Investigadores da Lava Jato apontam que o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genu, que acabou absolvido no julgamento do mensalão, teve papel de destaque no escândalo de corrupção da Petrobras e tentou ocupar o espaço deixado no esquema pelo ex-deputado José Janene, morto em 2010.
Janene é considerado um dos principais responsáveis pela implementação do sistema criminoso na estatal. Dois condenados e presos no julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) já foram presos na operação Lava Jato, também acusados de participação no esquema de corrupção na Petrobras.
Para integrantes do MP, a engenharia criminosa na estatal utilizou o mesmo procedimento do mensalão: a compra de congressistas para formação de apoio ao governo.
Investigadores avaliam que Genu tinha papel de proeminência no esquema.
Segundo trechos da delação premiada de Rafael Angulo (braço direito de Alberto Youssef), a que a reportagem teve acesso, sem Janene, Genu continuou a visitar o escritório do doleiro até 2013.
De acordo com delatores, Genu tinha uma atuação relevante no esquema, arrecadando e distribuindo propina, e participava de reuniões sobre a engenharia criminosa antes e depois da morte do deputado. Os encontros com Youssef, depois que Janene morreu, no entanto, foram marcados por muitas discussões "por conta de dinheiro", dizem delatores, e quase chegaram às vias de fato.
Diante das confusões, as reuniões acabaram se tornando mais espaçadas.
Youssef afirmou que Genu ficava com 5% da propina já na época em que Janene atuava. O deputado morto levaria 60% do dinheiro desviado. Sua comissão, teria chegada a 15%, após o falecimento do deputado. O total da propina era o valor líquido, "deduzidos os 20% de custos de operacionalização, como emissão de notas e impostos".