Política

Pedido indeferido

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Defesa de Lula não consegue autorização
para acesso aos arquivos das propinas

Moro alegou que sistemas contêm informações para outras ações

Correio do Povo

14/09/2017 - 22h00
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O juiz federal Sérgio Moro negou à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acesso aos arquivos da memória digital do sistema de comunicação secreto, que tinha servidores na Suíça e na Suécia, e de contabilidade paralelo, Drousys e MyWebDay respectivamente, usados pela máquina de fazer propinas da Odebrecht, o Setor de Operações Estruturadas.

"Inviável fornecer cópia dos sistemas Drousys ou MyWebDay à defesa de Luiz Inácio Lula da Silva ou a qualquer outra", decidiu Moro, em despacho desta quarta, no processo em que o ex-presidente foi interrogado ontem, em Curitiba.

Moro afirma que "além da dificuldade técnica, pois são vários HDs, os sistemas contêm informações que são relevantes para várias outras ações penais e investigações em andamento e ainda a serem instauradas, inclusive parte delas sujeita à outras jurisdições".

"O fornecimento de cópia poderia, portanto, prejudicar investigações em andamento ou investigações ainda a serem instauradas."

Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo acerto de R$ 12 milhões em propinas, pagas pela Odebrecht de forma dissimulada na compra de um terreno para o Instituto Lula, em 2010, e de um apartamento vizinho ao que ele reside, em São Bernardo do Campo, em benefício do petista.

No depoimento, Lula negou as acusações, disse que é vítima de um "caça às bruxas" do Ministério Público Federal e atacou o ex-ministro Antonio Palocci - preso desde outubro de 2016 -, que confessou na última quinta-feira, 6, o esquema de corrupção na Petrobras e incriminou o ex-presidente no processo.

Análise do Drousys mostra R$ 3,1 mlhões do setor de propinas vinculado a "Prédio IL", anotação de planilha da Odebrecht que registra compra do imóvel para o Instituto, o que liga as contas secretas em nome de offshores da empreiteira com o ex-presidente.

DEFERIDO

Moro deferiu no despacho acesso parcial ao material. O juiz determinou que a Polícia Federal faça, em 30 dias, perícia nos arquivos para extrair "documentos ou lançamentos que possam estar relacionados com o objeto da ação penal".

A defesa de Lula poderá indicar um assistente técnico que terá acesso ao material junto com os peritos da PF. "Vedada a extração de cópia do sistema" que não digam respeito ao tema. O juiz afirma da decisão que essa é a "melhor forma de garantir à defesa acesso à prova".

O juiz estipulou três "objetivos" para os peritos: "seja feita descrição geral do que se tratam os dois sistemas e de seu funcionamento", que se verifique sua "autenticidade" e que tenham os "documentos e lançamentos" relacionados ao imóvel da Rua Haberbeck Brandão, 178, em São Paulo.

São 1,7 milhão de arquivos, totalizando 2,67 terabytes, armazenados em 4 discos rígidos (HDs) de memória digital, que foram entregues pela Odebrecht ao Ministério Público Federal, em março, como parte do acordo de leniência fechado pela empresa, em dezembro de 2016.

"O conteúdo dos discos rígidos refere-se a cópia forense do servidor que hospedava o denominado 'Sistema Drousys', localizado na cidade de Estocolmo, na Suécia, em que constam e-mails, planilhas, comprovantes de pagamentos e diversos outros arquivos e documentos no referido sistema, utilizado pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht", informa o Relatório de Análise 07/2017, dos técnicos da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba.

"Após intenso trabalho de tratamento das informações foi possível indexar 1,49 terabytes de dados (1.754.269 arquivos) referente a arquivos de diversos tipos, especialmente correios eletrônicos e planilhas." Os dados passam por análise na Assessoria de Pesquisa e Análise da Procuradoria da República no Paraná, desde 16 de junho, e foram entregues pela Odebrecht, em março, extraídos de servidor que era mantido na Suécia, para onde ele tinha migrado da Suíça.

A Lava Jato também recebeu em 8 de agosto da Odebrecht cópia outros "cinco discos rígidos" que guardam "cópia forense extraída pelas autoridades suíças em servidor hospedado naquele país com dados relacionados ao sistema My Web Day utilizado pelo Setor de Operações Estruturadas".

Foi nessa entrega de provas feita pela Odebrecht, parte do acordo de leniência, que estão "discos rígidos também contêm cópia forense extraída pelas autoridades suíças em servidor hospedado naquele país com dados relacionados ao sistema Drousys".

O Drousys e o MyWebDay são sistemas de informática distintos, mas relacionados. A denúncia contra Lula explica que o primeiro "funcionava para alimentar e controlar os dados financeiros relativos à contabilidade paralela" e o segundo para a comunicação entre o setor de propinas, executivos e doleiros e controladores de contas.

"O sistema Drousys consistia em máquinas virtuais, inicialmente abrigado em data center localizado na Suíça e depois migrado para a Suécia, que proporcionava e-mail e bate-papo, o que, como referido, era usado para a finalidade de comunicação pela equipe do Setor de Operações Estruturadas."

A acusação contra Lula nesse processo não usa dados do MyWebDay e sim do Drousys. O sistema de contabilidade paralelo ficava armazenado em servidor inicialmente localizado em Angola e que depois migrou para a Suíça.

Na denúncia, a Lava Jato não tinha material recebido em agosto e usou o que a Odebrecht obteve entregou em março da extração dos dados do Drousys armazenados no servidor localizado na Suécia, para onde os dados foram migrados. 

Política

Moraes diz que Justiça está acostumada a combater 'mercantilistas estrangeiros' e 'políticos extremi

Fala ocorre em meio à união entre Bolsonaro e o bilionário Elon Musk nas críticas ao ministro

19/04/2024 19h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo/

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O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta sexta-feira (19) que a Justiça Eleitoral está "acostumada a combater mercantilistas estrangeiros" e "políticos extremistas".

A fala é uma indireta a união entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), nas críticas às decisões de Moraes sobre a retirada de conteúdos das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2022.

"A Justiça Eleitoral brasileira está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. A Justiça Eleitoral brasileira e o Poder Judiciário brasileiro estão acostumados a combater políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais do que defender o desenvolvimento no Brasil" afirmou o ministro na cerimônia de assinatura dos planos de trabalho para a construção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral, no centro do Rio de Janeiro.

Na presença do governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral "continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro e a exploração sem qualquer responsabilidade".

"Essa antiquíssima mentalidade mercantilista que une o abuso do poder econômico com o autoritarismo extremista de novos políticos volta a atacar a soberania do Brasil. Volta a atacar a Justiça Eleitoral com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas", disse o magistrado.

Governo

Lula quer procurar Lira, Pacheco e outros ministros do STF para diminuir tensão entre Poderes

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los

19/04/2024 17h00

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo. Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) pretende buscar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que comandam a Câmara e o Senado, respectivamente, além de outros ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em um esforço para diminuir as tensões entre os Poderes.

Nesta sexta-feira (19), Lula já trata da sua articulação política em um almoço no Palácio do Planalto. Participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), além de líderes do governo no Congresso Nacional.

Também estão presentes os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A reunião acontece logo após a participação da cerimônia do Dia do Exército, no quartel-general da força. O almoço teve início por volta das 12h30.

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo, formada pelos ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Na ocasião, Lula disse que pretendia buscar outros magistrados para conversas. O próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por exemplo, ficou de fora do encontro do início da semana. Na mesma linha, o presidente quer conversar com Lira e Pacheco.

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los.

Embora não conste em sua agenda, há a possibilidade de Lula se reunir com Padilha e líderes aliados nesta sexta. Um dos objetivos do encontro seria para articular algumas dessas movimentações.

De um lado, o Senado e a Câmara têm demonstrado irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequência, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF. O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe decisões monocráticas.

Na Câmara, deputados querem abrir um grupo de trabalho para tratar das prerrogativas parlamentares, para avaliar eventuais exageros do Supremo. Também sugerem que podem abrir uma CPI para mirar o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atualmente, há oito delas que aguardam a formalização, entre elas uma que pretende investigar "a violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem observância do processo legal, inclusive a adoção de censura e atos de abuso de autoridade por membros do STF e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Lira indicou esta semana aos líderes que deverá instalar CPIs, mas reservadamente deputados acham difícil a ofensiva prosperar.

Em outra frente, parlamentares, incluindo Lira, estão incomodados com a articulação política do governo. O presidente da Câmara chegou a dizer que o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é seu "desafeto pessoal" e o chamou de incompetente.

Lula reagiu dizendo que só por "teimosia" não tiraria Padilha do cargo. O presidente, porém, tem pregado um apaziguamento das tensões. O receio do presidente é que o clima acabe por afetar o andamento de projetos prioritários para o governo no Congresso, além de a tensão avançar para uma crise entre Parlamento e Supremo.
 

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