Após o deplorável incidente do ataque ao Instituto Lula – o qual, inclusive, lembra práticas de guerrilha –, surtiu-me a curiosidade de acessar o sítio eletrônico do Instituto, a fim de descobrir o que fora declarado a tal respeito. Eis que, para minha indignação, deparei-me com algo tragicômico, no qual, por um lado, fala-se em ausência do espírito democrático, e, por outro, na comemoração de um foro fundado por países ditatoriais, isto é, o jubileu de 25 anos do Foro de São Paulo.
Que o PT tem se tornado um partido de mera conveniência, isso todos nós já percebemos. O projeto de poder traçado por Lula, Dirceu, Genoino e demais “companheiros” contemplava a institucionalização da prática da corrupção, a fim do sustento da máquina partidária, a qual, ao longo da última década, maquiou-se de boa samaritana na luta pelo fim da desigualdade social no País. Em fato, tratou-se de um verdadeiro teatro. O crédito despejado nas classes menos favorecidas fez com que a tal “ascensão social” levasse o País a uma vergonhosa crise econômica, afinal de contas, o gasto em social não retirou o Brasil de sua pior mazela: vivemos em um país fraquíssimo em estrutura. Reagan sabiamente afirmou que o melhor programa social traduz-se na criação de emprego. No Brasil, entretanto, em vez de se solidificarem as estruturas geradoras de emprego, isto é, fortalecer o mercado, a livre iniciativa, a desburocratização, a reforma tributária, o sistema financeiro etc, colocou-se o empresário na periferia da pauta de prioridades; e, após 12 anos de PT, o Brasil contenta-se em ser o 24° país exportador do mundo, protagonista de fracas relações de mercado internacional (basta verificarmos o quão fora insistido no inexpressivo Mercosul), inflação batendo a casa dos dois dígitos e desemprego em alta. O cenário, caro leitor, é crítico. E, para piorar, se ao menos tivéssemos uma política na qual pudéssemos depositar uma possível solução para os problemas, tal hipótese seria consoladora. No entanto, é evidente que a política mostra-se mais falida do que a própria economia.
Tal falência à qual me refiro confirmou-se no episódio relatado no início do presente artigo de opinião: o sítio eletrônico do Instituto Lula celebra a existência de um encontro composto por ditadores que levaram parte da América Latina ao seu pior momento histórico. As Américas Espanhola e Portuguesa não mais existem; no entanto, vivemos, no momento, a América do teatro, da corrupção, da mentira... Vejamos o que afirma o próprio Instituto Lula: “O Foro é comunista? Não, é uma reunião de organizações progressistas e de esquerda. Há partidos comunistas dentro do Foro, como o cubano e o PCdoB, mas existe pluralidade de visões. O que há de comum entre todos os integrantes é o fato de serem de esquerda, anti-imperialistas, socialistas e democráticos”.
Ora, caro leitor, pretende o Instituto Lula zombar de nossa inteligência? É possível um encontro ser democrático na presença de partidos cubanos? Pois bem. A resposta parece-me tão óbvia quanto o mal que os “companheiros” fizeram ao País.