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Wagner Cordeiro Chagas:
"As eleições de 1982 em MS"

Mestre em História pela UFGD

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Em continuidade à série de artigos referentes às eleições gerais em Mato Grosso do Sul, aborda-se aqui a primeira eleição em que a população do Estado votou para governador. Proibido de escolher seus governadores pelo voto direto, desde que a ditadura militar acabou com esse direito, em 1966, o eleitor brasileiro somente voltou a eleger o chefe do poder Executivo estadual no dia 15 de novembro de 1982.

Foi uma eleição bem diferente das que se estava acostumado até então, pois o Brasil possuía naquele ano 5 partidos políticos: PMDB (ex-MDB), PDS (ex-Arena), PTB, PDT e PT. Esses partidos nasceram em 1980, quando a ditadura manobrou para tentar derrotar seu maior rival: o MDB, com a lógica de divisão da oposição. Outras duas estratégias adotadas foram o voto vinculado, que obrigava o eleitor a escrever na cédula o nome de candidatos do mesmo partido para os diferentes cargos em disputa, sob o risco de anular o voto; e a prorrogação das eleições municipais, que deveriam ocorrer em 1980, para o ano de 1982, o que levou o Brasil a votar de uma só vez para governador, senador, deputado estadual, deputado federal, prefeito e vereador. No caso do cargo de prefeito, é importante lembrar que nem todos os municípios tinham o direito de escolhê-los pelo voto popular, eram os municípios classificados como área de segurança nacional, como os de fronteira, onde o governador do estado era quem nomeava o chefe do Executivo municipal.

Nesse cenário, concorreram ao governo de Mato Grosso do Sul o ex-deputado cassado pelo AI-5, Wilson Barbosa Martins (PMDB); o ex-prefeito de Dourados José Elias Moreira (PDS) – candidato do governador Pedro Pedrossian e da ditadura –, o ex-prefeito de Campo Grande Wilson Fadul (PDT) e o então deputado federal Antônio Carlos de Oliveira (PT). Num embate apertado, o vencedor foi Wilson Barbosa Martins, que se tornou o primeiro governador eleito pelo voto popular por aqui. Na época, não existia segundo turno. O candidato que atingisse o maior número de votos estava eleito. As eleições de 1982 representaram, a nível nacional, uma grande derrota para a ditadura, pois a oposição liderada pelo PMDB ganhou em 8 estados, sendo 2 deles os de maior força econômica: São Paulo e Minas Gerais.

Para a Assembleia Legislativa, foram eleitos, pelo PMDB: Jonathan Barbosa, Onevan de Matos, Roberto Orro, Akira Otsubo, Valter Pereira, João Leite Schimidt, Ayres Marques, Ivo Cerzósimo, Anis Faker, Benedito Leal, Nelson Buainain e Cecílio Gaeta. Do PDS, foram escolhidos: Ghandi Jamil, Londres Machado, Zenóbio dos Santos, Walter Carneiro, Daladier Agi, Nelson Trad, Waldir Cardoso, Manfredo Alves Corrêa, Ary Rigo, Armando Anache, Djalma Barros e Arthur Jorge.

Os representantes eleitos para a Câmara dos Deputados foram: Plínio Barbosa Martins, Sergio Cruz, Rubén Figueiró e Harry Amorim Costa, todos do PMDB. Pelo PDS, elegeram-se: Levy Dias, Saulo Queiroz, Ubaldo Barém e Albino Coimbra. Ao Senado Federal, elegeu-se um candidato do PMDB, o ex-governador Marcelo Miranda Soares. Ele deixou o PDS, filiou-se ao PP. Em 1981, seu partido fundiu-se ao PMDB.