Polícia

NELSINHO TRAD

Documento indica negociação de sentença no TJ em favor de senador

Papel apreendido com Jamil Name aponta pagamento de R$ 2,25 milhões por decisão judicial

EDUARDO MIRANDA

03/10/2019 - 12h26
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Documento encontrado na casa de Jamil Name, durante cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão, da Operação Omértá, na última sexta-feira (27 de setembro) menciona a compra de decisões judiciais em segunda instância, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Por envolver a citação do nome do senador Nelsinho Trad (PSD) e de um desembargador no papel apócrifo, ambos com foro privilegiado, o juiz da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, Marcelo Ivo de Oliveira, remeteu a folha apreendida ao Tribunal de Justiça, e ainda solicitou o encaminhamento para outras cortes, como o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao todo, as duas decisões, conforme o documento apreendido, teriam custado R$ 2,25 milhões.

As decisões judiciais referem-se a manutenção de liminar de desbloqueio de bens, e também pelo julgamento do mérito. Em outro processo citado no documento apócrifo também são solicitadas liminares de desbloqueio de bens dos réus no processo. Os bloqueios de bens  constra Nelsinho Trad seriam processos que tramitam na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, e tiraram efeito de decisões de David de Oliveira Gomes Filho. Não há nenhuma outra prova anexada ao documento, encontrado na casa de Name. 

Do primeiro processo, cujas decisões tiveram o preço fixado em R$ 2 milhões (R$ 1 milhão pela liminar e mais R$ 1 milhão pelo mérito), somente R$ 200 mil foram pagos, e em diversas parcelas. Ainda restaria R$ 1,8 milhão a pagar. Cada um dos cinco réus no processo, inclusive o político, arcaria com R$ 200 mil cada um. 

No segundo processo, outra ação de improbidade administrativa com cinco réus, e que envolve um ex-secretário do município, também teria sido concedida uma liminar de desbloqueio de bens, cujo valor foi de R$ 250 mil. Desta, nada foi pago. Ainda restam R$ 2,05 milhões a pagar em todas as ações. 

“Oficie-se à Presidência do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul, com cópias de fls. 1195/1202, para conhecimento e eventuais providências, inclusive eventual remessa de peças ao Superior Tribunal de Justiça e/ou ao Supremo Tribunal Federal. Intimem-se”, afirma o despacho do juiz Marcelo Ivo de Oliveira, no inquérito que investiga o grupo de extermínio investigado pelo Grupo de Apoio Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e Grupo Armado de Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras).  

De fato, Nelsinho Trad teve bens bloqueados recentemente. Em julho último, foram R$ 101 milhões indisponibilizados dele e dos ex-secretários municipais Marcos Antônio Moura Cristaldo e João Antônio de Marco, além das empresas sócias da CG Solurb, LD Construções e Financial Construtora Industrial e seus respectivos proprietários: Lucas Potrich Dolzan, Luciano Potrich Dolzan, e Antônio Fernando de Araújo Garcia, além do empreiteiro João Alberto Krampe Amorim dos Santos e a irmã dele, ex-deputada e ex-mulher do senador e ex-prefeito, Maria Antonieta Amorim. Em 18 de setembro, porém, o senador tentou desbloquear os bens, mas o desembargador Marcelo Câmara Raslan, não atendeu o pedido, e recebeu o recurso apenas no efeito devolutivo (sem suspensão da decisão de 1ª instância).  

OUTRO LADO

A assessoria do senador Nelsinho Trad, informou que ele jamais participou de qualquer negociação com qualquer pessoa que seja. “A ilação não faz o menor sentido, uma vez que todas as decisões do desembargador foram, até o presente momento, contrárias aos recursos interpostos”. A assessoria do senador ainda informou que trata-se de um papel apócrifo e sem assinatura e, por isso, “sem sentido”.

“Ainda, somos favoráveis à abrir qualquer tipo de sigilo, seja processual, fiscal, telefônico, que envolve o senador para deixar absolutamente claro que não há nenhuma vinculação dele com o fato relacionado", acrescenta a equipe do senador.

"Tomaremos as medidas judiciais contra essa brutal tentativa de macular a reputação do senador Nelson Trad Filho”, encerra a nota. 

O Tribunal de Justiça informou que ainda aguarda os resultados da investigação: “O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul está aguardando a apuração dos fatos relacionados à operação Ormetà. O documento divulgado nesta quinta-feira (3), trata-se de documento apócrifo, que ainda não se sabe a origem”. 

CHEQUES

Na mesma ocasião em que a planilha referente a compra de decisões no Tribunal de Justiça foi apreendida, a força-tarefa do Garras, Gaeco (que contou com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar) ainda encontrou cheque do Banco do Brasil em nome do ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, no valor de R$ 100 mil, outro cheque, do Bradesco, em nome de um ex-desembargador do Tribunal de Justiça, também no valor R$ 100 mil, e uma nota promissória no valor de R$ 150 mil. 

Na casa ainda foram apreendidos R$ 160 mil em espécie e um instrumento inusitado: um taco de beisebol com a ponta enrolada com arame farpado. Policiais da força-tarefa acreditam tratar-se de um instrumento utilizado para tortura. 
Jamil Name e Jamil Name Filho estão presos, preventivamente, há uma semana. No fim de semana passado, o advogado René Siufi, ajuizou pedido de habeas corpus em favor dos dois, pedido que foi negado pelo desembargador Eduardo Machado Rocha, que era o suplente naquele plantão. O titular, Sideni Soncini Pimentel, deu-se por impedido para julgar o pedido. 

“NINGUÉM ESTÁ ACIMA DA LEI”

Além de Name e do filho, outros 19 alvos da operação, a maioria guardas municipais, policiais civis e um policial federal, também estão presos, preventivamente ou temporariamente. Eles são apontados como integrantes de um grupo de extermínio, suspeito de envolvimento em três execuções. 

No último domingo, o Gaeco recebeu de uma agência de inteligência, notícia de que o delegado Fábio Peró, responsável pela operação, estaria com a vida em risco, e que um plano contra ele, estaria sendo tramado na cela do Centro de Triagem, no complexo penitenciário, onde estão presos os envolvidos na operação. 

Na manhã desta quinta-feira (03), durante evento em Aquidauana, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) comentou os resultados do Gaeco e do Garras na operação, e afirmou que “ninguém está acima da lei”.

Confira o documento abaixo:

 

* Reportagem editada às 13h17 para acréscimo de informações, às 15h23 para correção de números e às 18h49 para acréscimo de mais informações.

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Operação Uxoris

Denúncia de ex-esposa desencadeou operação contra lavagem de dinheiro e contrabando

Mulher descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome, feitos pelo ex-marido, e acionou a PF

03/12/2025 11h30

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade MARCELO VICTOR

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Operação Uxoris, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) nesta quarta-feira (3), surgiu a partir da denúncia da ex-esposa de um dos integrantes da organização criminosa, que utilizava os documentos pessoais dela para abrir pessoas jurídicas (PJs), sem autorização, para praticar delitos.

A partir disso, ela descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome e acionou a PF. Em posse das informações, PF e RFB iniciaram as investigações há dois anos e desencadearam a Operação Uxoris, cujo nome faz referência a essa situação conjugal.

"A investigação começou a partir de uma denúncia apresentada pela ex-esposa, de um dos integrantes do grupo criminoso, ela comunicou a Polícia Federal a utilização de seus documentos pessoais para abertura de pessoas juridicas que estariam sendo utilizadas para a pratica desses delitos, gerando passivos tributarios, sem autorização dessa senhora. A partir disso, a Polícia Federal iniciou as investigações da Operação Uxoris, em referencia justamente a essa outorga conjugal”, detalhou o chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade.

OPERAÇÃO UXORIS

Efetivo de 70 servidores, sendo 50 policiais federais e 20 agentes da Receita Federal, alocados em 12 viaturas, deflagram a Operação Uxoris, na manhã desta quarta-feira (3), em Mato Grosso do Sul e São Paulo (SP).

Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito em Campo Grande (MS) e um em Osasco (SP). Na Capital sul-mato-grossense, os mandados foram cumpridos no Centro, bairro Universitário, Vila Nhá-Nhá, entre outros locais.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Esses produtos - eletrônicos, brinquedos, utensílios domésticos e acessórios eletrônicos- eram vendidos em lojas online (marketplace) e lojas físicas, todas localizadas em Campo Grande (MS). As mercadorias eram distribuídas em todo o território nacional.

Os itens são oriundos de vários países e entraram no País através da fronteira Brasil/Paraguai.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões. Wellington da Silva Cruz, policial militar, é um dos integrantes do grupo criminoso.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O grupo criminoso utilizava a modalidade de pagamento “dólar-cabo”, que é um sistema informal de transferência de dinheiro para o exterior.

Em vez de enviar o dinheiro fisicamente, a pessoa no Brasil paga em reais a um "doleiro", que então garante que a mesma quantia seja entregue em dólares em uma conta no exterior. Essa operação é frequentemente utilizado em atividades ilícitas e considerada crime de evasão de divisas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o delegado da PF, Anezio Rosa de Andrade, os crimes desencadeiam em concorrência desleal, que é é algo que prejudica os comerciantes que pagam os devidos impostos.

“Um comerciante que faz o pagamento formal, que tem a sua empresa regularizada, muito dificilmente consegue concorrer com outras empresas, com outros comerciantes, que não atuam da mesma forma. Então, o nosso objetivo também, além de combater a questão aduaneira e tributária, é também fortalecer a concorrência lícita dentro do território nacional”, explicou.

Operação Uxoris

PF e Receita desmantelam esquema de contrabando de mercadorias ilegais

Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande (MS) e Osasco (SP)

03/12/2025 08h15

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Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) cumpriram nove mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (3), durante a Operação Uxoris, em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Na Capital sul-mato-grossense, os mandados supostamente foram cumpridos nos altos da avenida Afonso Pena e bairro Universitário.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Conforme apurado pela reportagem, os produtos eram distribuídos em todo o território nacional, por meio de vendas online (marketplace) e através de lojas físicas localizadas em Campo Grande (MS).

De acordo com a PF, o grupo criminoso utilizava a modalidade conhecida como dólar-cabo para efetuar pagamentos das mercadorias, realizando remessas ilegais de valores ao exterior mediante compensações financeiras irregulares.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

CONTRABANDO E DESCAMINHO

Contrabando e descaminho são crimes relacionados à importação e exportação de mercadorias. Contrabando é a importação ou exportação de mercadorias proibidas.

Descaminho é à importação ou exportação de mercadorias lícitas sem o pagamento dos tributos devidos. A principal diferença reside na natureza da mercadoria: no contrabando, a mercadoria é proibida; no descaminho, a mercadoria é legal, mas o tributo não é pago.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontam que 68 ocorrências de contrabando e 56 de descaminho foram registradas, entre 1º de janeiro e 27 de novembro de 2025, em Mato Grosso do Sul.

Em relação ao descaminho, 0 ocorreu em janeiro, 11 em fevereiro, 2 em março, 5 em abril, 5 em maio, 2 em junho, 5 em julho, 9 em agosto, 4 em setembro, 11 em outubro e 2 em novembro.

Em relação ao contrabando, 2 ocorreram em janeiro, 8 em fevereiro, 4 em março, 2 em abril, 9 em maio, 9 em junho, 5 em julho, 8 em agosto, 4 em setembro, 13 em outubro e 4 em novembro.

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