O deputado federal Fábio Trad (PSD) usou o Twitter para pedir respeito e criticar a postura do partido em confirmar sua composição ao Centrão, bloco de partidos que articula apoio ao Governo Federal em troca de cargos. Nesta sexta-feira (29) a União trocou comando da Fundação Nacional da Saúde (Funasa). O escolhido é o coronel da Polícia Militar de Minas Gerais Geovanne Gomes da Silva. A informação está no Diário Oficial da União.
De acordo com o site Congresso em Foco, a mudança foi uma indicação do PSD, partido de Trad. “A indicação foi feita pelo líder do PSD na Câmara, Diego Andrade (MG), ao ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. O órgão do Ministério da Saúde é responsável por obras de saneamento básico e teve em 2019 o orçamento de R$ 3,1 bilhões. Antes de ter um indicado do PSD, quem comandava a estrutura eram indicados da bancada evangélica”, diz o site.
Em seu perfil no Twitter o deputado de Mato Grosso do Sul pede respeito a sua posição e ainda criticou o governo de Jair Bolsonaro. “Respeito a decisão da maioria do PSD da Câmara de aliar-se ao governo federal. Peço, porém, que respeitem a minha posição no sentido de não concordar com essa postura. Eu não acredito em um governo que hostiliza a democracia. Continuarei independente e crítico em favor do país”.
Na edição do dia 25 de maio o Correio do Estado trouxe uma entrevista com Fábio e seu irmão, o senador Nelson Trad, únicos da bancada sul-mato-grossense que são filiados a partidos do Centrão. Ainda sem cargos da agremiação no Governo Federal, o deputado disse que o presidente do partido, Gilberto Kassab, declarou publicamente que a agremiação não faz parte do centrão.
Em entrevista à Folha de São Paulo, concedida no dia 30 de abril, Kassab nega que o PSD participe do grupo: “Se um colega seu nos procura e pergunta se nós somos do Centrão e a resposta é não, é porque é não. Os outros partidos sabem que não integramos o Centrão. Temos convergências e divergências. É apenas um conceito que o partido tem desde que foi convidado e não aceitou fazer parte do grupo”, disse Kassab em entrevista.
Na mesma edição do Correio do Estado, Nelson Trad declarou que no Senado o partido não faz parte do grupo de apoio ao presidente. “O PSD do Senado não fez parte das articulações para dar apoio ao presidente em troca disso ou daquilo. Temos senadores que são oposição, como Otto Alencar e Angelo Coronel, ambos da Bahia. Temos senadores técnicos, como Antonio Anastasia [MG] e Irajá Abreu [TO]. Não tem essa, a gente é independente e respeita a posição de cada um. Eu sou independente – tem hora que apoio e [tem hora que] sou crítico. Sempre me deixaram atuar com independência”, ressaltou.
O senador Nelson Trad e o presidente Gilberto Kassab não se manifestaram em suas redes sociais sobre a possível indicação do PSD em cargos na União em troca de apoio a Jair Bolsonaro.