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MILÍCIA ARMADA

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Ligação de policiais e guardas com Name pesa em decisão de ministro

Para o STJ, devolução de Jamil ao presídio estadual representaria enorme prejuízo à ordem pública

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Ao decidir suspender a devolução de Jamil Name do Presídio Federal de Mossoró (RN) para um presídio de Mato Grosso do Sul, o ministro Rogério Schietti Cruz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, levou em consideração, também, o fato de a milícia armada supostamente liderada por ele já ter “corrompido guardas municipais e policiais civis que passariam, em tese, a integrar a organização criminosa”.

No mês de maio, o guarda municipal Marcelo Rios, hoje sob custódia do Ministério da Justiça no Presídio Federal de Campo Grande, foi preso por estar em posse de um arsenal de armas de grosso calibre que seria de propriedade de Name e usado em crimes de pistolagem. O armamento estava em um imóvel dos Name, no Bairro Monte Líbano, na Capital.
Investigações desdobradas a partir da apreensão das armas deram origem à Operação Omertà, deflagrada em setembro, na qual Name e o filho (também Jamil Name) foram presos.

A suposta organização criminosa contaria com a participação de policiais e guardas municipais. Dois policiais civis – Vladenilson Daniel Olmedo (aposentado) e Márcio Cavalcanti –, por exemplo, também foram presos e estão em cela de isolamento em Mossoró. Outros policiais civis e guardas estão presos em unidades estaduais. Há suspeita, ainda, de envolvimento de um delegado com o grupo.

O ex-guarda municipal José Moreira Freires é apontado como pistoleiro da organização, tendo agido, inclusive, na execução do estudante Matheus Coutinho, em abril deste ano, na Capital. 

Freires, que se encontra foragido desde a morte do estudante, tem para cumprir uma condenação de 18 anos pelo assassinato do delegado aposentado Paulo Magalhães de Araújo, em 2013. Na  época desse assassinato, ele ainda integrava a Guarda Municipal.  

VOLTA BARRADA

Jamil Name foi enviado para o Presídio Federal de Mossoró após ter ficado preso no Centro de Triagem de Campo Grande  e depois da descoberta de um suposto plano para matar o delegado Fábio Peró, um dos encarregados das investigações. Levado para o Rio Grande do Norte, o retorno dele acabou sendo determinado pelo juiz federal Walter Nunes da Silva Júnior, corregedor da penitenciária federal. 

O magistrado aceitou as argumentações dos advogados de Name, que alegavam a idade avançada (80 anos) e o estado de saúde do preso como motivos para a sua não inclusão em cela de isolamento.

Diante disso, um colegiado de juízes criminais entendeu  que o juiz federal não tinha competência judiciária para decidir  sobre a volta ou não do preso ao sistema estadual. Assim, suscitou conflito de competência com a Justiça Federal do Rio Grande do Norte, para que o STJ decidisse.

Ao sustentar a necessidade da permanência de Name em unidade federal, o colegiado de juízes observou que ele “seria um dos líderes de um grupo de extermínio, com alto poder financeiro e bélico – organização criminosa sofisticada e estruturada –, supostamente responsável por execuções de policiais em praça pública e que, em virtude da apuração dos fatos, teria dito que iria ‘providenciar a maior matança da história de MS, de picolezeiro a governador’”.

Para o ministro Rogério Schietti, que já havia negado liminares em dois habeas corpus apresentados no Superior Tribunal de Justiça por Name,  o colegiado demonstrou, pelo menos por ora, “motivos suficientes que justificam a concessão da medida de urgência, notadamente porque o estado de saúde do réu, ao menos aparentemente, pode ser controlado com medicamento comum”.

Na mesma decisão, o ministro destacou que a transferência de Name para presídio estadual “pode representar enorme prejuízo à ordem pública, sobretudo, em face do poder bélico da organização criminosa que lidera e pelo fato de que haveria corrompido guardas municipais e policiais civis que passariam, em tese, a integrar a organização criminosa”.

Com isso, Name continuará em Mossoró, onde passará todo o período de festas de Natal e Ano-Novo, até que o conflito de competência seja resolvido definitivamente pelo STJ, na volta do recesso.

RONNIE-LESSA

Infiltrado de Brazão no PSOL superdimensionou atuação de Marielle contra milícias, diz Lessa

Laerte Silva de Lima se filiou ao partido da vereadora 20 dias após o segundo turno das eleições de 2016, a mando de Domingos, afirmou Lessa

24/03/2024 19h34

(esq) Laerte Silva de Lima e Ronnie Lessa (dir) Imagem Reprodução

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Domingos Brazão passou a acreditar que a vereadora Marielle Franco tinha a intenção de prejudicar interesses da milícia após informações repassadas por um infiltrado que teria sido colocado no PSOL, disse Ronnie Lessa em sua delação, segundo a Polícia Federal.

 

Imagem Reprodução / Laerte Silva de Lima

Laerte Silva de Lima se filiou ao partido da vereadora 20 dias após o segundo turno das eleições de 2016, a mando de Domingos, afirmou Lessa. O ex-policial está preso acusado de ser o responsável pelos tiros que atingiram a parlamentar.


Não há informações, nos documentos, de como teria sido a aproximação de Laerte com Marielle, fora sua filiação ao partido.

O conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Domingos Brazão foi preso neste domingo (24), assim como seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil.

Os três são suspeitos de mandar assassinar Marielle e o motorista Anderson Gomes, além da tentativa de matar a assessora Fernanda Chaves, em março de 2018.
Em conversa com jornalistas do lado de fora da sede da PF (Polícia Federal) no Rio, o advogado Ubiratan Guedes, responsável pela defesa de Domingos Brazão, afirma que o conselheiro do TCE não conhecia Marielle e é inocente.

Lessa relatou que a primeira reunião com os irmãos Brazão ocorreu por volta de setembro de 2017, quando foi acertado o assassinato de Marielle. Nessa ocasião, ele teria ouvido a motivação para o crime.

"Ronnie Lessa ouviu de Domingos Brazão que o infiltrado Laerte teria levantado que Marielle pediu para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia", diz a Polícia Federal, em trecho reproduzido na decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou a prisão do trio neste domingo.
Laerte foi preso em 2019 com outros suspeitos de integrarem grupo miliciano responsável pela exploração de serviços e cobranças na localidade de Rio das Pedras. Ele foi condenado a sete anos de prisão por organização criminosa —no processo, sua defesa nega envolvimento.

Rio das Pedras é o berço da milícia no Rio de Janeiro e área na qual a família Brazão "é eleitoralmente soberana", diz a PF.

As informações repassadas por Laerte a Domingos, segundo Lessa, narravam que Marielle tinha um interesse especial em combater a milícia nas áreas de sua influência.

A Polícia Federal não descarta a possibilidade de o infiltrado ter inventado informações. Nas palavras de Lessa, Laerte teria "enfeitado o pavão".

"Então, mencionou-se que, por conta de alguma animosidade, haveria um interesse especial da vereadora em efetuar este combate nas áreas de influência dos Brazão, dado que seria oriundo das ações de infiltração de Laerte. Nesse momento, ponderou-se a possibilidade de que este poderia ter sobrevalorizado ou, até mesmo, inventado informações para prestar contas de sua atuação como infiltrado", ressalta a PF.

Em sua delação, Lessa disse que Laerte teria levado "os irmãos ao equivocado superdimensionamento das ações políticas de Marielle Franco nesta seara", acrescentaram os investigadores.

Ainda de acordo com Lessa, Laerte monitorava a vereadora. Teria sido de um terminal telefônico dele que o paradeiro da vereadora no dia em que morreu foi passado aos assassinos.

"De acordo com Ronnie Lessa, naquela oportunidade, por volta do meio-dia, ele recebeu uma ligação de Macalé, por meio da qual ele revelou que recebera uma ligação oriunda do terminal vinculado a Laerte. Todavia, ao atender o telefone, Macalé se surpreendeu ao constatar que o interlocutor, na verdade, era Ronald Paulo Alves Pereira, vulgo Major Ronald. Em que pese isso, Macalé indicou a Lessa que Ronald lhe passara a informação de que na noite daquele dia haveria o evento na Casa das Pretas e que Marielle Franco estaria presente."

O major Ronald também foi preso por envolvimento com milícia, na mesma ação em que Laerte foi detido. Ele foi condenado em outubro de 2022 a 76 anos por homicídio e ocultação de cadáver. Atualmente, continua preso suspeito de ser uma das lideranças da milícia da Muzema.

Já Macalé, morto em 2021, é apontado como quem teria chamado Lessa para matar a vereadora.

A advogada Thalita Mesquita, que representa o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa, disse que ele nega qualquer envolvimento com o crime. "A defesa tem certeza da inocência dele."

Os representantes de Chiquinho Brazão também foram procurados pela reportagem, mas ainda não se manifestaram.

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Polícia

Advogado disparou contra bloqueio bolsonarista foge de presídio Militar em Campo Grande

Preso por violência doméstica, Bhenhur Rodrigo ficou conhecido em 2022, após tentar furar um bloqueio na BR-060 de manifestantes insatisfeitos com o resultado das eleições; ele chegou a puxar a arma e disparar para o alto

24/03/2024 17h45

Segundo relato da polícia Militar, na última sexta-feira (24), em torno de 12h30, no momento da distribuição das marmitas aos internos Reprodução Redes Sociais

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O avdogado criminalista Bhenhur Rodrigo Breciani, de 36 anos, conhecido por ter tentando furar um bloqueio na BR-060 e efetuar disparos contra manifestantes insatisfeitos com o resultado das eleições de 2022, fugiu do presídio Militar, em Campo Grande.

Segundo relato da polícia Militar, na última sexta-feira (24), em torno de 12h30, no momento da distribuição das marmitas aos internos, deram falta do advogado que está preso desde fevereiro deste ano por violência doméstica. 

Após ter sido ameaçada de morte, a ex-companheira denunciou Bhenhur que foi preso, no dia 23 de fevereiro, tentando invadir a casa dela em Ponta Porã. 

O boletim de ocorrência da fuga foi registrado por um militar que estava de plantão quando o advogado desapareceu. A polícia está investigando a fuga e buscas estão sendo feitas para recapturar o foragido. 

Disparos

No dia 31 de outubro de 2022, Bhenhur foi preso pela Polícia Rodoviária Federal quando tentou furar um bloqueio de manifestantes descontentes com o resultado das eleições que deram vitória ao presidente Lula (PT). Na ocasião ele avançou com o carro e chegou a dar tiros para o alto.

O advogado criminalista que tentava seguir pela MS-060 em Sidrolândia disse que estava a caminho de Campo Grande para trabalhar e apesar de ser de direita era contrário ao bloqueio e estava apenas tentando usufruir do seu direito de ir e vir.

A mensagem foi dita por meio de um vídeo que o advogado publicou em suas redes sociais para expor a sua versão do ocorrido. Na gravação disse que se viu "obrigado a reagir" já que os manifestantes, segundo relatou, teriam investido contra o veículo que ele conduzia.

 

"Me vi obrigado a reagir, pois os manifestantes investiram contra mim, contra minha integridade física, contra minha vida e para preservar minha vida utilizei minha arma de fogo. Não feri ninguém e só quis me defender. Eu tentei passar a barreira e o pessoal começou a jogar coisas no meu carro e, ao mesmo tempo, um pessoal veio em direção e tentou abrir a porta do carro para me retirar de lá. Se eles tivessem consigo me pegar, com certeza eles iriam me agredir, me espancar ou até me matar”, disse.

Veja o vídeo

 

 

 

 

A reportagem tentou contatar o advogado de Bhenhur Rodrigo Breciani, mas até o fechamento da matéria não obtivemos retorno.

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