Estamos caminhando para a plenitude. E o caminho nem sempre é seguro e favorável. Muitas vezes surgem surpresas nada agradáveis. As dúvidas aparecem mais fortes do que a disposição em prosseguir ou os sonhos a conquistar.
Quando imagina estar seguro, surgem tentações querendo desestimular a continuidade e a confiança naquilo que se propõe. E se depara com a fragilidade do acreditar e do perseverar nos objetivos que se propusera alcançar. Tudo se faz dúvida. Tudo se faz incerteza.
Em momentos de emoção, tem a sensação de estar seguro e satisfeito com as escolhas e com as decisões. Mas os ventos nem sempre são favoráveis. Às vezes se apresentam contrários, forçando a duvidar e a desconfiar da bondade e da misericórdia de Deus, embora Deus nada tenha a ver. Tudo é consequência dos limites da inteligência humana.
Nesses momentos, será preciso bastante prudência em querer sair bem. Será preciso rever as razões que levaram a assumir determinada missão. Não pode apenas duvidar. Não pode ficar na insegurança ou no medo. Nessa hora, será preciso renovar o entusiasmo e a alegria de estar a caminho da plenitude. Será preciso amar os próprios dons e os próprios sonhos.
Jamais desanimar. Sempre acreditar e amar a escolha feita. Sempre respeitar as dúvidas e confiar na bondade de Deus. Mesmo que essa bondade pareça estar escondida, será preciso continuar perseverando. Será preciso saber que o tempo dos homens não é o mesmo tempo de Deus. O tempo dos homens é um tempo acompanhado de pressa em ser atendido e o tempo de Deus vem acompanhado de paciência e de misericórdia.
Só Deus saberá o dia e a hora de atender. Isso acontece em nosso dia a dia. O homem sempre apressado e Deus sempre paciencioso. O Evangelho relata um fato interessante para elucidar isso. Diante de um povo faminto de justiça, o Mestre dos mestres encara um fato comum na sociedade para explicar a importância da perseverança no alcançar a justiça.
Narra o Mestre: “Havia um certo juiz que não temia a Deus. E havia uma viúva que vinha com frequência para dizer-lhe: ‘Faze-me justiça contra meu adversário’”.
Ele, por muito tempo, não quis atendê-la. Mas um dia o coração desse Juiz, movido de certa compaixão, pensou: “Eu não temo a Deus, nem respeito os homens, mas essa viúva não me dá sossego. Vou atendê-la. Caso contrário ela continuará me molestando” (Lc. 18,1-8).
A insistência dessa viúva não significa que deveremos apenas ficar insistindo naquilo que estivermos querendo, mas o fato de nos dirigirmos a ele todos os dias, confiando em sua bondade e em sua generosidade. Não desanimar por causa da demora em nos atender. O tempo dos homens não é o mesmo tempo de Deus.
O homem tem pressa. Deus não. Ele sabe do que realmente somos carentes. Ele sabe a hora que de fato precisamos. Nós pedimos o que nos interessa. E ele tem para nos dar aquilo que necessitamos. Essa é mais uma razão de continuarmos confiantes nesse Deus da bondade e da misericórdia. Ele não possui agenda e nem relógio. Em qualquer hora e em qualquer situação ele está atento e pronto em servir.