Cada ser humano leva em sua bagagem um número ilimitado de possibilidades. Essas possibilidades se tornarão realidades na medida em que souber organizá-las e administra-las. Em sã consciência, ninguém poderá se julgar mais ou menos agraciado, pois cada qual possui o suficiente para se realizar a contento.
Tudo é possível enquanto estamos a caminho. Tudo é razoável enquanto tivermos lucidez em escolher e organizar. Apresar das muitas limitações temos a reconhecer que somos agraciados de muitos valores, tanto no intelecto quanto no espírito.
Assim sendo temos em nós o poder de construir uma vida saudável e ornada de muitos recursos para um relacionamento benéfico com os demais seres humanos. E esse relacionamento só será possível se aceitarmos que somos seres profundamente necessitados.
Somos necessitados de amor, de compreensão, de perdão e de muitos outros valores que, sem os quais, permaneceríamos à beira do caminho sem esperança alguma. E o fato de nos reconhecermos necessitados nos leva a manter um relacionamento profundamente fraterno e solidário com todos aqueles e aquelas que se encontram nesse caminho comum.
Será nesse relacionamento que organizaremos meios para uma convivência compromissada com o respeito de uns pelos outros, de participação nos projetos que irão contribuir na edificação de uma comunidade de fé e de amor.
E não haverá como fugir disso. Ou nos amamos ou, então, nos odiamos. Ou nos perdoamos, ou, então, nos vingamos. Ou salvamos uns aos outros, ou nos condenaremos miseravelmente.
Para levar a sério essa necessidade precisaremos buscar na sabedoria do Mestre dos mestres algo muito precioso e que nos garanta a segurança em nossa fé e maturidade em nossa escolha. Assim o Mestre nos adverte: “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também deveis amar-vos uns aos outros”
E não ficou só nisso. Foi mais além. Mostrou como deveria ser esse amor, quanto deveríamos amar e até onde deveria nos levar esse amor. E disse: “E nisso todos reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo.13,33-36).
Nesse mundo marcado por tanta violência, por tamanha desonestidade e tantas injustiças, o Mestre nos desafia em nossa sensibilidade e em nossa coragem de amar. Não amar apenas a quem nos ama, mas a todos indistintamente. Não perdoar apenas a quem nos perdoa, mas perdoar a todos e sempre.
Essa maneira de ser e de agir contraria a nossa maneira de conviver. Deixa-nos completamente sem saber como agir e como tratar os demais. É duro ter que cultivar a não-violência. É duro ter que amar a todos e até a quem nos persegue e calunia.
Contudo, se quisermos sentir-nos amados de verdade teremos que amar o tanto e o como o Mestre nos ama. Se quisermos experimentar o sabor e a grandeza da paz teremos que dedicar nossas forças e nossos talentos em favor de uma sociedade justa e solidária.
Se quisermos um mundo melhor, teremos que organizar um código de leis baseado na única lei trazida a nós por Jesus Cristo: “Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros’