Correio Rural

nível de até 8 metros

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Embrapa faz estudo sobre cheia
'anormal' na região do Pantanal

Levantamento acontece onde se concentra maior rebanho de MS

RODOLFO CÉSAR

17/03/2018 - 13h03
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A Embrapa Pantanal está realizando estudo sobre os efeitos da enchente deste ano na pecuária do Estado. O laudo foi solicitado pelo Sindicato Rural de Corumbá e tem peso porque o município detém o maior rebanho bovino em Mato Grosso do Sul, com 2 milhões de cabeças.

O documento vai  auxiliar em estratégias futuras para os criadores e também permitirá que o município declare estado de emergência, podendo solicitar recursos e realizar obras emergenciais sem a necessidade de licitação.

“Com a sequência das chuvas, o Rio Paraguai vai transbordar ainda este mês em Corumbá, a 60 dias da chegada das águas do Norte (Mato Grosso)”, previu Luciano Leite, presidente da entidade.

Na régua utilizada para indicar o nível de cheia do Rio Paraguai, que fica em Ladário, a medida está em 3,86 metros e deve atingir 5 metros já nesta primeira semana de abril. Em nota, a Embrapa informou que chegar aos 5 metros pode ser considerada uma cheia normal, contudo as águas de Cáceres (MT) ainda devem chegar, o que elevaria ainda mais o volume do rio.

O governo do Estado informou que o nível do Paraguai na cidade mato-grossense começou a cair, depois de atingir seu pico máximo de 4,80 metros em 1º de março. Essa medição é inferior ao registrado em 2017, quando foram 5,16 metros, em fevereiro.

"A preocupação dos pantaneiros é com o volume das chuvas, que já deixa Porto Murtinho em alerta: o rio atingiu 6,34 metros e voltou a baixar. No entanto, há previsão de chegar a 8 metros com a chegada das águas de Cáceres e dos afluentes Aquidauana e Miranda", informou o governo do Estado.

A atual cheia é considerada atípica para o mês de março e ocorre por conta do volume de chuvas registrado em Mato Grosso do Sul. Por conta dos sinais de alagamentos antes do previsto, a retirada de gado em diversas partes do Pantanal já aconteceu.

As vias principais utilizadas para remoção do gado são as MS-184 e a MS-228. Sobre a Estrada Parque (MS-228), desde o começo desta semana, há restrição de trânsito para veículos pesados por conta da água que já cobre alguns trechos da via.

“Sem dúvida, a trafegabilidade das nossas estradas e a qualidade das pontes, nessa época de muita água na região, nos dá uma segurança de que o gado chegará ao seu destino sem perdas de animais ou sem onerar o produtor com o custo alto do frete”, apontou o dirigente ruralista.

REORDENAMENTO

O Estado informou que até semana passada o fluxo de caminhões e boiadas foi intenso nas MS-184 e MS-228. O gado da região da Nhecolândia já foi transferido. Também está sendo utilizada a MS-243, que liga a BR-262 a sub-região do Nabileque, entre Miranda, Corumbá e Porto Murtinho.

“A maior dificuldade tem sido atravessar os alagados, que exigem muito do gado, mas quando estamos no seco encontramos estradas boas e pontes seguras, o que permite a chegada rápida dos animais no seu destino”, contou João Luiz de Oliveira, 46, dono de uma comitiva de Aquidauana, que leva uma boiada de 900 touros da fazenda Rio Vermelho, na Nhecolândia, para a parte alta do Taquari.

Obras nessas estradas foram feitas com recursos do Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário (Fundersul).