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Na estreia, Davos cobra de Bolsonaro agenda econômica e democrática

Na estreia, Davos cobra de Bolsonaro agenda econômica e democrática

FOLHAPRESS

19/01/2019 - 21h00
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O presidente Jair Bolsonaro estreará no Fórum Econômico Mundial em Davos com um "plano de negócios" que vai expor suas ideias de reformas econômicas e o seu roteiro de privatizações, mas à sombra de temas nos quais tem sido questionado, como clima e migração.

Há expectativa crescente para saber como o presidente, que terá na cidade suíça de 11 mil habitantes seu primeiro palco internacional, se sairá em ambas as searas.

A agenda de Bolsonaro estava sendo afinada até as últimas horas antes de ele embarcar rumo aos Alpes, na noite deste domingo (20), com uma comitiva de cinco ministros.

As estrelas são Paulo Guedes (Economia), encarregado de convencer os investidores de que as reformas prometidas serão implementadas, e Sergio Moro (Justiça e Segurança), convidado para dois painéis do Fórum sobre integridade e crimes globais.

Augusto Heleno (GSI), Gustavo Bebianno (Casa Civil) e o chanceler Ernesto Araújo completam o time, que inclui Mario Vilalva, da Apex, o secretário de comércio Marcos Troyjo, o deputado Eduardo Bolsonaro e o assessor internacional Filipe Martins.

O tamanho da comitiva do governo é inversamente proporcional ao quórum desta 49ª edição do evento, que sofreu defecções como Donald Trump, Emmanuel Macron, Mauricio Macri e Theresa May. Em 2018, foram mais de 70 chefes de Estado, tornando concorrida a plenária.

Neste ano, o palco mais prestigiado deve assistir a apenas cinco discursos de governantes, segundo constava na programação de sexta (18): Bolsonaro, Angela Merkel (Alemanha), Shinzo Abe (Japão), Giuseppe Conte (Itália) e Pedro Sánchez (Espanha).

Todos, além do vice do regime chinês, Wang Qixan, falam na quarta (23), exceto o brasileiro, que discursa às 15h (12h no Brasil) de terça, quatro horas após a cerimônia de abertura com o fundador e chairman do Fórum, Klaus Schwab.

O tema desta edição é "Globalização 4.0: Moldando uma Arquitetura Global na Era da Quarta Revolução Industrial".

O pronunciamento do presidente deve sinalizar a disposição do Brasil para fazer comércio e atrair investimentos do mundo, como fizeram, em suas estreias em Davos, Michel Temer (2018), Dilma Rousseff (2014), Luiz Inácio Lula da Silva (2003) e Fernando Henrique Cardoso (1998).

Mas Bolsonaro quer também certificar as credenciais democráticas do país, falar da integração à região e ao Mercosul e mostrar seu plano para modernizar a economia.

A reforma da Previdência é o principal item na pauta da comitiva econômica, e, a princípio, seria abordada a partir de cinco vértices: demografia, privilégios, diferenças entre trabalhadores do campo e da cidade, diferenças de categorias profissionais e vinculação de benefícios assistenciais.

Mas as notícias mais esperadas devem vir das privatizações, apurou a reportagem, com a apresentação das estatais a vender e da projeção do impacto na economia do país.

Venda de imóveis públicos, concessões, inserção do Brasil nas cadeias de produção globais e desburocratização do ambiente de negócios também estão na pauta.

No setor privado, o Brasil estará representado pelos presidentes do Itaú, Candido Bracher, e do Bradesco, Luiz Trabuco, que vão a Davos com alguns dos principais executivos e economistas dos dois bancos, e pelos CEOs da Embraer, Paulo César de Souza Silva, e da Vale, Fabio Schvartsman.

Bolsonaro chega nesta segunda (20) e parte na quinta, um dia antes de o evento terminar. Na longa estada, participará de um jantar com presidentes latino-americanos e convidados, de um almoço sob o tema "O Futuro do Brasil", na agenda paralela ao programa oficial, de um painel sobre a Venezuela (todos na quarta) e de reuniões bilaterais que seriam alinhavadas.

Se o trilho econômico do evento parece promissor para o presidente, o trilho social, que vem ganhando dimensão no Fórum nos últimos anos, pode apresentar obstáculos.

Sob Bolsonaro, o Brasil deixou o pacto da ONU sobre migrações (conjunto de diretrizes para coordenar experiências no tema) e ameaçou sair do Acordo de Paris sobre o Clima. Os dois assuntos são objeto de vários painéis em Davos, que além de políticos, empresários e executivos reúne acadêmicos, ativistas, empreendedores e artistas.

A exposição a questões que o governo considera secundárias em um ambiente onde o liberalismo que o Planalto prega é levado a sério pode convencer Bolsonaro e seu gabinete a repensarem a ojeriza àquilo que consideram parte da agenda da esquerda, mas que tem atraído a preocupação de empresas e governos de centro-direita responsáveis.

QUEM ESTARÁ NA COMITIVA

Paulo Guedes (Economia)
Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública)
Augusto Heleno (GSI)
Ernesto Araújo (Relações Exteriores)
Gustavo Bebianno (Secretaria Geral)
Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)
Filipe Martins (assessor especial internacional)
Marcos Troyjo (secretário de Comércio)
Mario Vilalva (Apex)

VEJA OS DISCURSOS
Dia 22
12h Jair Bolsonaro

Dia 23
8h Shinzo Abe (Japão)
11h15 Angela Merkel (Alemanha)
12h Wang Qixan (China, vice-presidente)
14h30 Giuseppe Conte (Itália)
15h Pedro Sánchez (Espanha)

STF

STF diz que documentos divulgados nos EUA sobre despachos sigilosos de Moraes são meros ofícios

Os documentos divulgados pelos deputados republicanos reúnem mais de 500 páginas de ordens de Moraes

18/04/2024 14h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo

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O Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou nesta quinta-feira, 18, que os documentos sigilosos vazados pela ala do Partido Republicano na Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos são apenas os ofícios enviados às plataformas para o cumprimento das ordens de remoção dos perfis, e não a íntegra das decisões devidamente fundamentadas que justificaram a medida.

"Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação", diz um comunicado divulgado à imprensa pela Secretaria de Comunicação do tribunal.

Os documentos divulgados pelos deputados republicanos reúnem mais de 500 páginas de ordens de Moraes. A maior parte dos despachos mantém a mesma estrutura discursiva. O texto padrão escrito pela equipe do ministro se repete em dezenas de atos, com prazo de duas horas para remoção dos perfis e multa diária de R$ 100 mil.

O ministro também exige das plataformas autuadas que prossigam com o envio dos dados de registro das contas para o STF, bem como a preservação do conteúdo postado pelos usuários - ou seja, que ele seja conservado para consulta posterior.

Para explicar o modelo de atuação de Moraes, o STF exemplificou que os despachos sigilosos divulgados seriam equivalentes a mandados de prisão - ou seja, o teor do documento apenas informa que uma ordem deve ser cumprida. A fundamentação jurídica apresentada pelo ministro para justificar as decisões são geralmente divulgadas em despachos separados, que não foram apresentado pelos deputados republicanos.

Antes de comunicar as contas que devem ser removidas pelas plataformas, Moraes informa nos despachos que "foi proferida decisão nos autos sigilosos em epígrafe". Contudo, é comum que alguns réus em processos relatados pelo ministro se queixem de não terem tido acesso à integra dos autos antes de sofrerem medidas cautelares. O ministro e o STF já negaram diversas vezes que esse cenário seja verdadeiro.

Um dos poucos casos em que Moraes apresentou no despacho os argumentos que o levaram a remover determinadas contas das redes sociais foi em relação ao perfil da "Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil" no X (antigo Twitter). O pedido para que a página fosse retirada do ar partiu da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sob o argumento de que os seus administrados empreenderam "verdadeiro tumulto contra a Democracia brasileira, por intermédio dos seus perfis nas redes sociais".

Moraes acatou os argumentos da OAB e argumentou que as publicações feitas pela Ordem dos Advogados Conservadores ocorreram no contexto de atos antidemocráticos que visavam dar um golpe de Estado após a derrotada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Ainda de acordo com o ministro, as manifestações do perfil nas redes sociais se "revestem de caráter instigador" da invasão às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.

CAMPO GRANDE

Pré-candidato não vê 'imoralidade' em contratar sócios de seus comissionados

O ex-deputado Rafael Tavares tinha contratado dois advogados que são sócios de Danilo Azambuja e Luiz Fernando Bino

18/04/2024 08h00

O ex-deputado estadual Rafael Tavares (PL) durante a entrevista Foto: Divulgação

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Durante a segunda de uma série de entrevistas que a Rádio CBN Campo Grande e o Jornal Correio do Estado realizarão com os seis pré-candidatos à prefeitura da Capital, o ex-deputado estadual Rafael Tavares (PL) declarou que não vê nenhuma “imoralidade” no fato de ter contrato, quando ainda exercia o mandato, dois advogados que são sócios do seu chefe de gabinete Danilo Assis Azambuja e do seu assessor parlamentar Luiz Fernando Espindola Bino.

O ex-parlamentar foi confrontado na sabatina sobre ter pago R$ 131 mil de verba de gabinete aos advogados Marcelo Bonotto Demirdjian e Alexandre Jacques Costa Glaychman, ambos também sócios da DBGA Advogados.

Durante o período em que atuou como deputado estadual até ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro deste ano, Rafael Tavares contratou por R$ 81 mil serviços de Marcelo Demirdjian e por R$ 50 mil servidos de Alexandre Glaychman.

“Eu gastei sim com advogado, mas nunca um advogado que estava nomeado no gabinete recebeu de forma externa. O advogado externo que era contratado para fazer parecer. Ele tem um CNPJ individual de advogado, prestou um parecer técnico para mim e eu paguei pelo serviço.

E existiu um outro advogado que estava lá dentro da Assembleia Legislativa e que me acompanhava diariamente. Foi isso que aconteceu”, declarou, referindo-se a Marcelo Demirdjian e Alexandre Glaychman.

Documentos obtidos pelo Correio do Estado apontam possíveis violações ao Artigo 117 da Lei Federal nº 8.112/1990, que trata do Regime Jurídico dos Servidores Públicos, pois, durante o período em que ocupavam cargos no gabinete do ex-deputado Rafael Tavares, eles foram identificados como sócios-administradores de empresas privadas e também da DBGA Advogados.

Danilo Azambuja e Luiz Fernando Bino também tinham outras empresas, o primeiro constituiu uma empresa no dia 3 de fevereiro de 2023, dois dias depois do início das atividades parlamentares da atual legislatura, enquanto o segundo era sócio administrador de uma empresa de serviços advocatícios.

Segundo a Lei Estadual nº 4.091, do Estado de Mato Grosso do Sul, os servidores do Poder Legislativo estão sujeitos a proibições específicas, incluindo a participação em administração de empresas comerciais e o exercício de comércio. 

Também está no Regimento Interno da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, artigo 175, X e XI, página 17, estabelecendo que atividades comerciais dos funcionários do gabinete podem violar diretamente essas disposições legais, uma vez que ocupavam cargos comissionados enquanto eram sócios-administradores de empresas privadas.

AMIGOS PESSOAIS

Ainda na entrevista, Rafael Tavares disse que os quatro advogados são seus amigos pessoais.

“Quando eu entrei na Assembleia Legislativa, era para eu contratar um advogado do deputado estadual Pedro Kemp (PT)? Não, eu contratei advogados de direita, advogados que eu conheço, que eu confio.

São pessoas do meu relacionamento. Agora, estão me acusando de usar verba indenizatória com advogado, mas esse recurso serve para isso mesmo”, argumentou.

Ele ainda justificou a contratação de Marcelo Demirdjian e Alexandre Glaychman como responsáveis por ajudá-lo a apresentar mais de 40 projetos de leis na Assembleia Legislativa.

“Outra coisa, eu sou o líder no número de indicações na Casa, mais de 1.100 indicações, 25% das indicações foram feitas pelo meu gabinete e por esses advogados que trabalharam comigo. Ou seja, tem serviço para justificar o pagamento da verba indenizatória e, para concluir, eu sou o 15º deputado que mais gastou, tem outros 14 que gastaram mais que eu”, ressaltou.

Questionado se seria normal a contratação de dois advogados sócios de seu chefe de gabinete e do seu assessor parlamentar, Rafael Tavares disse que “sim, acho normal, pois são advogados do meu entorno, advogados de confiança”.

“Eu não contratei o escritório DBGA Advogados, pois o escritório é contratado quando você vai resolver vários problemas e cada advogado tem sua especialidade.

Eu contratei um advogado, um CNPJ individual dele, para prestar um serviço técnico, que foi prestado, inclusive os resultados estão aí sendo apresentados”, finalizou.

O ex-deputado estadual foi novamente interpelado se não seria uma imoralidade ter feito as duas contratações e respondeu com uma outra pergunta.

“Qual que é a imoralidade? Veja bem, vou repetir para todos entenderem, o Danilo, nomeado no gabinete, não recebeu verba indenizatória nenhuma.

O escritório não recebeu verba indenizatória nenhuma, os pagamentos foram feitos para o CNPJ do Alexandre e para o CNPJ do Marcelo. Eu, repito aqui, não fiz nenhum pagamento de verba indenizatória para o escritório”, finalizou.

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