A reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, a primeira após o recesso parlamentar, foi marcada por bate-boca entre o presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Delgado criticou a convocação dos empresários da Samsung e Mitsui, justificando que a medida retira o foco das investigações da Operação Lava Jato. "Critiquei aqui essas convocações, assim como a convocação da advogada [Beatriz] Cata Pretta, isso é desviar o real objetivo das investigações", disse.
Motta respondeu que todas as convocações foram feitas em conjunto e que ele não tinha poder de interferir nas decisões do colegiado. "Essa presidência age com total transparência e não vai permitir ilações a esse respeito", rebateu.
Delgado também criticou o sigilo em torno dos resultados das investigações da empresa Kroll, contratada pela CPI para identificar e apurar movimentações financeiras, no exterior, de pessoas investigadas pela Lava Jato. "Fica parecendo que a comissão está usando isso como cortina de fumaça para outros fins”, disse.
No início de julho, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), classificou os arquivos da Kroll como reservados, colocando-os sob sigilo pelo prazo de cinco anos, até 2020, conforme prevê a Lei de Acesso à Informação. "Ele passou por cima da CPI, essas informações são da CPI, não da Presidência da Câmara", criticou Delgado. “Não vou admitir esse tipo de insinuação”, retrucou Motta.
Em seguida, Motta anunciou que será feita uma reunião do colegiado para debater o caso da Kroll, inclusive a prorrogação do contrato. “Fico feliz em ouvir que vamos abrir a caixa-preta da Kroll”, afirmou o deputado Ivan Valente (Psol-SP), que cobra a divulgação do plano de trabalho da empresa. “Não sabemos nem quem eles estão investigando, e isso é feito com dinheiro público”, acrescentou.