Cidades

SUPERAÇÃO

'Agradeço por estar viva', diz vítima
de acidente de trânsito

'Agradeço por estar viva', diz vítima
de acidente de trânsito

SILVIA FRIAS

10/04/2017 - 10h30
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Em pé e sorridente. Esta foi a Joseane Aparecida da Silva, 33 anos, que recebeu a equipe do Correio do Estado há poucos dias.

Usando as muletas, caminha com desenvoltura recém adquirida, e que representa grande passo desde o acidente que mudou drasticamente sua rotina.

No dia 8 de agosto de 2015, na avenida Duque de Caxias, em Campo Grande, ao voltar para casa, foi atingida pelo carro conduzido por Paulo Henrique Mendes da Silva e ficou prensada contra muro.

No hospital, ainda sem contato com a família, assinou a autorização para amputar parte da perna esquerda.

De lá para cá, foram altos e baixos: quebrou a perna direita ao se aventurar pela primeira vez com a muleta, enfrentou possível diagnóstico de câncer e ainda luta na Justiça pela condenação do réu e, em outra ação, por indenização por danos morais.

Em reabilitação, se prepara, com ansiedade, para usar a prótese, em fase de teste e adaptação. Adotou como filosofia agradecer pela vida, dar valor à família e aos amigos e não reclamar. “Eu tô bem, andando, falando, estou com as pessoas que eu gosto; acho que isso ajuda a gente, eu penso assim”.

A própria Joseane conta como vem superando tantas mudanças na vida e o que está fazendo para aprender a ter esperança e seguir em frente.

BANHO NA CAMA

“Eu já estou em fase de reabilitação. É bastante demorado, estou na fisioterapia. Já chegou a prótese e eu estou experimentando, me dedicando a isto. Nos primeiros dias, eu fiquei baqueada, você não pode fazer suas coisas, tem que ter aquela paciência. Fiquei internada 11 dias. Também tinha quebrado a perna e o quadril. Eu tomava banho na cama, fiquei três meses de repouso mesmo, não levanta, não senta, só deitada. Em janeiro de 2016, bem no comecinho, eu quebrei a perna de novo. Para você ter noção, eu estava fazendo fisioterapia, não dobrava praticamente o joelho. Fui tentar usar a muleta, mas não tinha força, tinha quebrado o fêmur perto da canela. Eu caí, senti o joelho fechar inteiro, coisa que não fechava, o barulho foi horrível, nossa.  Estava com a perna toda virada. Médico ainda perguntou ‘como você conseguiu fazer isso?"

"Aí, mais repouso. Seis meses para colar o osso, só na cadeira de rodas, com gesso até a coxa por 40 dias, horrível.  Depois, com gesso para baixo do joelho mais 40 dias. Da cadeira eu fui para o andador. Faço fortalecimento nessa [coto] para poder levar prótese e na direita para aguentar o corpo. Fisioterapia duas vezes na semana, nos outros, fico em casa. Até recomendam fazer exercício em casa, mas não faço, dá uma preguiça (risos)."

PROCESSO LENTO

"Faz pouco tempo que estou usando muleta, é tudo lento, é todo um processo. Tem um mês e pouquinho que peguei mesmo. Eu sou cara de pau, lá na Apae [onde faz fisioterapia] falaram para ir com calma, mas eu quis, tem que pegar, evoluir, né? Primeira vez que saí fui ao mercado, pensei ‘vou encarar, do chão eu não vou passar’. Ia ter que usar, tinha que fazer."

"Agora estou bem, sou mais ágil. Até hoje tenho a sensação do ‘membro fantasma’. Eu sinto o pé, os dedinhos, sinto sapato, como se tivesse a perna toda.  Aí tá coçando uma parte do joelho e tenta coçar, coço a cicatriz. Tratamento é usar espelho, sensibilização com esponjinha, gelo, água morna, várias coisas. Ainda sonho que tenho as duas pernas, mas também que estou sem. O último que tive, estava andando de bicicleta, mas sem a perna."

"A prótese vai ser um processo. Ainda tenho excesso de pele, tem que tirar. Estou em fase de coto, tem que maturar,  a gente usa uma faixa para apertar, amoldar para encaixar a prótese, tirar medida. Está na Apae, para regular. Enquanto não tiver fazendo treinamento de marcha certinho, não tiver segurando em nenhuma barra, nem nada...Depois posso trazer, treinar, perder o medo."

APRENDER A ESPERAR

"É difícil, tem que ter paciência. Técnico da prótese disse que vou precisar fazer academia para fortalcer bem o coto, só a fisio não adianta. Na verdade, se não tivesse machucado essa outra perna,  tranquilo. Tenho que refazer ligamento, fazer cirurgia, tenho até que marcar com o médico. Tem que ver esse joelho, se vai tirar placa, se corpo não vai rejeitar."

SALÁRIO

Eu sou cabeleireira, eu recebia bem mais, agora recebo um salário mínimo [auxílio do INSS]. Um mês depois do acidente, recebi R$ 13 mil do Dpvat, gastei tudo, até o que eu não tinha com locomoção, ambulância, tratamento." 

"Hoje tem custo das muletas, ir ao médico. Fisio é gratuita, na Apae, prótese também vai ser de lá. No meio disso tudo, teve problema de saúde que voltou. Antes do acidente, tava com seio inchado, machucado, fiz punção melhorou, médico mandou voltar depois de seis meses, mas aí aconteceu o acidente."

"Quando voltei ao médico, ele assustou, seio tava inchado no mesmo lugar. Fez exame, tinha suspeita de câncer, mas era mastite crônica. Aceitei a amputação, mas isso mexeu muito comigo. ‘já perdi um lado da perna, agora tenho que perder um seio? ah, não vou aguentar não’. Mas tem que fazer punção e controlar."

SEM CONTATO

"O Paulo? [condutor]. Não tenho contato, acho que é motorista de carreta, não sei muito bem, nunca quis saber. O pai dele mora por aqui no Coophatrabalho. O pai ligou, perguntou como estava a questão psicológica, se pudesse, ia ajudar. O filho dele estava em Cuiabá, de motorista, eu não sei nada dele. Acho que o encontro vai ser no dia do julgamento. Não tenho raiva dele, não foi assim: ‘ah, vou atropelar  aquela ali’, não tinha intenção. Mas claro, ele assumiu riscos."

"Nunca questionei, acho que acontece, essas coisas acontecem. Assim como eu estava, você poderia estar, não fui a primeira nem a última.O problema é mais de limitação que muda, mas nunca tive nada do tipo ‘ai, o que vai ser de mim agora’. 

DIA DE TRISTEZA

"De vez em quando bate tristeza na gente, porque mulher é assim. TPM, então, nem se fala. Tem horas que você não quer ver ninguém, com ou sem perna, é assim mesmo, não mudou nada (rs). Chorei no comecinho, aquele momento de luto pela perna, senti saudade de voltar a andar. Mas  foi pouco, meu pai veio, falou comigo, deu as palavras certas e parei. ‘eu vou ficar chorando nada, eu vou ficar bem, melhorar e pronto”.

CHORO

"Antes, tinha parado de falar com Deus, achava que não era hora certa. Uma vez fui à igreja em Dois Irmãos do Buriti, naquele dia eu chorei. Padre falou que eu ia ficar bem. Meu emocional foi lá embaixo, perdi o controle, foi bom. Saí de lá, leve, aliviada. Depois nunca mais chorei. Na verdade, dei mais  valor à vida. A gente é muito fútil em algumas coisas; acaba melhorando, dando valor para outras coisas: família, amigos, tudo."

"E a questão de não reclamar; eu não reclamo. Se não der, aí se sabe que aquilo ali é o limite para você, eu vejo assim. Eu tomo banho sozinha, se não consigo pegar alguma coisa, eu peço.  Tenho mais equilíbrio, mais coragem, vou metendo a cara, penso ‘não, vamos cair aqui, vamos levantar’.

"Antes, eu não podia pegar a muleta, eu tremia. Lembrava daquele dia que caí. Imagina se eu lembrasse do acidente, as pessoas falam que foi melhor assim. Eu quero voltar a trabalhar, mas não sei como vai ser, acho que não volto mais para o salão, acho que tem que ter mais agilidade. Acho que vou estudar, prestar concurso."

GRATIDÃO

Eu agradeço por estar viva, por estar andando. Tem gente que fica na cadeira de rodas. O que tem naquela Apae de criança com paralisia cerebral, mas está alegre, eu vejo exemplo de outras pessoas, então eu penso ‘porque eu vou chorar, porque vou reclamar?” Eu tô bem, andando, falando, estou com as pessoas que eu gosto, não vou reclamar. Acho que isso ajuda a gente, eu penso assim.

Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

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Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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