Política

ELEIÇÕES 2018

Após anos de rei no Congresso,
MDB murcha e perde caciques

Partido foi o que mais perdeu cadeiras na Câmara dos Deputados

FOLHAPRESS

13/10/2018 - 19h00
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No olho do furacão que varreu a política tradicional das urnas, o MDB foi o partido que mais perdeu cadeiras na Câmara dos Deputados, encolheu no Senado e, regionalmente, viu clãs que protagonizaram a vida política das últimas décadas sofrerem derrotas fragorosas.

O candidato emedebista à Presidência, Henrique Meirelles, amargou o sétimo lugar, com 1,2% dos votos. E o presidente Michel Temer, o mais impopular da história recente, tornou-se artigo tóxico na prateleira política.

Entre as maiores bancadas eleitas no Congresso nas últimas três décadas e com posição privilegiada nas negociações com o governo de turno, o MDB começará 2019 com poder reduzido.

Alguns dos principais articuladores não ocuparão palácios nem tribunas, no que depender do sufrágio universal.

Na Câmara dos Deputados, cujas cadeiras significam acesso a fundo partidário e tempo de televisão, a bancada emedebista encolheu de 66 eleitos em 2014 para 34 no domingo passado (7). No Senado, o MDB continua com com o maior número de cadeiras, mas perdeu 7 e ocupará 12 a partir de 2019.

Perderam seus assentos no Senado Romero Jucá, de Roraima, depois de 24 anos de mandatos, e Eunício Oliveira, presidente da Casa.

A família Sarney não conseguiu vagas no Congresso nem no governo do Maranhão. Na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima permanece preso e seu irmão Lúcio não obteve votos suficientes para mais um mandato na Câmara dos Deputados.

No Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves não se reelegeu senador nem Valdir Raupp em Rondônia –sua mulher, Marinha, tampouco renovou o mandato de deputada federal.

Em São Paulo, Paulo Skaf perdeu a disputa pelo governo e a senadora Marta Suplicy retirou-se da vida pública.

José Maranhão perdeu no primeiro turno o governo da Paraíba. E, lá do Paraná, Roberto Requião não voltará ao Senado, depois de dois mandatos na Casa e três como governador do estado.

O Rio de Janeiro, um cluster emedebista, tornou-se case de corrupção. Estão presos os maiores caciques do partido e do estado. Sérgio Cabral, Eduardo Cunha e Jorge Picciani ainda por cima fracassaram na tentativa de eleger os filhos deputados, mesmo privilegiando os recursos públicos para suas campanhas.

"O MDB e todos os outros partidos tradicionais, para se reconstruírem, vão ter que de deixar de lado essas figuras", disse o veterano emedebista Pedro Simon. "Elas acabaram porque foram cassadas, estão na cadeia ou vão para a cadeia. O povo está saciado."

Com um mandato de governador do Rio Grande do Sul e quatro mandatos no Senado no currículo, o primeiro deles iniciado na ditadura militar, Simon quer o resgaste do partido de Ulysses Guimarães.

"O velho PMDB teve desempenho espetacular na redemocratização, na figura do doutor Ulysses e todos que lutaram contra o fim da tortura e do autoritarismo", lembrou.

"Os partidos há muito tempo não conseguem reunir pessoas em torno de ideias comuns e defendê-las nas mais variadas posições", observou.

"O MDB pagou o preço da situação de participar de todos os governos sem ter filosofia própria."
Depois de cinco governos e meio na situação, ao voltar à cadeira presidencial, o MDB vê ruir sua capilaridade.

"Eles não puderam usar o poder para fazer benesses ", disse o cientista político Fernando Guarnieri, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp-Uerj). "Ao contrário, colhem o ônus do acordo de austeridade que fizeram. É o preço que pagam por isso e por estar no centro de esquemas de corrupção."

As atenções agora se voltam para Pará, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, onde emedebistas estão no segundo turno nas disputas aos governos.

Exceção, o clã Barbalho teve bom desempenho nas urnas. Jader se reelegeu senador e Helder está no segundo turno na corrida pelo governo paraense.

Igualmente bem sucedidos foram os Calheiros, em Alagoas. Renan pai e filho se reelegeram no Senado e no governo estadual, respectivamente.

Guarnieri diz ser precipitado decretar o começo do fim do MDB. Ele lembra que previsões similares foram dirigidas ao antigo PFL, hoje DEM, que chegou a fazer a maior bancada da Câmara, com 105 deputados em 1998, depois caiu a 21 em 2014 e ensaia uma reação. No domingo passado, fez 29.

"Nas eleições nos estados, o MDB, assim como o PSDB, mantêm alguma força e, mesmo tendo perdido muitas, continuam com número razoável de cadeiras na Câmara", constatou. "Mas que houve uma implosão da centro-direita, houve."

Com a disparada do PSL, de Jair Bolsonaro, que saltou de 1 para 52 deputados federais, notou, as tradicionais legendas de direita perderam votos.

O cenário, contudo, pode voltar à configuração anterior, atentou Guarnieri. "Vai depender do desempenho dos que ganharam as cadeiras no Congresso e nos estados."

Política

Moraes autoriza cirurgia de Bolsonaro no Natal; internação ocorrerá no dia 24

Moraes também permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal de Bolsonaro no período em que ele estiver no DF Star

23/12/2025 14h56

Reprodução

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou nesta terça-feira, 23, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja internado nesta quarta-feira, 24, e faça uma cirurgia para tratar uma hérnia inguinal bilateral.

Bolsonaro será internado no Hospital DF Star, que fica a menos de três quilômetros de onde o ex-presidente está preso desde 22 de novembro. Ainda não foi informado o horário da chegada do ex-chefe do Executivo no hospital e nem o início do procedimento cirúrgico, previsto para ocorrer no dia 25, feriado de Natal.

Moraes também permitiu que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja a acompanhante principal de Bolsonaro no período em que ele estiver no DF Star. O ministro não atendeu o pedido da defesa para visitas de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL).

O ministro do STF determinou ainda medidas de segurança no hospital. Uma determinação é que pelo menos dois policiais federais fiquem na porta do quarto onde estará Bolsonaro em todo o período em que ele estiver internado.

"A Polícia Federal deverá providenciar a completa vigilância e segurança do custodiado durante sua estadia, bem como do hospital, mantendo equipes de prontidão. A Polícia Federal deverá garantir, ainda, a segurança e fiscalização 24 (vinte e quatro) horas por dia, mantendo, no mínimo 2 (dois) policiais federais na porta do quarto do hospital, bem como as equipes que entender necessárias dentro e fora do hospital", diz um trecho da decisão.

O ministro proibiu a entrada de celulares e outros equipamentos eletrônicos, determinando apenas a entrada de equipamentos médicos no quarto que receberá o ex-presidente.

JUSTIÇA

Juristas de MS aprovam criação de um código de ética para tribunais superiores

Proposta parte do presidente do STF, Edson Fachin, ao defender que magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade

23/12/2025 08h20

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário

O presidente do STF, ministro Edson Fachin, durante sessão de encerramento do ano judiciário Rosinei Coutinho/STF

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A proposta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, de criar um código de conduta para os tribunais superiores, por entender que os magistrados precisam ter rigor técnico e sobriedade, foi bem-aceita pelos juristas de Mato Grosso do Sul.

O advogado Benedicto Arthur Figueiredo Neto lembrou que, etimologicamente, a palavra ética vem do grego ethos, que significa costume, caráter e modo de agir.

“Em meio às diversas críticas que alguns ministros do STF têm sofrido por receberem valores para proferirem palestras, o que é totalmente lícito à magistratura, Fachin se inspira no código de conduta da Suprema Corte da Alemanha para a criação de uma normatização ao modo de agir dos seus membros”, explicou.

Ele completou que o código de conduta da Suprema Corte alemã é bastante pragmático e objetivo, no sentido de sempre preservar em primeiro lugar a imagem da Corte e de que a conduta de seus membros sempre siga regras para que essa imagem venha a ser preservada.

“É o caso de como se prevê na Alemanha que os seus membros devem ponderar se o evento do qual vão participar não tem conflito com a reputação e com a honra da Corte. A normatização de um código de ética para tribunais superiores é a franca demonstração de reconstrução da imagem independente pela magistratura, afastando-se da política”, analisou.

Sandro de Oliveira, professor doutor da Faculdade de Direito (Fadir) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acrescentou que um código de ética da magistratura é pertinente e necessário porque traduz, de forma clara e acessível, os valores que já estão consagrados na Constituição Federal e que devem orientar a atuação de todo agente público, mais especialmente daqueles que exercem a função de julgar.

“O código não cria obrigações novas, mas organiza princípios como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, oferecendo parâmetros objetivos de conduta que reforçam a confiança da sociedade no Poder Judiciário. Além disso, a magistratura ocupa uma posição singular na estrutura do Estado, pois dela se espera independência, equilíbrio e compromisso permanente com os direitos fundamentais”, pontuou.

Sandro de Oliveira ressaltou que um código de ética funciona como instrumento pedagógico e preventivo, ajudando o magistrado a refletir sobre sua postura dentro e fora da jurisdição, à luz do interesse público, da dignidade da função e do dever de imparcialidade, que decorre diretamente do princípio republicano.

“Ao fortalecer a ética institucional, o código contribui para a transparência e para a legitimidade democrática do Judiciário. Ele reafirma que a atuação judicial não está dissociada da administração pública, mas submetida aos mesmos princípios constitucionais que exigem responsabilidade, probidade e prestação de contas à sociedade, elementos que são necessários à consolidação do Estado Democrático de Direito”, assegurou.

Para ele, é importante registrar que códigos de ética e de conduta não são estranhos ao ordenamento jurídico brasileiro. “Ao contrário, diversas carreiras de Estado e do serviço público, de modo geral, já contam com diplomas próprios que orientam a atuação de seus membros. Nesse contexto, a instituição de um código de ética da magistratura não apenas se mostra legítima, como também relevante, na medida em que contribuiria para balizar comportamentos, fortalecer a confiança social no Judiciário e servir de referência normativa e ética para as demais carreiras do Estado brasileiro”, argumentou.

O advogado André Borges citou que a proposta surge depois de fatos recentes, como esposa de ministro do STF com contrato milionário e advogando na Corte do esposo e ministro viajando no jatinho em que estava advogado que posteriormente teve pedido atendido, revelarem a necessidade urgente de ser atualizado o Código de Ética da Magistratura editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Judiciário é importante demais para que sobre ele recaiam dúvidas sobre a honra e a decência de seus integrantes. Proteção ética surge exatamente de um código de ética. Na Suprema Corte dos Estados Unidos isso já foi aprovado. Trata-se de algo que precisa ser aplicado no Brasil, incluindo ministros das cortes superiores de Brasília [DF]. Vivemos em uma república, que tem como característica principal a responsabilidade dos servidores públicos em geral, no que se incluem os magistrados”, comentou o jurista ao Correio do Estado.

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