O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, afirma que não recebeu orientação do ex-procurador Marcelo Miller para gravar conversa com o presidente Michel Temer ou com qualquer outra autoridade investigada numa das frentes da Operação Lava Jato, segundo disse ao Globo um interlocutor do Executivo.
O empresário e mais dois delatores da JBS, Ricardo Saud e Francisco de Assis, prestaram depoimento à subprocuradora-geral da República, Cláudia Marques, na manhã de ontem. A subprocuradora está à frente do processo de revisão da delação dos três delatores.
A informação do empresário é considerada relevante porque, se confirmada, afastaria a hipótese de que a gravação de uma conversa entre ele e o presidente Michel Temer, na noite de 7 de março, no Palácio do Jaburu, foi um flagrante previamente preparado com ajuda de um agente público.
A tese tem sido agarrada por aliados de Temer para desqualificar a denúncia da Procuradoria-Geral e pôr fim de uma vez por todas a investigações sobre o presidente, o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures e outros políticos influentes. A gravação é um dos pilares da delação do empresário contra Temer.
Batista deverá dizer ainda, no depoimento, que não recebeu informação privilegiada ou qualquer benefício de Miller ao longo das negociações que resultaram nos acordos de delação premiada dele e de mais seis executivos do grupo J&F, controlador da JBS. O empresário deverá dizer que, nos contatos mantidos com o ex-procurador, Miller teria explicado “como funciona a delação e como deveriam ser preparados os anexos”, com vistas ao acordo de colaboração.
O empresário deverá apresentar o histórico da relação de Miller com a JBS.
*Reportagem completa está na edição de hoje do Jornal Correio do Estado.