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PLANO AUDACIOSO

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Quadrilha pode estar ligada ao maior roubo a banco do País

Polícia apura envolvimento de grupo preso em MS com bando que furtou R$ 166 milhões no Ceará há 14 anos

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A Polícia Civil investiga o envolvimento de integrantes do grupo que tentou roubar a caixa-forte do Banco do Brasil em Campo Grande com os criminosos que, em agosto de 2005, furtaram R$ 164 milhões do Banco Central de Fortaleza (CE), segundo informações apuradas pelo Correio do Estado. Os dois crimes tiveram algumas semelhanças entre si, como, por exemplo, a escavação de um túnel para chegar ao dinheiro, o uso de cal para encobrir impressões digitais e o alto nível de organização.

Também chama atenção a origem dos envolvidos no plano de furtar a central do Banco do Brasil em Campo Grande. Todos vieram de outros estados, do Sudeste e do Nordeste brasileiro.

Se o plano dos bandidos tivesse se concretizado, os policiais da Delegacia de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestro (Garras) acreditam que a ação poderia ser o maior furto a um cofre bancário do Brasil. A estimativa é de que havia, pelo menos, R$ 200 milhões nos cofres da instituição (conforme os volumes financeiros movimentados nesta época do ano). 

O delegado do Garras, João Paulo Sartori, afirma que os trabalhos de inteligência seguem adiante e algumas pessoas ainda serão chamadas a depor. Entre elas, estão os donos dos imóveis alugados pelos bandidos para que o plano fosse executado. Além do galpão comercial no Bairro Coronel Antonino onde a passagem subterrânea foi aberta, outras seis casas foram usadas como dormitórios desde maio, quando o roubo começou a sair do papel. Eles trocavam de entreposto para dificultar a identificação e localização do grupo.

Quando o esquema foi desmantelado, os ladrões estavam no Bairro Zé Pereira, em uma casa grande, com piscina. O grupo teria alugado, ao todo, oito imóveis em Campo Grande.

Toda essa estratégia gerava custos para o grupo. Sartori afirma que eles gastavam em média R$ 21 mil por semana com a ação criminosa desde maio, o que resulta em aproximadamente R$ 630 mil, bancados pelo resultado de outros crimes, que o delegado não quis revelar. Se somados a outros gastos logísticos, a estimativa dos policiais do Garras é de que os gastos tenham atingido R$ 1 milhão para estruturar toda a ação. 

PASSO A PASSO
O mentor do grupo, segundo a polícia, é Renato Nascimento de Santana, 42 anos. Ele foi morto durante a operação para impedir o roubo, no último fim de semana. A polícia suspeita que esse nome possa ser falso, já que um dos comparsas disse tê-lo conhecido na cadeia e esse nome não é fichado. 

Depois de reunir os oito membros da equipe, eles encontraram o imóvel perfeito para dar sequência ao plano. 
Sartori não detalha se tiveram uso de informação estratégica, mas, além de ficar praticamente do outro lado da rua da central do Banco do Brasil, que abastece de dinheiro as agências do Estado inteiro, o caminho até a caixa-forte era em linha reta, desviando apenas dos postes e tubulações de água, quando existiam.

O local tem um galpão com bastante espaço para armazenar os sacos de terra removidos do chão, já que a vizinhança poderia desconfiar se visse todo aquele material sendo removido diariamente. 

Além de ser o mentor, Renato colocava a mão na massa e participava do revezamento na escavação. O trabalho era manual e feito com ajuda de pás. Participaram dessa tarefa os pedreiros Francisco Marcelo Ribeiro, 41 anos, natural de Santana do Acaraú (CE); Wellington Luiz dos Santos Junior, 28 anos, nascido em Iperó (SP); e Gilson Aires da Costa, 42 anos, natural de Campos Sales (CE), que, inclusive, foi candidato a vereador naquele município em 2016.

Lourivaldo Belisário de Santana, 51 anos, natural de Sertânia (PE), era o especialista do grupo. Ele já havia tentado fugir da cadeia escavando um túnel e tem passagem por roubo. Lourivaldo entendia de topografia e ajudava a orientar o trajeto.

Robson Alves do Nascimento, 50 anos, é de Floresta Azul (BA), mas tinha uma loja de materiais de construção em Cuiabá (MT). A mulher dele, Eliane Goulart Decursio de Brito, 37 anos, era a contadora do grupo, segundo a polícia.

José Williams Nunes Pereira da Silva, 48 anos, que também foi morto durante a ação, era o responsável pela segurança. Ele é do Maranhão e tem passagem por roubo a banco em São Paulo, quando foram levados R$ 6 milhões de uma agência da Caixa Econômica Federal. 

Bruno Oliveira de Souza, 30 anos, é paulista e tinha como função dirigir o caminhão com as notas quando elas fossem roubadas. Ele foi baleado e está internado na Santa Casa.

Grupo usou alta tecnologia e foi preso durante festa

A quadrilha que tentou furtar o Banco do Brasil em Campo Grande usava equipamento complexo para executar o plano audacioso. Na fachada do galpão, foi instalada uma câmera para monitorar possíveis campanas da polícia. Eles tinham ainda um bloqueador de sinal de celular para evitar rastreamento dos chips do dinheiro roubado.
Os escavadores usavam um estetoscópio para checar se iriam se deparar com tubulações de água e uma pequena câmera para monitorar a superfície e ver aonde eles estavam chegando. 

Sartori acredita que, se não tivessem sido impedidos, teriam conseguido cometer o crime no fim de semana, já que estavam praticamente embaixo do cofre. O túnel tem inicialmente seis metros de profundidade, mas segue com inclinação de aproximadamente 30 graus, de modo que o fim da passagem é rente ao chão.

O caminho só não foi completamente em linha reta porque eles desviavam de postes e canos de água. Passaram por debaixo de uma oficina mecânica e da Rua Alegrete, antes de chegar à central do Banco do Brasil. Usariam um macaco hidráulico industrial para abrir uma fenda na sala onde fica o dinheiro.

FESTA INTERROMPIDA

Quando a polícia constatou que o grupo estava quase cumprindo seu objetivo, organizou uma operação para acabar com o plano. Parte dos agentes do Garras invadiu o imóvel no Zé Pereira, o restante estava no galpão e viu quando Bruno deixou o local dirigindo o caminhão, seguido por José e Renato em uma caminhonete.
O grupo foi interceptado algumas quadras depois. Bruno tentou atropelar um policial. José desceu atirando. A polícia revidou e todos os bandidos foram atingidos.

RONNIE-LESSA

Justiça nega novo pedido para transferência de Ronnie Lessa ao RJ

Decisão que indeferiu pedido da defesa foi da 5ª Vara Federal de Campo Grande

12/04/2024 15h00

Ronnie Lessa, acusado de ser autor dos disparos contra Marielle Foto: Reprodução

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A Justiça do Rio de Janeiro negou o pedido da defesa de Ronnie Lessa para que ele deixasse a Penitenciária Federal de Campo Grande e fosse transferido para um presídio da PM no Rio de Janeiro.

Decisão que indeferiu pedido da defesa foi da 5ª Vara Federal de Campo Grande. A informação foi confirmada ao UOL pela Justiça Federal do Mato Grosso do Sul.


Defesa é procurada. O UOL tenta contatar o novo advogado de Ronnie Lessa, que assumiu o caso desde que ele assinou acordo de delação e foi abandonado pela defesa anterior. O espaço segue aberto para manifestação.

PRESO EM CAMPO GRANDE DESDE 2020

Ronnie Lessa está preso em Campo Grande desde 2020. O ex-policial foi transferido para o Mato Grosso do Sul após ficar 1 ano e 8 meses no presídio de Porto Velho.

Delação feita pelo ex-PM à PF colocou os Chiquinho e Domingos Brazão na prisão. Além dos irmãos, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa também foi preso em 24 de março e levado para a Papuda.

Lessa disse que os irmãos garantiram lotes em uma zona de tráfico e milícia como pagamento pelo crime. Na ocasião, ele também citou Chiquinho como mentor do assassinato.

Irmãos Brazão negam envolvimento com a morte de Marielle. O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos, disse que tem "certeza que ele é inocente". "Ele não tem ligação com a Marielle, não a conhecia". Já Chiquinho disse que foi "surpreendido" com a prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal.

A investigação do caso já foi comandada por cinco delegados diferentes e três grupos de promotores. O Ministério da Justiça e Segurança Pública escalou uma equipe para investigar o caso logo nos primeiro meses do governo Lula (PT).

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Depoimento

Esposa e melhor amigo relembram últimos momentos com entregador atropelado por Porsche

Família busca por justiça após trágico acidente que matou Hudson Ferreira de 39 anos; o autor, um empresário de Campo Grande fugiu do local do acidente e se apresentou à polícia somente depois de 15 dias

11/04/2024 18h33

O caso, que inicialmente fora registrado como acidente de trânsito, teve sua tipificação alterada para Homicídio culposo Artigo 302. Divulgação/Correio do Estado/Gerson Oliveira

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No desdobramento do trágico incidente que culminou na morte do motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira, na noite de 22 de março, esposa e amigo próximo compartilham os últimos instantes vividos com a vítima.

O fatídico acidente ocorreu na Rua Antônio Maria Coelho, quando Hudson foi brutalmente atingido por um Porsche Cayenne, conduzido pelo empresário, Arthur Torres Rodrigues Navarro, de 34 anos, que em seguida fugiu do local. Hudson veio a falecer dois dias após o incidente, na Santa Casa da Capital, devido à gravidade de seus ferimentos.

Segundo relatos, Hudson enviou um áudio desesperador à esposa, Kelly Ferreira, pedindo-lhe que fosse até o local do acidente.

"Vem aqui. Vem ligeiro, vida. Acabou com a minha perna, acabou", disse ele.

Kelly, ao responder ao chamado, assegurou que estava a caminho para socorrê-lo e comunicou que outra pessoa também estava se dirigindo ao local para prestar auxílio.

Em seu depoimento, Kelly Ferreira, de 39 anos, atendente no Restaurante Kobe, situado na Artur Jorge, relatou que Hudson, seu esposo, também trabalhava no mesmo estabelecimento, como entregador. Ela descreveu o momento em que recebeu a ligação de Hudson, por volta das 20h08min, informando sobre o acidente e a localização.

"Já estava presente no local uma Unidade do Corpo de Bombeiros prestando o atendimento a Hudson, que apresentava ferimento (fratura e esmagamento) da perna e pé direito", detalhou Kelly em seu depoimento à DEPAC/CEPOL.

Por sua vez, Marcos Ewerton Paulo de Campos, de 35 anos, também entregador e amigo de infância de Hudson, reiterou a proximidade entre eles, inclusive no ambiente profissional, onde ambos trabalhavam como motoentregadores.

Ele descreveu o momento em que encontrou a vítima caída na rua, com graves ferimentos, e ficou ao seu lado tentando acalmá-lo até o encaminhamento de Hudson para o hospital.

“Ele estava assustado com o ferimento e contou que o motorista fugiu do local em alta velocidade. Fiquei com ele e falei pra olhar pra cima, para não ficar olhando a perna. O Corpo de Bombeiros chegou e eu me ofereci para levar a moto dele para casa”, relembra o amigo de Hudson.

O caso, que inicialmente fora registrado como acidente de trânsito, teve sua tipificação alterada para Homicídio culposo Artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), conforme solicitação da família da vítima.

Enquanto Arthur Torres Rodrigues Navarro se apresentou à polícia após duas semanas do ocorrido, a família clama por justiça e questiona a impunidade diante de casos de irresponsabilidade ao volante, que ceifam vidas e deixam marcas irreversiveis nos que ficam.

“Se o motorista tivesse parado, prestado socorro. Esses minutos foram o diferencial entre a vida e a morte do Hudson”, analisa a advogada da família de Hudson, Janice Andrade.


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