Política

EM 2019

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No primeiro ano de mandato, Supremo reverteu várias decisões de Bolsonaro

Atos do presidente foram anulados por ministros da Corte; entre eles, competência da demarcação de terras indígenas

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O primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, eleito Presidente do Brasil em outubro de 2018, foi marcado por derrotas em relação às medidas do Executivo. Para impedir que ações inconstitucionais fossem implementadas, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou algumas e remodelou outras, além de recuos da União feitos sem a necessidade de intervenção da Corte. 

Entre as polêmicas que envolveram o STF e o governo federal está a medida provisória (MP) que transferia para o Ministério da Agricultura a responsabilidade de demarcar terras indígenas, atribuição que era da Fundação Nacional do Índio (Funai) e continuou sendo após decisão do ministro Celso de Melo, decano da Corte. O ministro classificou a conduta do governo como “clara e inaceitável transgressão à autoridade suprema da Constituição”.

Presidente da Associação dos Novos Advogados de Mato Grosso do Sul (ANA-MS), João Antônio Argirin, atesta que a função do Supremo é defender os direitos e as garantias constitucionais. “O Supremo Tribunal Federal exerceu, ao longo do primeiro ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro, a sua função contramajoritária de defender os direitos e garantias constitucionais, frear os excessos do Estado e, reiteradas vezes, julgar contra a opinião pública”, avaliou o advogado. 

Outra questão que necessitou da intervenção do STF foi a MP do governo Bolsonaro que extinguia o Seguro de Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres (Dpvat). O texto foi suspenso e, de acordo com o Estadão, a derrota já esperada por técnicos da área jurídica. Para o relator do caso, ministro Edson Fachin, a MP atenta contra a Constituição e o entendimento foi acompanhado pela maioria. 

Em entrevista ao Estadão a advogada Vera Monteiro, professora de Direito Administrativo da FGV-SP, disse que o Planalto adota uma estratégia de “testar os limites legais” ao elaborar normas que atendem ao eleitorado fiel a Bolsonaro. Dessa forma, segundo ela, mesmo que a medida seja barrada pelo Congresso ou pelo STF, o presidente constrói a narrativa de que lutou pelos interesses da sua base até o fim. “É um governo que está muito empenhado em executar suas pautas eleitorais e explora a falta de segurança jurídica e de critérios muito claros sobre a edição de normas pelo Executivo”. 

Argirin destaca ainda outro ponto de derrota do governo com o STF. “Em junho, o STF se posicionou, liminarmente, [determinando] que o presidente não pode extinguir colegiados da administração pública federal criados por lei ou por meio de decreto. Isso porque a extinção desses conselhos levaria à limitação da participação da sociedade civil, violando os princípios constitucionais. Outro exemplo da atuação contramajoritária do STF ocorreu na suspensão da MP que dispensava os órgãos da administração pública de publicar em jornais editais de licitação, leilões e concursos”.

O advogado André Borges pondera que, como o governo é novo, é normal que tenha divergências com a Constituição. “Como todo governo vencedor na eleição, muitas são as novidades a serem implementadas. A maioria delas exigem leis, medidas provisórias e decretos. E como a Constituição é uma das maiores do mundo, hoje com quase 70.000 palavras, é natural que várias políticas públicas sejam questionadas no STF sob o argumento da inconstitucionalidade”.

Borges lembrou que, quando ainda era deputado, Bolsonaro chegou a pedir o fechamento da Suprema Corte. “O certo é que ele não conta com ministros alinhados a seu perfil ideológico. Os ministros hoje lá foram indicados por Fernando Henrique Cardoso, José Sarney, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse primeiro mandato, Bolsonaro indicará dois nomes para o STF”, destacando que os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio vão se aposentar. 

ADMINISTRAÇÃO

A Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ) virou alvo de críticas fora do Palácio do Planalto pelas “barbeiragens” no primeiro ano. A pasta é ligada à Secretaria-Geral da Presidência e os dois cargos são acumulados pelo ministro Jorge Oliveira.

Governo

Lula quer procurar Lira, Pacheco e outros ministros do STF para diminuir tensão entre Poderes

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los

19/04/2024 17h00

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo. Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) pretende buscar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que comandam a Câmara e o Senado, respectivamente, além de outros ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em um esforço para diminuir as tensões entre os Poderes.

Nesta sexta-feira (19), Lula já trata da sua articulação política em um almoço no Palácio do Planalto. Participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), além de líderes do governo no Congresso Nacional.

Também estão presentes os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A reunião acontece logo após a participação da cerimônia do Dia do Exército, no quartel-general da força. O almoço teve início por volta das 12h30.

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo, formada pelos ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Na ocasião, Lula disse que pretendia buscar outros magistrados para conversas. O próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por exemplo, ficou de fora do encontro do início da semana. Na mesma linha, o presidente quer conversar com Lira e Pacheco.

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los.

Embora não conste em sua agenda, há a possibilidade de Lula se reunir com Padilha e líderes aliados nesta sexta. Um dos objetivos do encontro seria para articular algumas dessas movimentações.

De um lado, o Senado e a Câmara têm demonstrado irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequência, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF. O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe decisões monocráticas.

Na Câmara, deputados querem abrir um grupo de trabalho para tratar das prerrogativas parlamentares, para avaliar eventuais exageros do Supremo. Também sugerem que podem abrir uma CPI para mirar o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atualmente, há oito delas que aguardam a formalização, entre elas uma que pretende investigar "a violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem observância do processo legal, inclusive a adoção de censura e atos de abuso de autoridade por membros do STF e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Lira indicou esta semana aos líderes que deverá instalar CPIs, mas reservadamente deputados acham difícil a ofensiva prosperar.

Em outra frente, parlamentares, incluindo Lira, estão incomodados com a articulação política do governo. O presidente da Câmara chegou a dizer que o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é seu "desafeto pessoal" e o chamou de incompetente.

Lula reagiu dizendo que só por "teimosia" não tiraria Padilha do cargo. O presidente, porém, tem pregado um apaziguamento das tensões. O receio do presidente é que o clima acabe por afetar o andamento de projetos prioritários para o governo no Congresso, além de a tensão avançar para uma crise entre Parlamento e Supremo.
 

Campo Grande

Riedel, Beto Pereira, Carlão e mais oito vereadores alinham pré-campanha em churrascaria

Carlão que comentou o encontro e disse: "se alinhar o time, o Beto cresce"

19/04/2024 16h59

Beto Pereira saindo de churrascaria onde almoçou com governador e vereadores João Gabriel Vilalba

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O deputado federal e pré-candidato à prefeitura de Campo Grande, Beto Pereira (PSDB), o governador Eduardo Riedel (PSDB), o presidente da Câmara de Campo Grande, vereador Carlão (PSB) e outros oito vereadores da Capital alinharam detalhes e estratégias para as eleições deste ano em almoço realizado no restaurante Fazenda Churrascada, no Parque dos Poderes. 

A equipe do Correio do Estado falou com alguns dos políticos na saída do almoço, em que o assunto foi as eleições deste ano. O presidente da Câmara, Vereador Carlão, foi pego de surpresa pela equipe de reportagem do Correio, mas disse que a reunião  “foi boa”. “Foi só para a comida e para desejar ‘boa sorte’ na campanha depois”, disse o presidente da Câmara. 

“A gente estava reunido ali, os vereadores, conversando, porque encerrou agora o prazo de filiação né?”, comentou Carlão. “Foi para almoçar e organizar as coisas para a partir de maio e junho”, disse. 

“Basicamente, cada vereador terá de explicar para o seu time quem é o nosso candidato. Por exemplo, o meu time não sabe, 100% que meu candidato é o Beto. Não pode fazer ainda, mas a ideia é alinhar o time”, afirmou.  

Carlão ainda comentou a ação como estratégia para fazer Beto Pereira crescer nas pesquisas. “Se alinhar o time, o Beto cresce”, comentou.

Além de Carlão, estiveram na reunião os vereadores Professor Juary (PSDB), Papy (PSDB), William Maksoud (PSDB), Zé da Farmácia (PSDB), Otávio Trad (PSD), Clodoilson Pires (Podemos), Ronilço Guerreiro (Podemos), Clodoilson Pires (Podemos), Betinho (Republicanos). Além disso, também estava presente além do governador Eduardo Riedel e de Beto Pereira, o secretário ajunto da Casa Civil, João César Mato Grosso. 

Apresentação de números

O deputado federal e pré-candidato a prefeito da Capital, Beto Pereira, disse que o motivo do almoço foi o fato de esse ter sido o “primeiro encontro depois da janela partidária”. “Todos juntos”, disse ele. 

Segundo ele, foi feita uma análise da pré-campanha e uma apresentação de números. “Foi uma apresentação de números, que mostram um pouco do que a gente está desenhando para esse período agora de pré-campanha”, informou. 

Otávio Trad também comentou o almoço. “Estou no PSD e vamos apoiar o Beto, estou com nosso partido”, afirmou. 

O governador Eduardo Riedel saiu sem falar com nossa equipe.  

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