Com a permanência deNicolás Maduro na presidência da Venezuela, o Brasil seguirá, em princípio, as recomendações previstas na declaração do Grupo de Lima , aprovada pelos chanceleres de 13 países do continente na última sexta-feira. O grupo — que não tem os Estados Unidos como integrante, mas sofre forte influência de Washington — anunciou que não reconhecerá o governo de Maduro e anunciou sanções que poderão ferir mortalmente e já moribunda economia venezuelana.
"As opções ainda estão sendo estudadas", disse uma fonte do governo brasileiro.
Algumas medidas já foram tomadas na região. O Peru, por exemplo, anunciou a proibição de que o presidente venezuelano e a cúpula de seu governo ingressem no país, ou realizem transferências no sistema bancário peruano. A Colômbia também fará o mesmo e ainda preparará listas de pessoas físicas e jurídicas que não terão acesso ao seu sistema financeiro.
Entre as ações aprovadas pelos chanceleres da região, incluindo o brasileiro Ernesto Araújo, destaca-se a emissão de circulares ou boletins alertando as instituições financeiras para os riscos de realizarem operações com o governo da Venezuela que não tenham o endosso da Assembleia Nacional, como empréstimos, exceto quando forem ações de ajuda humanitária. Foram usadas no documento, expressões como" lavagem de dinheiro", "financiamento do terrorismo" e "corrupção".
O Brasil teve um papel de liderança na reunião do Grupo de Lima, afirmou essa fonte do governo, ao emplacar, entre outras coisas, a exigência de que Maduro transferisse o poder para a Assembleia Nacional do país, que foi eleita em 2015 e tem maioria oposicionista. Os mais entusiasmados com a posição brasileira teriam sido os representantes da Colômbia, do Chile, do Paraguai, do Peru, da Argentina e do Canadá. Porém, a declaração teve como forte opositor o México, que pediu para ser excluído do documento — marcando a posição divergente do país com a posse em dezembro de Andrés Manuel López Obrador, o primeiro presidente de esquerda do México em décadas.