Polícia

DESCRIMINALIZAÇÃO

STF pode liberar uso de drogas; juristas temem consequências

Questão aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal, ainda sem data para ocorrer

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O Supremo Tribunal Federal (STF) deve voltar a julgar ainda este ano o recurso extraordinário sobre o porte de drogas. Ainda não há data para o plenário da Corte continuar a analisar a questão, mas autoridades policiais e juristas já condenam um eventual resultado que descriminalize o porte para próprio uso.

Na opinião do advogado André Borges, a liberação traz riscos. “O Estado não tem condições de fiscalizar bem este assunto. Se não controla agora, que é proibido, imagina como ficará com a liberação. É um risco grave a todos nós, cidadãos”.

Já o presidente da seccional estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS), Mansour Karmouche, disse que não tem opinião formada, mas fez um alerta. “A entidade não tem posição formada sobre o tema, mas temos que ter muita cautela na discussão”.

O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), João Maria Lós, citou exemplos de outros países que seguiram o mesmo caminho e enfrentaram problemas. “O fato é que, em alguns países, as drogas mais leves, como maconha e haxixe, foram liberadas e isso não trouxe grandes prejuízos à  sociedade, quiçá, até, nenhum prejuízo. O problema é que, muitas das vezes, o consumidor se torna violento, agressivo, comete furtos e roubos para prover seu vício,  o que efetivamente pode trazer prejuízos à sociedade”.

A médica e coordenadora do Setor de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), Ana Carolina Dias, apontou que a questão vai além do vício. “Observamos um grande problema relacionado ao uso de derivados baratos da cocaína e álcool que trazem consigo outros graves problemas sociais, além de questões relacionadas à saúde. Entretanto, um dos fatores pouco discutido é porque uma grande parcela da população faz uso de forma tão autodestrutiva do álcool e das drogas. Sem dúvida, isso não está relacionado à substância em si, mas às condições de exclusão, de pobreza e violência a que as pessoas estão submetidas”.

TRÁFICO

De janeiro a outubro, as forças de segurança do Estado apreenderam 330 toneladas de drogas. E para o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, a descriminalização não reduz a violência e o tráfico. “Muitos usuários perderam o emprego, a família e a autoestima. Eles acabam fazendo pequenos furtos, mas não é a legalização das drogas que vai fazer com que isso diminua. Porque eles vão continuar usando e a violência vai continuar. Apenas combater o tráfico não é o que impede que a droga chegue aos pontos de distribuição, precisamos de campanha de desestimulação, assim aconteceu com o cigarro e com o álcool”.

O delegado titular da Delegacia Especializada em Repressão ao Narcotráfico (Denar), Gustavo Ferraris, diz que a medida também prejudicaria a atuação da polícia. “A partir do momento em que você descriminaliza o porte e o consumo de determinadas substâncias, está prejudicando o trabalho da polícia, assim como a saúde dos cidadãos”.

Para ele, mesmo que o Estado controle o comércio de determinados entorpecentes, como já ocorre no Uruguai, o crime organizado se adaptaria à mudança legal, como sempre fez. “Na realidade, não se conseguiria fazer o controle. A ilegalidade vai continuar ocorrendo, porque o usuário sempre vai procurar o mais barato e o mais prático. Um exemplo disso é o cigarro, que tem a venda e o consumo liberados, desde que não seja vendido para menores de idade. As pessoas continuam comprando cigarro contrabandeado do Paraguai, porque é mais barato. E com as drogas, vai ocorrer a mesma coisa, as pessoas vão continuar comprando dos traficantes. A solução jamais será a descriminalização”, explicou.

Para Ferraris, a solução passa por um movimento de prevenção e conscientização. “Tem que haver conscientização de quanto o uso e abuso são prejudiciais não só para o usuário como para toda a sociedade. A solução é conscientizar não só [sobre] as drogas ilícitas como também as lícitas, especialmente o álcool e o tabaco”, apontou.

POLÊMICA

Outra opção é a internação compulsória, para casos como dos usuários que vivem no entorno do antigo terminal rodoviário da Capital. “Não tem outra alternativa. São pessoas que já abandonaram tudo na sua vida, vivem em situação de rua e de miséria, pela droga e para a droga. Esses dependentes químicos precisam de ajuda da sociedade, mas depende também da vontade do usuário de abandonar o vício. E é muito difícil, porque todo o tempo que essa pessoa demorou para chegar o fundo do poço é o tempo que ela vai levar para sair dele”, finalizou o delegado.

HISTÓRICO

O julgamento no STF começou em 2015. Três dos 11 ministros da Corte já votaram favoravelmente, incluindo o relator Gilmar Mendes. O então ministro Teori Zavascki pediu vistas, ou seja, mais tempo para analisar o caso e votar. Porém, o magistrado morreu em um acidente aéreo em 2017. 

Alexandre de Moraes assumiu a vaga de Teori, mas liberou o caso para julgamento no fim de 2018. O recurso extraordinário chegou a ser pautado para amanhã, mas foi adiado em razão de outro julgamento, o da prisão em segunda instância. Após a conclusão, o presidente Dias Toffoli deve pautar ou não o caso para o plenário.

Confira no site do STF os contatos de cada ministro.

Operação Uxoris

Denúncia de ex-esposa desencadeou operação contra lavagem de dinheiro e contrabando

Mulher descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome, feitos pelo ex-marido, e acionou a PF

03/12/2025 11h30

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade MARCELO VICTOR

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Operação Uxoris, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) nesta quarta-feira (3), surgiu a partir da denúncia da ex-esposa de um dos integrantes da organização criminosa, que utilizava os documentos pessoais dela para abrir pessoas jurídicas (PJs), sem autorização, para praticar delitos.

A partir disso, ela descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome e acionou a PF. Em posse das informações, PF e RFB iniciaram as investigações há dois anos e desencadearam a Operação Uxoris, cujo nome faz referência a essa situação conjugal.

"A investigação começou a partir de uma denúncia apresentada pela ex-esposa, de um dos integrantes do grupo criminoso, ela comunicou a Polícia Federal a utilização de seus documentos pessoais para abertura de pessoas juridicas que estariam sendo utilizadas para a pratica desses delitos, gerando passivos tributarios, sem autorização dessa senhora. A partir disso, a Polícia Federal iniciou as investigações da Operação Uxoris, em referencia justamente a essa outorga conjugal”, detalhou o chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade.

OPERAÇÃO UXORIS

Efetivo de 70 servidores, sendo 50 policiais federais e 20 agentes da Receita Federal, alocados em 12 viaturas, deflagram a Operação Uxoris, na manhã desta quarta-feira (3), em Mato Grosso do Sul e São Paulo (SP).

Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito em Campo Grande (MS) e um em Osasco (SP). Na Capital sul-mato-grossense, os mandados foram cumpridos no Centro, bairro Universitário, Vila Nhá-Nhá, entre outros locais.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Esses produtos - eletrônicos, brinquedos, utensílios domésticos e acessórios eletrônicos- eram vendidos em lojas online (marketplace) e lojas físicas, todas localizadas em Campo Grande (MS). As mercadorias eram distribuídas em todo o território nacional.

Os itens são oriundos de vários países e entraram no País através da fronteira Brasil/Paraguai.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões. Wellington da Silva Cruz, policial militar, é um dos integrantes do grupo criminoso.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O grupo criminoso utilizava a modalidade de pagamento “dólar-cabo”, que é um sistema informal de transferência de dinheiro para o exterior.

Em vez de enviar o dinheiro fisicamente, a pessoa no Brasil paga em reais a um "doleiro", que então garante que a mesma quantia seja entregue em dólares em uma conta no exterior. Essa operação é frequentemente utilizado em atividades ilícitas e considerada crime de evasão de divisas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o delegado da PF, Anezio Rosa de Andrade, os crimes desencadeiam em concorrência desleal, que é é algo que prejudica os comerciantes que pagam os devidos impostos.

“Um comerciante que faz o pagamento formal, que tem a sua empresa regularizada, muito dificilmente consegue concorrer com outras empresas, com outros comerciantes, que não atuam da mesma forma. Então, o nosso objetivo também, além de combater a questão aduaneira e tributária, é também fortalecer a concorrência lícita dentro do território nacional”, explicou.

Operação Uxoris

PF e Receita desmantelam esquema de contrabando de mercadorias ilegais

Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande (MS) e Osasco (SP)

03/12/2025 08h15

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Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) cumpriram nove mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (3), durante a Operação Uxoris, em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Na Capital sul-mato-grossense, os mandados supostamente foram cumpridos nos altos da avenida Afonso Pena e bairro Universitário.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Conforme apurado pela reportagem, os produtos eram distribuídos em todo o território nacional, por meio de vendas online (marketplace) e através de lojas físicas localizadas em Campo Grande (MS).

De acordo com a PF, o grupo criminoso utilizava a modalidade conhecida como dólar-cabo para efetuar pagamentos das mercadorias, realizando remessas ilegais de valores ao exterior mediante compensações financeiras irregulares.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

CONTRABANDO E DESCAMINHO

Contrabando e descaminho são crimes relacionados à importação e exportação de mercadorias. Contrabando é a importação ou exportação de mercadorias proibidas.

Descaminho é à importação ou exportação de mercadorias lícitas sem o pagamento dos tributos devidos. A principal diferença reside na natureza da mercadoria: no contrabando, a mercadoria é proibida; no descaminho, a mercadoria é legal, mas o tributo não é pago.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontam que 68 ocorrências de contrabando e 56 de descaminho foram registradas, entre 1º de janeiro e 27 de novembro de 2025, em Mato Grosso do Sul.

Em relação ao descaminho, 0 ocorreu em janeiro, 11 em fevereiro, 2 em março, 5 em abril, 5 em maio, 2 em junho, 5 em julho, 9 em agosto, 4 em setembro, 11 em outubro e 2 em novembro.

Em relação ao contrabando, 2 ocorreram em janeiro, 8 em fevereiro, 4 em março, 2 em abril, 9 em maio, 9 em junho, 5 em julho, 8 em agosto, 4 em setembro, 13 em outubro e 4 em novembro.

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