e se apertam, os que acolhem, os que excedem a oferta de acolhimento, os que se arrependem e voltam atrás, os que dormem, os que riem, os atores, o segurança, a senhora da fileira de trás, que comeu metade das balas da minha filha, alegando dor de garganta, todos juntos, aplaudindo o fim da peça. Que elenco minha gente! Viva o teatro, viva o quinto ano que está neles e parece estar, eternamente, em nós também!

Projeto social

Com mais de 400 assistidos, Moinho Cultural promove campanha para doações via Imposto de Renda

Os contribuintes têm a oportunidade de destinar até 6% do imposto devido para causas sociais, sendo 3% para o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente

19/04/2024 13h30

O projeto Moinho Cultural atende 400 crianças em Corumbá. Divulgação/Assessoria

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O Moinho Cultural está lançando a campanha "Leão, amigo das crianças" para incentivar doações através da Declaração de Imposto de Renda. O objetivo é aumentar o suporte a projetos sociais destinados a crianças e adolescentes, reforçando o compromisso da organização com o desenvolvimento humano e a inclusão social.

Durante o processo de declaração do Imposto de Renda, os contribuintes têm a oportunidade de destinar até 6% do imposto devido para causas sociais, sendo 3% para o Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e 3% para o Fundo dos Direitos da Pessoa Idosa. Essa destinação não acarreta em nenhum custo adicional para o contribuinte e está disponível apenas para aqueles que optam pelo modelo completo de declaração.

De acordo com Márcia Rolon, diretora executiva do Moinho Cultural, "a campanha é uma chance para que cada cidadão brasileiro contribua diretamente para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Ao destinar parte do seu imposto de renda para o Moinho Cultural, você está investindo no futuro de crianças e adolescentes, garantindo acesso à cultura, educação e assistência social."

O procedimento para realizar a doação é simples e pode ser feito durante o preenchimento da declaração do Imposto de Renda. Após inserir todas as informações necessárias, o próprio sistema calcula automaticamente o valor do imposto devido. Em seguida, basta acessar a opção de doações diretamente na declaração, selecionar o fundo desejado e indicar o valor a ser destinado, dentro do limite permitido.

Dentro do programa da Receita Federal, na seção de Doações, os contribuintes podem selecionar a aba Criança e Adolescente e, em seguida, clicar em Novo para escolher o fundo ao qual desejam destinar a doação: nacional, estadual ou municipal.

Os contribuintes têm a possibilidade de acompanhar o valor disponível para destinação, decidir quanto desejam destinar ao fundo e emitir o Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) referente ao valor da doação. É importante destacar que o pagamento do Darf deve ser feito até o dia 31 de maio.

Se não houver imposto a pagar, mas sim a restituir, será gerado um Darf para cada fundo escolhido pelo contribuinte, que também deverá ser pago até o dia 31 de maio.

Após o pagamento do Darf, os contribuintes que optaram por ajudar o Moinho Cultural devem enviar uma cópia da destinação para o e-mail [email protected]. A partir disso, a instituição encaminhará ao CMDCA (Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente) para ter acesso aos recursos.

Em Mato Grosso do Sul, a Receita Federal espera receber 623 mil declarações de imposto de renda até 31 de maio, data limite para a entrega. No país, espera-se um total de 43 milhões de declarações até o prazo final.

Para mais informações sobre como fazer uma doação através da Declaração de Imposto de Renda, entre em contato com o Moinho Cultural pelo e-mail [email protected].

 

*Com informações da assessoria.

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Eventos literários, série filosófica, cinema para autistas, shows diversos e muito mais

Eventos literários em Campo Grande e Corumbá, série filosófica no Teatro do Mundo e cinema para autistas estão na programação, que tem ainda show dos 27 anos de carreira da banda Naip

19/04/2024 10h00

A apresentadora Thais Umar e o filósofo Jô pilotam os cinco episódios da série, que serão exibidos, com debate, neste sábado, a partir das 16h, no Teatro do Mundo, grátis Divulgação

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Neste ano, a banda Naip completa 27 anos, com uma trajetória que inclui músicas autorais, participação em eventos e shows nacionais e internacionais, além do lançamento de duas canções inéditas em breve.

O grupo realizará amanhã um show no Sunset Growler Station, em Campo Grande, em uma apresentação repleta de rock e sucessos atemporais.

“Nosso repertório transita pelo pop-rock nacional e internacional, incluindo os clássicos e sucessos atuais e, para essa noite especial, estamos preparando as músicas que o público sempre nos pede, aquelas que fazem parte da história e da memória afetiva de cada um”, adianta o baterista Alexandre Lacorte.

O show conta ainda com a presença do DJ Marquinhos Morais, convidado para animar o público na abertura e no intervalo da Naip. Entre as fãs está a jornalista Vanessa Amin, que tem a Naip como uma de suas bandas favoritas.

“Acompanho os meninos desde antes da formação da Naip, quando parte dos integrantes faziam parte dabanda Inverno Russo, nos anos 90. Fui em shows com todas as formações. Acabei me tornando amiga de todos e fui até a alguns ensaios deles na casa do André e do Rafael. Sou fã e admiro a todos pelo profissionalismo, talento e amizade que cultivam entre eles”, conta Vanessa.

Na década de 1990, Guga Borba, Guilherme Cruz, Alexandre Lacorte, André Coelho, Leonardo Maciel e Rafael Coelho deram início ao percurso da Naip, que, ao longo dos anos, participou de shows de artistas como: Jota Quest, Nando Reis, Raimundos, Ira, Capital Inicial, Supla, Ivete Sangalo, Tihuana, O Rappa, Scalene, Maskavo, Armandinho, Tico Santa Cruz e o astro internacional do cinema e da música Peter Fonda. Foram mais de 400 shows até hoje.

Algumas mudanças ocorreram ao longo do tempo e novos nomes se juntaram aos fundadores da Naip, que hoje conta com Alexandre Lacorte (bateria), André Coelho (teclado) e Rafael Coelho (baixo), da formação original, e ainda com Caio Dutra (guitarra) e Carlos Eduardo (vocais), que completam a nova fase.

O Sunset funciona a partir das 18h, no endereço Avenida Afonso Pena, nº 5.668, Chácara Cachoeira. Ingressos: https://www.sympla.com.br/evento/naip-no-sunset-growler/2413304.]

 

Kung Fu Panda 4CINEMA “Kung Fu Panda 4” - A animação será exibida amanhã, às 15h30min, no Cinépolis Norte Sul; sessão especial para pessoas autistas

MIOLO

Hoje, a partir das 18h30min, o escritor e artista educador carioca Caio Zero é o convidado do primeiro encontro do projeto Miolo: Circuito de Leituras Integrais, com entrada franca, no Bar Copo.

Autor de obras finalistas do prêmio HQ Mix, um dos mais disputados do mundo dos quadrinhos, Caio vem a Campo Grande para mediar uma leitura integral, em grupo, do livro “Azul Dentro do Banheiro” de Marlene Mourão, a Marzinha.

O livro foi celebrado pelo poeta Manoel de Barros, que escreveu uma carta à autora elogiando sua obra. Além de Caio, participarão da leitura a atelierista Ana Espinosa Horn e a psicanalista Ligia Burton.

O escritor conduzirá os presentes a um bate-papo sobre a obra de maneira colaborativa. Para participar, é necessário levar um quilo de alimento não perecível. Endereço: Rua 14 de Julho, nº 2.530, Centro.

Amanhã, Caio realizará uma oficina literária, na sede da Central Única das Favelas (Cufa) de Campo Grande, no Bairro São Conrado, que será destinada ao público jovem e adulto e tem como objetivo experimentar a linguagem dos quadrinhos a partir de exercícios de criação e de uma conversa sobre processo criativo na produção das histórias em quadrinhos, temáticas, pensamento e narrativa. 

“Estou animado para oferecer a oficina. Sempre dá um frio na barriga, mas, ao mesmo, tempo é animador, principalmente por estar trabalhando com literatura e arte. São coisas que me empolgam bastante. Além disso, estou curioso para conhecer mais o pessoal que fomenta a produção literária local e também os participantes dessa experimentação”, revela Caio.

A oficina terá duração de uma hora e meia e os participantes deverão levar papéis em branco sem pauta, lápis, borracha, apontador e uma caneta preta ou azul. As vagas são limitadas e os interessados deverão se inscrever pelo link na bio do Instagram: www.instagram.com/hamorlivraria.

POLCA PARAGUAIA

Nascida em Corumbá e vivendo fora do País há 38 anos, Bernadete Piassa lança hoje seu primeiro livro, “Polca Paraguaia”, em Corumbá, a partir das 18h, no Museu Casa Dr. Gabi. Na terça-feira, o lançamento será em Campo Grande, a partir das 19h, na Livraria Leitura (Shopping Campo Grande).

“Seu coração nunca se esquece de seu lugar de origem. Você pode viajar, mas aquilo que ficou em você da sua infância tem um impacto muito profundo. Aquela Corumbá que ficou na minha lembrança existe para mim muito forte. A partir do momento que você fica mais velha, você se volta para o passado, então, mais do que nunca, as lembranças se fazem presentes”, diz Bernadete, dando pistas do seu romance de estreia.

LITERATURA “Polca Paraguaia” - Bernadete Piassa lança seu primeiro romance hoje, a partir das 18h, no Museu Casa Dr. Gabi, em Corumbá

VAN FILOSOFIA

Exibida recentemente nas manhãs de domingo, em rede nacional, pela TV Brasil, a série “Van Filosofia” ganha exibição na íntegra, neste sábado, das 16h às 20h, no Teatro do Mundo (Rua Barão do Melgaço, nº 177, Centro), com entrada franca.

A proposta da sessão é fazer uma imersão filosófica, com a exibição dos cinco episódios da produção, seguidos de debate com presença de entrevistados, equipe e filósofos.

A série Van Filosofia propõe um diálogo sobre as relações humanas a partir de alguns dos grandes temas da humanidade, mostrando o que há de comum no nosso dia a dia com o pensamento de filósofos em uma viagem pelo tempo e pelas ruas da cidade. 

Embarcados em uma van, pessoas comuns da sociedade com diferentes perfis e opiniões compartilham suas experiências de vida. O filósofo Josemar Maciel, o Jô, e a apresentadora Thais Umar fazem a ponte das questões colocadas pelos passageiros com a filosofia. A direção é de Lú Bigatão.

PARA AUTISTAS

Amanhã, a Cinépolis Norte Sul terá uma sessão inclusiva e adaptada às pessoas com autismo e outras síndromes, transtornos ou doenças que acarretam hipersensibilidade sensorial. Desta vez, será exibido o filme “Kung Fu Panda 4”, às 15h30min.

Na sessão inclusiva e adaptada, o filme é exibido com o volume de som reduzido, 50% das luzes permanecem acesas, não há exibição de publicidades e trailers e também é permitido entrar e sair da sessão a qualquer momento. A sala inclusiva adaptada é aberta para todo o público.

 

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