Em setembro de 2011, com a chegada da Netflix ao Brasil, as transmissões via internet de produções audiovisuais começaram a ganhar força no país.
Hoje, um terço dos brasileiros usuários de smartphones já pagam para assistir filmes e séries “on demand”. Tal explosão é embalada pela crescente qualidade das produções, e o ano que acaba de terminar certamente foi o mais fértil em termos de séries originais das empresas do setor.
De todas as novas temporadas produzidas por provedores de streaming em 2017 – que disputam com as produções televisivas as principais premiações do setor de entretenimento –, dez podem ser consideradas como os principais destaques do ano no Brasil (em ordem cronológica de estreia).
“13 Reasons Why” – Em março, estreou na Netflix a série inspirada no best-seller de Jay Asher. Apesar de críticas divididas – principalmente pela forma como foram abordados temas como suicídio, abuso sexual e depressão –, a produção conta com indicações importantes para premiações como o Globo de Ouro e o Satellite Award.
Foi eleita a Melhor Série de 2017 pelos brasileiros segundo a Netflix, que já confirmou a realização de uma segunda temporada.
“Grace and Frankie” – Estrelada pelas veteranas Jane Fonda e Lily Tomlin, estreou em março a terceira temporada da série da Netflix.
A produção mostra o cotidiano de duas mulheres que vivem um conflito bastante contemporâneo: seus maridos pediram o divórcio para assumirem a homossexualidade e se casarem um com o outro. Forçadas a viverem juntas, formam uma insólita amizade.
“Dear White People” – Lançada pela Netflix em abril, a série baseada no filme homônimo de 2014 retrata como um grupo de estudantes negros de uma universidade de elite dos Estados Unidos, onde a maioria dos alunos é branca, enfrentam o racismo.
Apesar de sua proposta de denúncia contra o preconceito, “Dear White People” não escapou impune: alguns críticos norte-americanos acusaram a série de “apologia à violência contra brancos”.
“Sense 8” – A segunda temporada estreou em abril e conta a história de oito desconhecidos, de culturas e países diferentes, que descobrem estar mentalmente ligados um ao outro, além de serem capazes de compartilhar entre si conhecimento, linguagem e habilidades.
Um mês depois de lançada a segunda temporada, a série foi cancelada pela Netflix. A mobilização dos fãs reverteu a decisão e um episódio especial de encerramento está previsto para 2018.
“House of Cards” – A quinta temporada da série da Netflix será a última com a presença de Kevin Spacey, que em novembro foi acusado de assédio sexual contra um adolescente e, consequentemente, afastado da produção.
Ele criou o arrebatador personagem Francis Underwood, um deputado sedento por poder que, no Brasil, foi comparado a diversos personagens da política local. Em sua primeira temporada, em 2013, “House of Cards” foi primeira série veiculada via streaming a ganhar um Emmy, maior prêmio norte-americano atribuído a programas e profissionais de televisão.
“Transparent” – Em setembro, a Amazon Prime lançou a quarta temporada da série que já recebeu, em temporadas anteriores, o Globo de Ouro como melhor série e melhor ator em comédia.
É a última temporada com Jeffrey Tambor, que deixará a série após acusações de assédio sexual. A história gira em torno de uma família de Los Angeles que fica abalada quando os filhos, já adultos, descobrem que seu pai Mort deseja se assumir como transgênero.
“Narcos” – Muita gente estava temerosa de assistir a terceira temporada da série da Netflix, que estreou em setembro. A morte do narcotraficante Pablo Escobar, vivido pelo ator baiano Wagner Moura, deixou a impressão de que seria impossível substituí-lo à altura. Mas a série se reinventou e deu oportunidade para personagens antes periféricos atingirem com eficiência o posto de protagonistas.
“Stranger Things” – Em outubro, estreou a esperada segunda temporada da série original da Netflix que já obteve, ao todo, 18 indicações ao Emmy.
A história se passa na década de 1980 e expressa bastante os elementos culturais da época, tanto na trilha sonora quanto nos figurinos. Tudo temperado com divertidas referências às obras de Steven Spielberg, John Carpenter e Stephen King.
“The Grand Tour” – Em dezembro, a Amazon Prime apresentou a segunda temporada da série protagonizada pelos ex-“Top Gear” Jeremy Clarkson, Richard Hammond e James May. Agora, a trinca percorre países da Europa, Ásia e África. O estilo “politicamente incorreto”, herdado dos tempos de BBC, foi preservado no “The Grand Tour”.
“Black Mirror” – Na última semana de dezembro, a quarta temporada da série da Netflix estreou com temáticas mais amenas. O autor Charlie Brooker privilegiou enfoques menos deprimentes que os presentes nas temporadas anteriores.
Apesar de expressar um pouco mais de esperança, “Black Mirror” continua a antecipar um futuro perturbador – principalmente pela inquietante proximidade com a realidade atual.