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ADUANA BRASILEIRA

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Tráfico internacional perde mais
de R$ 4,68 bilhões só em cocaína

Montante representa cerca de 39 toneladas da droga que não chegaram ao destino neste ano

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O tráfico de cocaína operado pelo crime organizado, incluindo a rota europeia, que tem Mato Grosso do Sul como um dos principais corredores, perdeu, somente neste ano, mais de R$ 4,68 bilhões em droga, a preços médios internacionais. Isso equivale a 39 toneladas do entorpecente que deixaram de ser entregues aos seus destinos, apreendidas pelos analistas tributários da Receita Federal em contêineres nos portos brasileiros, portas de saída do produto para o exterior.

Em países como Itália, cada quilo de cocaína custa a partir de US$ 30 mil – mais de R$ 120 mil. Os dados são do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), que tem procurado demonstrar a dimensão dos trabalhos executados por analistas da Receita nos portos, aeroportos e fronteiras brasileiros. 

De um modo geral, com o observado declínio da produção de cocaína na Colômbia e o aumento na Bolívia e no Peru, o Brasil acabou ganhando um destaque logístico relevante no tráfico internacional, atraindo a atenção das facções criminosas. Grandes carregamentos da droga são levados de avião da Bolívia ao Paraguai, em voos clandestinos, e depois trazidos ao Brasil por terra, em direção aos portos marítimos. Para isso, narcotraficantes têm usado meios diversos para o transporte, como camuflagens em caminhões-tanque de combustíveis e óleo vegetal, cargas de minérios, grãos e outros. 

MS NA ROTA

A fragilidade do controle nas áreas fronteiriças com a Bolívia e o Paraguai acaba fomentando a estratégia dos traficantes e realçando o papel de Mato Grosso do Sul na rota de escoamento da cocaína. Na última semana, por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal apreendeu 250 quilos do entorpecente escondidos sob uma carga de milho em carreta. A interceptação se deu na BR-463, região de Dourados. O motorista disse que viajaria até Maringá (PR) para entregar o milho e depois receberia uma outra carga lícita para continuar a viagem para entrega da droga no Porto de Paranaguá (PR).

No mês passado, ação da Polícia Federal chegou a uma família com ramificação em Mato Grosso do Sul e que foi apontada como operadora de um esquema milionário de tráfico internacional de cocaína, via portos marítimos em direção à Europa. A quadrilha estava baseada em Santos (SP), mas usava Campo Grande como entreposto de recebimento de grandes remessas do entorpecente, que, procedentes da Bolívia, entravam no Estado via Paraguai. A droga era levada aos portos paulistas e catarinenses em caminhões e depois colocada clandestinamente em navios em direção a outros países.

AÇÃO CRESCENTE

De acordo com o analista tributário Timóteo Chueiri Ramos, somente no Porto de Santos, de janeiro a setembro deste ano, já foram apreendidas 18 toneladas de cocaína – 80% a mais se comparado ao mesmo período do ano passado (10 toneladas). 

Já no Porto de Paranaguá (PR), neste ano, são 11,6 toneladas do entorpecente, quase o triplo do volume apreendido em 2018 (4,7 toneladas). 

Outros portos também têm registros de apreensões de grandes volumes da droga, como Itajaí (SC), Natal (RN), Pecém (CE), Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ). O aumento de apreensões é viabilizado pela tecnologia e pelos equipamentos de scanner, aliados ao trabalho constante de analistas da Receita na fiscalização de cargas.

PREÇOS NAS ALTURAS

O alto valor da cocaína no mercado internacional transformou o tráfico da droga, via portos marítimos, em um negócio bilionário. A diferença de preços na origem, Bolívia, por exemplo, até o seu destino no exterior acaba despertando a sanha do crime organizado, que, em nome do lucro, se arrisca na movimentação do produto por extensas rotas. 

Na Bolívia, segundo fontes da Receita, o quilo de cloridrato de cocaína (pura) é vendido de US$ 2 mil a US$ 3 mil. Esse mesmo quilo chega ao destino com valores multiplicados várias vezes pelos atravessadores. Em países como Espanha, Portugal e Itália, no atacado, o quilo do entorpecente chega a ser vendido entre US$ 30 mil e US$ 40 mil. Entre o custo e a margem de lucro, são contabilizadas despesas com logística, transporte, riscos de perda de uma carga ou outra durante fiscalização, etc.

CONTROLE ADUANEIRO

Anualmente, a Receita controla 189.050 empresas habilitadas no Comércio Exterior (Comex); oito milhões de contêineres; 1 bilhão de toneladas de carga em geral (combustíveis, grãos, minérios, etc); e um fluxo de comércio (importação e exportação) de aproximadamente US$ 400 bilhões.

ENVIO CLANDESTINO EM CONTÊINERES

Apesar dos grandes volumes de cocaína apreendidos pela Receita Federal, o crime organizado age considerando a hipótese de que o transporte marítimo ainda é o meio mais seguro e lucrativo para o envio da droga para a Europa e outros centros. 

Neste mercado, que movimenta pelo menos 5,7 bilhões de euros por ano na Europa, traficantes brasileiros operam em conjunto com organizações criminosas internacionais, como a máfia italiana.

Além da logística interna, o narcotráfico nacional se encarrega da compra, do passeio pelos corredores paraguaios e brasileiros, além das estratégias para que a cocaína chegue às mãos de compradores internacionais. Para isso, segundo analistas que fazem a fiscalização de cargas nos portos, aproveitam-se do grande volume de mercadorias movimentadas nos terminais para esconder a droga. Por isso os portos de Santos e Paranaguá, os maiores do País, fazem parte das principais rotas internacionais.

Carregamentos do entorpecente são colocados em contêineres para embarque em navios. A estratégia mais usada é a “rip-on/rip-off”, em que os fardos são inseridos em qualquer contêiner com espaço livre para serem retirados no porto de destino, sem conhecimento de exportadores.

RONNIE-LESSA

Justiça nega novo pedido para transferência de Ronnie Lessa ao RJ

Decisão que indeferiu pedido da defesa foi da 5ª Vara Federal de Campo Grande

12/04/2024 15h00

Ronnie Lessa, acusado de ser autor dos disparos contra Marielle Foto: Reprodução

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A Justiça do Rio de Janeiro negou o pedido da defesa de Ronnie Lessa para que ele deixasse a Penitenciária Federal de Campo Grande e fosse transferido para um presídio da PM no Rio de Janeiro.

Decisão que indeferiu pedido da defesa foi da 5ª Vara Federal de Campo Grande. A informação foi confirmada ao UOL pela Justiça Federal do Mato Grosso do Sul.


Defesa é procurada. O UOL tenta contatar o novo advogado de Ronnie Lessa, que assumiu o caso desde que ele assinou acordo de delação e foi abandonado pela defesa anterior. O espaço segue aberto para manifestação.

PRESO EM CAMPO GRANDE DESDE 2020

Ronnie Lessa está preso em Campo Grande desde 2020. O ex-policial foi transferido para o Mato Grosso do Sul após ficar 1 ano e 8 meses no presídio de Porto Velho.

Delação feita pelo ex-PM à PF colocou os Chiquinho e Domingos Brazão na prisão. Além dos irmãos, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa também foi preso em 24 de março e levado para a Papuda.

Lessa disse que os irmãos garantiram lotes em uma zona de tráfico e milícia como pagamento pelo crime. Na ocasião, ele também citou Chiquinho como mentor do assassinato.

Irmãos Brazão negam envolvimento com a morte de Marielle. O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos, disse que tem "certeza que ele é inocente". "Ele não tem ligação com a Marielle, não a conhecia". Já Chiquinho disse que foi "surpreendido" com a prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal.

A investigação do caso já foi comandada por cinco delegados diferentes e três grupos de promotores. O Ministério da Justiça e Segurança Pública escalou uma equipe para investigar o caso logo nos primeiro meses do governo Lula (PT).

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Depoimento

Esposa e melhor amigo relembram últimos momentos com entregador atropelado por Porsche

Família busca por justiça após trágico acidente que matou Hudson Ferreira de 39 anos; o autor, um empresário de Campo Grande fugiu do local do acidente e se apresentou à polícia somente depois de 15 dias

11/04/2024 18h33

O caso, que inicialmente fora registrado como acidente de trânsito, teve sua tipificação alterada para Homicídio culposo Artigo 302. Divulgação/Correio do Estado/Gerson Oliveira

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No desdobramento do trágico incidente que culminou na morte do motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira, na noite de 22 de março, esposa e amigo próximo compartilham os últimos instantes vividos com a vítima.

O fatídico acidente ocorreu na Rua Antônio Maria Coelho, quando Hudson foi brutalmente atingido por um Porsche Cayenne, conduzido pelo empresário, Arthur Torres Rodrigues Navarro, de 34 anos, que em seguida fugiu do local. Hudson veio a falecer dois dias após o incidente, na Santa Casa da Capital, devido à gravidade de seus ferimentos.

Segundo relatos, Hudson enviou um áudio desesperador à esposa, Kelly Ferreira, pedindo-lhe que fosse até o local do acidente.

"Vem aqui. Vem ligeiro, vida. Acabou com a minha perna, acabou", disse ele.

Kelly, ao responder ao chamado, assegurou que estava a caminho para socorrê-lo e comunicou que outra pessoa também estava se dirigindo ao local para prestar auxílio.

Em seu depoimento, Kelly Ferreira, de 39 anos, atendente no Restaurante Kobe, situado na Artur Jorge, relatou que Hudson, seu esposo, também trabalhava no mesmo estabelecimento, como entregador. Ela descreveu o momento em que recebeu a ligação de Hudson, por volta das 20h08min, informando sobre o acidente e a localização.

"Já estava presente no local uma Unidade do Corpo de Bombeiros prestando o atendimento a Hudson, que apresentava ferimento (fratura e esmagamento) da perna e pé direito", detalhou Kelly em seu depoimento à DEPAC/CEPOL.

Por sua vez, Marcos Ewerton Paulo de Campos, de 35 anos, também entregador e amigo de infância de Hudson, reiterou a proximidade entre eles, inclusive no ambiente profissional, onde ambos trabalhavam como motoentregadores.

Ele descreveu o momento em que encontrou a vítima caída na rua, com graves ferimentos, e ficou ao seu lado tentando acalmá-lo até o encaminhamento de Hudson para o hospital.

“Ele estava assustado com o ferimento e contou que o motorista fugiu do local em alta velocidade. Fiquei com ele e falei pra olhar pra cima, para não ficar olhando a perna. O Corpo de Bombeiros chegou e eu me ofereci para levar a moto dele para casa”, relembra o amigo de Hudson.

O caso, que inicialmente fora registrado como acidente de trânsito, teve sua tipificação alterada para Homicídio culposo Artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), conforme solicitação da família da vítima.

Enquanto Arthur Torres Rodrigues Navarro se apresentou à polícia após duas semanas do ocorrido, a família clama por justiça e questiona a impunidade diante de casos de irresponsabilidade ao volante, que ceifam vidas e deixam marcas irreversiveis nos que ficam.

“Se o motorista tivesse parado, prestado socorro. Esses minutos foram o diferencial entre a vida e a morte do Hudson”, analisa a advogada da família de Hudson, Janice Andrade.


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