“Não falo como homem de partido, mas como brasileiro” – assim se expressou recentemente o ex-presidente FHC sobre a importância de ajudar o eleitor a diferenciar entre a demagogia e a proposta consistente de governo. Penso o mesmo. O Brasil está ultrapassando um dos caminhos mais pedregosos de sua vivência na democracia. Alias, já percorreu outros de idêntica traumaticidade, entre os quais, ressalto o que decorreu do movimento cívico-militar de 1964. Os que viveram aqueles transcendentais momentos têm ainda presentes o quanto a nação sofreu para se libertar de regimes de força, pendulares de esquerda e de direita.
É ainda de FHC: “A história dos últimos vinte anos mostra que a democracia pode morrer sem que necessariamente haja golpe de estado e supressão de eleições”. Tem razão o eminente homem público, pois o que hoje ocorre pode ser uma tentativa de alguns líderes políticos, com suas bravatas, entorpecerem pelo rancor e pelo medo a intenção do eleitor para que esqueça a majestade de seu direito de votar com a lídima consciência pelo que entende como melhor para a Pátria e o estado onde vota. Não há necessidade de citar nomes, eles estão na ponta da língua de qualquer cidadão, não importa em que escala social se encontra.
É concebido que, pelo menos, dois dos pretensos candidatos querem pôr fogo no ânimo do eleitor, tentar levá-lo para os extremos da raivosidade e da insensatez. Um deles já esta nocauteado estendido no canto prisional do ringue, porém, não morto politicamente, pode ressurgir mercê de qualquer artifício jurídico-processual. Por si ou por sua delegação, com a sua lábia e força de sucuri, poderá esmagar a consciência do eleitor pouco atento. O outro está pavoneando o mantra do mata ou aleija, queimando campo por onde passa e incendiando paixões. Para mim é muar de fôlego curto, mas que deixa rastro.
Mudo levemente de curso, porém mirando o mesmo norte (o alerta para a importância do voto consciente) para a campanha eleitoral antecipada que aí esta, ressalto sobrepondo a legislação em vigor – que a politicagem não respeita – para ressaltar as opiniões de destacadas personalidades no campo da economia sobre as intenções de algumas candidaturas já postas ao lume. Lembro de Pérsio Arida e Edmar Bacha sobre as bases do programa de Geraldo Alckmin e dele retiro um ponto que reputo relevante: acabar com a parafernália de impostos que surra o contribuinte atual, transformando em um só sobre o valor adicionado – o imposto único.
Também formulador do Plano Real, como Arida e Bacha, Gustavo Franco defende o programa de João Amoêdo, do Partido Novo, ao sustentar com teses fortemente liberais a reformulação dos sistemas previdenciário e trabalhista, ampla abertura para as privatizações, inclusive do Banco do Brasil, sem descaracterizar a sua marca. Li, também, o economista Eduardo Gianetti da Fonseca, que tentará ajudar a postulação de Marina Silva – presidente. Ele destaca a reforma do pacto federativo com a redução do poder concentrador de Brasília, para fortalecer estados e municípios, na missão de tributar para que o dinheiro público seja gasto mais perto de onde é arrecadado.
Todas são opiniões ponderadas e por tanto valiosas para a conscientização do cidadão – eleitor e o poder de seu voto.