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Declarações de Segovia ferem
autonomia de delegado, alega associação

Declarações de Segovia ferem
autonomia de delegado, alega associação

FOLHAPRESS

10/02/2018 - 11h35
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O presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), Edvandir Felix de Paiva, disse que as declarações do diretor-geral da PF, Fernando Segovia, ferem a prerrogativa dos delegados de terem autonomia na presidência de um inquérito policial.

Nesta sexta-feira (9), em entrevista à agência de notícias Reuters, Segovia disse que não há provas de crime contra o presidente da República, Michel Temer, no inquérito que trata de um decreto para a área portuária.

Disse ainda que, se a Presidência da República acionar formalmente a PF a propósito do tom de perguntas feitas por escrito a Temer pelo presidente do inquérito, Cleyber Lopes, poderá ser aberto um procedimento administrativo disciplinar contra o delegado.

Paiva afirmou que a repercussão da entrevista foi horrorosa, causou um mal-estar enorme entre os delegados da PF e também chamou algumas frases de Segovia de inacreditáveis.

"Se ficarem confirmados os termos dessa entrevista, aliás queremos que a direção da Polícia Federal explique, o diretor-geral está ferindo prerrogativas do nosso cargo de delegado. Coloca a Polícia Federal numa situação muito ruim", disse Paiva.

Paiva afirmou que o delegado tem a prerrogativa de fazer as perguntas que entender necessárias para a sua investigação.

"Ele não fez perguntas ao presidente da República, fez perguntas a um investigado. O diretor deveria ter dito que, se alguém fizer uma representação contra o Cleyber por essas perguntas, será imediatamente arquivada", disse Paiva.

Segundo ele, Cleyber Lopes é um dos delegados mais respeitados na instituição, uma pessoa muito séria. O delegado, no inquérito, é livre para fazer a pergunta que entender necessária para esclarecer os fatos, disse Paiva.

Sobre a suposta fraqueza das provas coletadas até agora no inquérito, o presidente da ADPF disse que Segovia cometeu outra impropriedade. O delegado Cleyber ainda está fazendo a investigação.

"A palavra do diretor-geral de que não há provas coloca o delegado sob uma pressão muito grande. Se, ao final do inquérito, ele disser que não há provas, as pessoas vão dizer que ele cedeu às pressões do diretor-geral. Se, ao contrário, decidir pedir o indiciamento do presidente da República, quem fica mal é o diretor-geral. De toda maneira, coloca a investigação numa situação que não deveria estar", disse.

"Um diretor-geral de Polícia Federal não deve se manifestar sobre inquéritos em andamento, muito menos um que envolve o presidente da República. Sabemos a sensibilidade desse assunto", afirmou Paiva.

"Tecnicamente, o delegado Cleyber tem total respaldo na lei para fazer as investigações que entender necessárias. Não tem que concordar nem seguir nenhum tipo de manifestação extra-inquérito. O que ele decidir no inquérito será avaliado pelo Ministério Público Federal e pelo Judiciário. É assim que funciona."

Paiva disse ainda que, uma vez confirmadas as declarações do diretor-geral, a entidade vai avaliar que medidas poderão ser tomadas para defender o delegado Cleyber Lopes de pressões indevidas.

Procurada neste sábado (10), a direção-geral da PF não havia se manifestado até o fechamento deste texto. Na noite desta sexta-feira (9), a direção não negou o conteúdo da entrevista publicada pela Reuters, apenas ponderou que Segovia não disse diretamente que o caso deverá ser arquivado.

Política

Moraes diz que Justiça está acostumada a combater 'mercantilistas estrangeiros' e 'políticos extremi

Fala ocorre em meio à união entre Bolsonaro e o bilionário Elon Musk nas críticas ao ministro

19/04/2024 19h00

Ministro Alexandre de Moraes Arquivo/

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O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou nesta sexta-feira (19) que a Justiça Eleitoral está "acostumada a combater mercantilistas estrangeiros" e "políticos extremistas".

A fala é uma indireta a união entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), nas críticas às decisões de Moraes sobre a retirada de conteúdos das redes sociais durante a campanha eleitoral de 2022.

"A Justiça Eleitoral brasileira está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. A Justiça Eleitoral brasileira e o Poder Judiciário brasileiro estão acostumados a combater políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais do que defender o desenvolvimento no Brasil" afirmou o ministro na cerimônia de assinatura dos planos de trabalho para a construção do Museu da Democracia da Justiça Eleitoral, no centro do Rio de Janeiro.

Na presença do governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro, Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral "continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro e a exploração sem qualquer responsabilidade".

"Essa antiquíssima mentalidade mercantilista que une o abuso do poder econômico com o autoritarismo extremista de novos políticos volta a atacar a soberania do Brasil. Volta a atacar a Justiça Eleitoral com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas", disse o magistrado.

Governo

Lula quer procurar Lira, Pacheco e outros ministros do STF para diminuir tensão entre Poderes

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los

19/04/2024 17h00

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo. Agência Brasil

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O presidente Lula (PT) pretende buscar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que comandam a Câmara e o Senado, respectivamente, além de outros ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em um esforço para diminuir as tensões entre os Poderes.

Nesta sexta-feira (19), Lula já trata da sua articulação política em um almoço no Palácio do Planalto. Participam os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom), além de líderes do governo no Congresso Nacional.

Também estão presentes os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). A reunião acontece logo após a participação da cerimônia do Dia do Exército, no quartel-general da força. O almoço teve início por volta das 12h30.

O petista se reuniu na última segunda-feira (15) com uma ala do Supremo, formada pelos ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).

Na ocasião, Lula disse que pretendia buscar outros magistrados para conversas. O próprio presidente do STF, Luís Roberto Barroso, por exemplo, ficou de fora do encontro do início da semana. Na mesma linha, o presidente quer conversar com Lira e Pacheco.

Lula e os ministros do Supremo fizeram na segunda uma análise da conjuntura política atual e diagnosticaram que há muitos focos de tensão entre os Poderes é preciso diminui-los.

Embora não conste em sua agenda, há a possibilidade de Lula se reunir com Padilha e líderes aliados nesta sexta. Um dos objetivos do encontro seria para articular algumas dessas movimentações.

De um lado, o Senado e a Câmara têm demonstrado irritação com decisões da corte, sobretudo do ministro Alexandre de Moraes. Como consequência, ameaçam dar seguimento a projetos que miram o STF. O Senado já aprovou no ano passado uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que restringe decisões monocráticas.

Na Câmara, deputados querem abrir um grupo de trabalho para tratar das prerrogativas parlamentares, para avaliar eventuais exageros do Supremo. Também sugerem que podem abrir uma CPI para mirar o STF e TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Atualmente, há oito delas que aguardam a formalização, entre elas uma que pretende investigar "a violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem observância do processo legal, inclusive a adoção de censura e atos de abuso de autoridade por membros do STF e do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]".

Lira indicou esta semana aos líderes que deverá instalar CPIs, mas reservadamente deputados acham difícil a ofensiva prosperar.

Em outra frente, parlamentares, incluindo Lira, estão incomodados com a articulação política do governo. O presidente da Câmara chegou a dizer que o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) é seu "desafeto pessoal" e o chamou de incompetente.

Lula reagiu dizendo que só por "teimosia" não tiraria Padilha do cargo. O presidente, porém, tem pregado um apaziguamento das tensões. O receio do presidente é que o clima acabe por afetar o andamento de projetos prioritários para o governo no Congresso, além de a tensão avançar para uma crise entre Parlamento e Supremo.
 

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