Política

VETOS

Nova lei de abuso de autoridade não agrada a juristas do Estado

OAB de MS deve pressionar a bancada do Estado em Brasília para derrubar vetos

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Advogados e magistrados de Mato Grosso do Sul reagiram negativamente à nova lei de abuso de autoridade, sancionada na quinta-feira (5) pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). Dos 108 dispositivos, Bolsonaro vetou 36, o que desagradou a juristas.

No artigo 20, o presidente vetou trechos que previam punição a autoridades que impedissem que preso e advogado conversassem livremente sem supervisão. O presidente da seccional estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS), Mansour Karmouche, disse que esse veto era esperado, mas que a classe pressionará o Congresso Nacional a derrubá-lo.

“Não demos a luta por vencida. Nossa esperança é de que consigamos vencer isso na Câmara dos Deputados. Mas o resto do processo como um todo já vi como um grande avanço”, avalia. Para Karmouche, o ideal era que o texto fosse sancionado na íntegra. “Fazemos nosso trabalho pleiteando com os legisladores para que derrubem o veto, como todas as entidades de classe têm realizado”, disse.

Para o advogado André Borges, a lei anterior, de 1965, era o bastante para regulamentar o trabalho de autoridades. “Já que temos a nova lei, que ela seja aplicada com moderação, evitando que seu mau uso desestimule agentes públicos de atuarem com o necessário rigor no combate à criminalidade”, argumentou. Borges apontou que o Legislativo deveria ter outras prioridades. “Muitos outros assuntos exigem a atuação rápida do legislador, mas não esse de abuso de autoridade”, argumentou.

Já o advogado André Luiz Maluf  acredita que a legislação chega em um momento delicado para o País. 
“Essa lei não vai ser aplicada ou vai acabar sendo declarada inconstitucional. E também há um problema muito sério, porque a aprovação de determinadas leis tentando coibir ou com uma finalidade de colocar freio em determinado poder é muito preocupante”.

Maluf concorda com a opinião de parte da classe jurídica, de que está havendo diversos casos de abusos de autoridade, mas a resposta para isso não é a nova lei. “Esta lei não ajuda em nada. Basta ver de quem partiu e quem são os deputados e senadores que trabalharam com muito afinco para a sua aprovação”.

Desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), Marcelo Câmara Rasslan avaliou que a legislação tenta criminalizar atos rotineiros do Judiciário e da polícia. “Esta nova lei está colocando algumas atividades desenvolvidas rotineiramente pela polícia, pelo Ministério Público e pelo Judiciário como fatos criminosos, quando na verdade nunca foi crime. É uma atuação legal da autoridade, com o objetivo de apurar a verdade dos fatos”.

O QUE MUDOU

De autoria do Senado Federal, a nova lei de abuso de autoridade foi apresentada em 2016 e aprovada pelo Congresso Nacional no mês passado, sendo sancionada pelo presidente na quinta-feira (5). Porém, a sanção veio com 36 vetos em 19 artigos. 

No total, 30 condutas foram consideradas como abuso de autoridade. Decretar condução coercitiva sem prévia intimação, deixar de comunicar prisão em flagrante, temporária ou preventiva à autoridade judiciária no prazo legal e não comunicar à família o local onde a pessoa está presa  passaram a ser considerados crime. 

Todas essas violações podem resultar de seis meses a quatro anos de prisão e multa. Também está previsto que as autoridades que foram reincidentes no crime poderão perder o cargo ou o mandato e podem ficar inabilitados para o serviço público pelo período de cinco anos. O Congresso deve analisar em breve os vetos feitos por Bolsonaro. Se forem derrubados, eles passarão a vigorar normalmente.

* Colaborou Eduardo Miranda

Política

STF forma maioria de votos contra marco temporal de terras indígenas

Os seis votos foram dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli

17/12/2025 18h15

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento

Indígenas bloquearam ontem parte da MS-156, em Dourados, em protesto contra o julgamento Dourados News/Clara Medeiros

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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quarta-feira (17) maioria de votos pela inconstitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas. 

Até o momento, a Corte tem placar de 6 votos a favor e nenhum contra a restrição às demarcações. A maioria foi formada pelos votos dos ministros Gilmar Mendes, relator, Flavio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Ainda faltam quatro votos.

A votação virtual começou na segunda-feira (15) e fica aberta até quinta-feira (18), às 23h59.

Luta contra o marco temporal

Em 2023, o STF considerou a tese do marco temporal inconstitucional. Além disso, o marco também foi barrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou parte da Lei nº 14.701/2023, aprovada pelo Congresso Nacional. Contudo, os parlamentares derrubaram o veto presidencial e promulgaram a medida.

Dessa forma, voltou a prevalecer o entendimento de que os indígenas somente têm direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

Após a votação do veto presidencial, o PL, o PP e o Republicanos protocolaram no STF ações para manter a validade do projeto de lei que reconheceu a tese do marco temporal.

Por outro lado, entidades que representam indígenas e partidos governistas também recorreram ao Supremo para contestar novamente a constitucionalidade da tese.

É neste cenário de divergência que o Supremo voltou a analisar a matéria.

Em paralelo ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Senado aprovou, na semana passada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 48/2023, que insere a tese do marco temporal na Constituição Federal, em novo capítulo da briga entre Legislativo e Judiciário.

Mato Grosso do Sul

A decisão interessa, principalmente, o Estado de Mato Grosso do Sul, que possui a terceira maior população de indígenas do país. De acordo com último Censo, divulgado pelo IBGE em 2022, Mato Grosso do Sul saiu de 77.025 originários em 2010 para 116.346 mil. A população de MS fica atrás apenas do Amazonas (490,8 mil) e da Bahia (229,1 mil).

Os cinco maiores municípios de MS em população indígena são: Campo Grande (18.439), Dourados (12.054), Amambai (9.988), Aquidauana (9.428) e Miranda (8.866).

Do total de indígenas em MS, 68.534 mil pessoas moram em terras indígenas, e outros 47.812 residem fora.

A Terra Indígena Dourados tem a 6ª maior população residente indígena do País, com um total de 13.473 mil. 

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FAMÍLIA RAZUK

Um dia após ser condenado a perda do mandato, deputado Neno vota à distância na Assembleia

Com isso, não comparecendo à assembleia, Razuk não correu o risco de ser notificado da condenação ou da perda do mandato

17/12/2025 15h00

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira Marcelo Victor/Correio do Estado

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, o Neno Razuk (PL) foi condenado ontem (16) pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande a 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado, por ser indicado como chefe de uma organização criminosa voltada ao jogo do bicho. 

No entanto, a condenação não impedia o deputado de comparecer à Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (17) para a última plenária do ano. Mesmo assim, o parlamentar não compareceu à Casa e participou da votação das cinco propostas aprovadas na ALEMS. 

Mesmo com a sentença, Razuk terá o direito de recorrer à decisão em liberdade. Ao Correio do Estado, o advogado André Borges, da defesa do parlamentar, afirmou que vai recorrer da sentença e que o "processo está longe de encerrar". 

Com o não comparecimento na Assembleia, o deputado não correu risco de ser notificado da condenação e nem prestar esclarecimentos à imprensa. 

Neno Razuk não compareceu à sessão plenária da ALEMS desta quarta-feira O voto do deputado apareceu durante as deliberações das propostas na última sessão plenária da ALEMS de 2025 nesta quarta-feira (17) / Fonte: Reprodução

Sentença

A investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) apontou que Neno Razuk seria o líder de uma organização criminosa que estaria praticando, de forma intensa, as práticas em Campo Grande após as prisões de Jamil Name e Jamil Name Filho durante a Operação Omertà, deflagradas em 2019 pelo MPMS contra as milícias armadas. 

Segundo as investigações, após as prisões, a família Name teria vendido seus pontos "na marra" e com uso de violência para um grupo de São Paulo, em uma tentativa de roubo a um malote do jogo do bicho que chamou a atenção das autoridades para investigar a situação. 

No documento que decretou 20 prisões preventivas de alvos da quarta fase da Operação Successione e 27 mandados de busca e apreensão, no mês passado, a família Razuk é "conhecida há décadas pela exploração ilegal do jogo do bicho e com expertise nas negociatas relacionadas ao ilícito". 

Além do crime da jogatina ilegal, também foram citados os de "assalto à mão armada e lavagem de dinheiro", especialmente na região de Dourados. 

Nas investigações da Gaeco, o clã da família Razuk tinha o plano de expandir a organização criminosa para o estado de Goiás. 

Segundo a averiguação dos fatos, o grupo realizava estudos com o apoio de organizações do estado goiano, como investidores e figuras influentes, para derrubar a liderança local da jogatina, que era comandado por Carlinhos Cachoeira, um bicheiro local.  

Com um financiamento de R$ 30 milhões de um investidor ainda não identificado, a missão era levar a uma "guerra pelo controle do jogo do bicho que atingiria ambos os Estados", como consta na investigação. 

As penas aplicadas pelo Judiciário somam mais de 100 anos de reclusão e multas que ultrapassam R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), além da perda de mandato do deputado estadual Neno Razuk.

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