O nível de escolaridade dos eleitores brasileiros não deve influenciar no momento da escolha dos candidatos. A questão é que o eleitorado em geral tem acesso ao marketing político divulgado na televisão e internet, englobando desde as pessoas com Ensino Superior completo até os analfabetos. Em Mato Grosso do Sul, quase 83% do eleitorado não chegou a se inscrever em uma universidade. Os dados são do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MS) deste ano.
Ao todo, são 1.877.982 eleitores com idade a partir dos 16 anos. Deste total, 76.529 são analfabetos e 161.734 apenas leem e escrevem. O número predominante no Estado é o dos eleitores com Ensino Fundamental incompleto: são 552.881 mil pessoas, totalizando 29,4% do total de votantes.
São 119.831 cidadãos com Ensino Fundamental completo no Estado, contabilizando 6,38% do eleitorado. O número de eleitores com Ensino Médio incompleto é de 302.496, englobando 16,1%, e, do eleitorado estadual com nível médio completo, são 18,3%, sendo 344.833 mil eleitores.
Somando todos esses números disponibilizados pelo TRE, conclui-se que 82,83% dos eleitores do Estado não chegaram a cursar uma faculdade.
A reportagem do Correio do Estado conversou com o sociólogo Paulo Cabral para saber como este número impacta nas eleições. Ele disse ter uma lenda de que o nível de escolaridade tende a proporcionar maior discernimento político.
“Mas, atualmente, tanto o sujeito com nível fundamental incompleto quanto tantos outros com superior completo estão igualmente impostos ao marketing político, divulgado por meio da televisão e internet”, afirmou.
Segundo o sociólogo, quando tem campanha, os eleitores são conduzidos pelo marketing, em que se escondem os defeitos dos políticos e se enaltecem as qualidades. “Eles são apresentados como se fosse propaganda de sabão em pó e margarina. É um produto que precisa ser vendido, e essa técnica serve a tudo, aos propósitos dos candidatos, menos à politização da população”, completou.
Conforme Cabral, a escolha dos políticos brasileiros não tem nada a ver com o nível de escolaridade dos candidatos. “Todos estão à mercê do marketing. No passado, essa questão até podia ser decisiva, mas hoje em dia não é mais”, comentou.
O sociólogo concluiu que, quando se fala em compra de votos, a sociedade volta a atenção para as pessoas sem nível superior. “Isso é um estigma social. Existe forma de negociar voto, a questão não é o grau de escolaridade, mas sim a questão de nível social. Troca-se voto por dentadura, tijolo, vaga de emprego, mas é necessário pensar se o erro está no eleitor ou em quem oferece dinheiro em troca de voto”, avaliou.
O TRE também apresenta a quantidade de eleitores com superior incompleto e superior completo. São 112.877 pessoas que não concluíram o Ensino Superior e 206.799 eleitores com nível de graduação. Ao todo, esse número representa uma porcentagem de 17,02%.
QUATRO ANOS ATRÁS
Nas eleições de 2014, a quantidade de eleitores com nível fundamental incompleto era de 34,3%, de acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em quatro anos, esse número caiu 4,9%, mas é preciso levar em conta que os eleitores não haviam sido cadastrados na biometria.