Política

MINISTRO

Marun defende indulto natalino
e critica prisão de Puccinelli

Ministro de Temer pretende resistir à política depois de deixar o cargo no Planalto e escrever livro

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O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse na sexta-feira (30) não pretender mais voltar a atuar no MDB. Ele considerou o ex-governador André Puccinelli (MDB) vítima de prisão ilegal, sem provas, e defendeu o indulto natalino para os condenados por crimes não violentos.

Marun afirmou que não pensa em voltar para a política. “Quero resistir à política, tomara que eu consiga”, declarou.

O ministro tem repetido isso desde antes das eleições. Ele não se candidatou a nenhum cargo, muito menos tentou disputar novamente como deputado federal.

Na sexta-feira, Marun afirmou que deseja voltar a advogar a partir de março. “No MDB, não pretendo assumir funções executivas mais fortes, nem em Mato Grosso do Sul  nem no Brasil”.

O ministro disse que vai tirar férias e falou sobre planos futuros. Ele é formado em Engenharia Civil e Direito. “Tenho mais de 300 artigos publicados na Folha de São Paulo, no Estadão e em outros jornais. Vou tirar 60 dias de férias e vou fazer uma coletânea para lançar um livro. Reunir uns 100 artigos nesse livro. Se eu contar o que vivi, teria que me dedicar mais do que eu posso nesse momento”.

INDULTO

Marun discursou sobre a polêmica do indulto natalino, que está sendo votado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A maioria dos ministros votou pela manutenção do decreto de indulto editado pelo presidente Michel Temer no ano passado, mas um pedido de vista (mais tempo para análise do processo) adiou a decisão. Seis ministros votaram a favor do decreto e dois contra.

Marun se posicionou a favor do indulto natalino. “As cadeias estão superlotadas. Tem outras maneiras mais baratas de punição e que não dão direito de o preso ter o auxílio, como a tornozeleira eletrônica, a prisão domiciliar. Sou a favor do indulto para presos que não são violentos”, disse.

Marun comentou sobre a votação dos ministros. “Cada um pode agir dentro da sua prerrogativa e é prerrogativa do presidente da República determinar o indulto. Não cabe ao STF interferir, os ministros podem não gostar, mas eles não podem reescrever. O STF, em um exercício de humildade e legalidade, manteve a prerrogativa do presidente”.

Ele comentou sobre a posição do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que disse que este ano seria o último indulto natalino. “Bolsonaro é contra, mas o STF também não vai poder obrigá-lo a fazer. Esse indulto existe desde Dom Pedro, é uma situação que permite indulto de condenados que tenham cumprido parte da pena, que não sejam violentos e tenham bom comportamento”, comentou.

Ele falou também sobre o universo dentro dos presídios brasileiros. “Entendo que as prisões são o universo do crime e batedor de carteira saem assassinos. Os presídios estão disputando os recursos com a saúde e a educação. Quando foi feito indulto no ano passado, somente dois presos poderiam ser beneficiados, e esses dois continuam na lista. Não vi o José Carlos Bumlai [condenado pela Operação Lava Jato] na lista, o presidente pode editar essa lista”.

Sobre a Operação Lava Jato, Marun disse ver com arrogância o movimento. “Vejo uma arrogância nesse movimento Lava Jato, acham que são o centro do mundo. Deixar mais de um ano, gente fazendo pós em presídio”.

Ele falou ainda sobre a prisão de André Puccinelli (MDB), que está há 133 dias no centro de Triagem de Campo Grande, preso com o filho, o advogado André Puccinelli Júnior, em razão dos desdobramentos da Operação Lama Asfáltica. “Puccinelli é vítima de prisão preventiva ilegal, sem provas. Ele tem motivos para sair, já deveria ter saído, estamos em tempos estranhos”.

CRIME ORGANIZADO

Fronteira com MS, Paraguai fecha acordo com EUA para combater facções criminosas

A região é rota de tráfico de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai. O plano estratégico prevê o estabelecimento ou ampliação de tropas norte-americanas de importância estratégica

16/12/2025 16h15

Marco Rubio,  secretário de Estado

Marco Rubio, secretário de Estado Reprodução: rede social

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Paraguai e Estados Unidos selaram nesta segunda-feira (15), um acordo de cooperação militar que prevê a atuação de militares americanos no país sul-americano. Atualmente, na região, a Casa Branca tem acordos similares com Panamá, Equador, Bahamas e Trinidad e Tobago.

O Acordo Estatutário de Forças (Sofa, na sigla em inglês) regulamenta a atuação de militares e civis do Departamento de Defesa americano em países estrangeiros. O pacto foi assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler paraguaio, Ruben Ramirez Lezcano.

O objetivo, segundo o governo americano, é facilitar a resposta conjunta a interesses de segurança regional em comum para os dois países, em uma referência velada a cartéis de droga que atuam na região.

“Ao estabelecer uma estrutura para as atividades do pessoal militar e civil dos EUA no Paraguai, este acordo abre novas portas para nossos esforços coletivos para promover a segurança e a estabilidade em nosso hemisfério”, disse Rubio em sua conta no X.

“Se observarmos o problema fundamental no hemisfério, o mais grave que enfrentamos é o dessas organizações terroristas transnacionais, que em muitos casos não são terroristas por ideologia, mas têm uma base financeira e econômica”, acrescentou.

Nova Doutrina Monroe

O acordo, apesar de não autorizar operações armadas ou criação de bases, abre caminho para a cooperação e treinamento militar entre os dois países, e vem a público dias depois de os EUA divulgarem sua nova Estratégia de Segurança Nacional, que prevê uma ampliação da presença militar na América Latina.

Na ocasião, o documento evocou a Doutrina Monroe, que ficou conhecida no século 19 sob o lema “América para os americanos”, e defendeu uma hegemonia dos EUA sobre a região frente às potências europeias.

O plano estratégico divulgado na semana passada prevê o estabelecimento ou ampliação de acesso de locais de importância estratégicas para o governo americano.

No centro do continente e cercado por importantes fontes de água doce e rotas de narcotráfico, o Paraguai se encaixa nesse perfil.

Hoje, os EUA têm ainda bases militares no Equador, na Colômbia e no Peru, operadas pelo Comando Sul.

Há anos, a presença de grupos armados ligados ao Hezbollah na tríplice fronteira entre o Paraguai, Brasil e Argentina preocupa o governo americano.

A região também é ponto de rota para o escoamento de drogas para o Brasil, Argentina e Uruguai.

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LEVANTAMENTO

Contas públicas em MS: cidades do interior exibem superávit milionário

Análise de dados dos balanços de 2024 e orçamentos de 2025 revela os municípios agrícolas estão com a gestão em dia

16/12/2025 15h34

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal

O prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos (PP), atribui o resultado à disciplina fiscal Divulgação

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O cenário das finanças públicas dos municípios do interior de Mato Grosso do Sul nos anos de 2024 e 2025 desenha um mapa positivo. Liderados pelo exemplo de eficiência de Costa Rica, essas cidades exibem caixas robustas e capacidade de investimento.
 
A reportagem analisou dados abertos, relatórios de gestão fiscal e leis orçamentárias dessas cidades e a conclusão é que o tamanho da arrecadação deixou de ser garantia de solvência: o segredo do sucesso está no controle rígido das despesas obrigatórias.
 
Na região norte do Estado, Costa Rica consolidou-se em 2025 como o principal case de sucesso administrativo de Mato Grosso do Sul. Com uma população de pouco menos de 30 mil habitantes, o município apresenta indicadores de solvência superiores aos da Capital.
 
Dados do movimento financeiro da tesouraria municipal, publicados em 9 de dezembro de 2025, confirmam que a cidade atingiu uma disponibilidade financeira total de R$ 44.061.054,25. O montante, que inclui todas as fontes e fundos municipais, blinda a cidade contra oscilações econômicas e garante a execução de obras sem depender exclusivamente de repasses estaduais ou federais.
 
O prefeito Cleverson Alves dos Santos (PP) atribui o resultado à disciplina fiscal. "Todas as nossas despesas obrigatórias serão quitadas", assegurou o gestor, confirmando não apenas o pagamento em dia, mas a concessão de um abono de natal e final de ano: R$ 1 mil para servidores gerais e valores entre R$ 1 mil e R$ 2 mil para servidores da Educação.
 
O diferencial competitivo de Costa Rica está na estrutura de seus gastos. O município iniciou o ano comprometendo apenas 31,87% com a folha. Essa "gordura" fiscal permitiu que o município aprovasse um orçamento recorde de R$ 262 milhões em 2025, garantindo investimentos de 27% da receita em Saúde, quase o dobro do mínimo constitucional exigido.
 
Além de garantir o pagamento dos servidores ativos até o dia 22 de dezembro, a prefeitura programou as férias de 90% do funcionalismo para janeiro, otimizando a máquina pública durante o recesso escolar e administrativo.
 
Embora Costa Rica lidere os indicadores proporcionais, outros municípios também conseguiram descolar-se da crise. Três Lagoas, impulsionada pela indústria da celulose, teve um orçamento bilionário de R$ 1,4 bilhão para 2025 e mantém índices elevados de investimento em infraestrutura.
 
O município aplicou no segundo quadrimestre de 2025 o dobro do mínimo exigido pela Constituição em Saúde, enquanto a lei obriga 15%, o município investiu 30,79% de suas receitas de impostos na área, somando mais de R$ 296 milhões empenhados. Na educação, o investimento também superou o piso, atingindo 26,93%.
 
Fenômeno similar ocorre em Maracaju. Impulsionada pela soja, a prefeitura destinou 25,67% de recursos próprios para a Saúde até agosto de 2025, um aporte de R$ 32,3 milhões que garante serviços exclusivos no interior sem depender integralmente de repasses estaduais. 
 
A solidez fiscal permitiu à Câmara de Maracaju aprovar uma suplementação de 35% no orçamento de 2025, dando "carta branca" para o Executivo remanejar recursos e acelerar obras.
 
Na fronteira, a realidade impõe cautela. Ponta Porã enfrenta uma frustração de receitas severa: a arrecadação até agosto de 2025 foi de R$ 417 milhões, menos da metade da previsão anual de R$ 900 milhões. 
 
A quebra de arrecadação do ITBI e a estagnação econômica forçaram o município a projetar um orçamento mais enxuto para 2026, cortando R$ 100 milhões da previsão inicial. Ainda assim, a gestão optou por blindar os repasses constitucionais da Educação (projetado em 27%) e da Saúde.
 
Em Corumbá, a aplicação em saúde do orçamento atingiu 18,13%, pouco acima do piso de 15%. A rede de saúde de Corumbá enfrenta custos logísticos adicionais devido ao isolamento geográfico e à necessidade de transporte de pacientes (UTI aérea/fluvial). 
 
Na educação, a aplicação registrada até agosto foi de 24,89%. Embora tecnicamente abaixo dos 25% naquele momento do ano, é padrão na administração pública que os empenhos se acelerem no último quadrimestre para atingir a meta legal. O orçamento projetado no PPA 2026-2029 prevê R$ 1,5 bilhão somados para Saúde e Educação.
 

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