O passado é um arquivo feito de acontecimentos, palavras e obras, frutos de decisões e realizações. Não poderá ser considerado algo perdido. Ele deixa suas lições e seus ensinamentos. Não poderá jamais ser desprezado e muito menos apagado. Ele faz parte da história, seja ela individual, seja ela familiar, seja ela coletiva.
Sempre permanecerá algo de valor em sua trajetória. E esse algo de valor se tornará razão e fundamento para novas iniciativas, novas atitudes e novos empreendimentos. E quem tiver bom senso saberá respeitar a diversidade de pensamentos e de ideologias. Saberá conviver com essas diferenças e criará um conteúdo muito pessoal de conceitos e de ideias que vão definindo seu modo de conceber a vida em seus valores e em seus dons.
Não perderá tempo com lamentações. Não se limitará a reprovar comportamentos diferentes dos seus. Saberá respeitá-los. Não condenará maneiras diferentes das suas de interpretar filosofias e ideologias. Saberá criar um conteúdo sólido de princípios e de conceitos que o distinguirão dos demais e o projetarão no cenário humano e social.
Esse seria o perfil ideal para o homem e para a mulher que se veem diante de perspectivas de sucesso e de realização em seus projetos de vida e de ação. Mas sempre se encontrarão necessitados de complementação. Sozinhos não conseguirão alcançar plenamente seus ideais, mesmo porque sempre haverá a necessidade de comparar suas ideias com outras, suas iniciativas com as de outros, e seus projetos com os demais.
E ainda será preciso vestir a veste da humildade e da simplicidade para concretizar seus planos de vida. É bom enfatizar que nenhum ser humano conseguirá sobreviver isolado da comunidade. Mesmo que o ambiente aparentemente não lhe favoreça espaço e conteúdo para seus planos, ainda assim será preciso respeitar e procurar algo com que completar seus anseios de felicidade.
Essa procura poderá inquietar muitas consciências. Poderá provocar crises existenciais. Essa procura poderá levar a ver pela frente o novo, mas o antigo ainda pesará em sua personalidade. Poderá desejar desfazer-se dos velhos conceitos de moral, de crenças e até do próprio Deus, mas a consciência não libera. Permanecem marcas, às vezes cruéis, que não permitem viver com plena liberdade.
O novo modo de pensar, a nova maneira de viver uma religião, o novo modo de conviver e de conduzir uma família poderá perturbar e inquietar. Será preciso uma dose muito forte de prudência e de paciência.
Prudência para não se deixar enganar por certas promessas mágicas de cura e libertação. Paciência para caminhar um passo após o outro. Não precipitar decisões. Não aceitar proposta qualquer. Não se deixar impressionar por supostos milagres.
Nada mais saudável do que aceitar e respeitar o passado. Nada mais sábio do que amar o passado da maneira que aconteceu e as marcas que deixou. Amando esse passado pessoal saberemos amar e cultivar o novo que poderá inquietar mais do que o antigo, mas será assumido como missão e tarefa permanente. Feliz e abençoado ano-novo.