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Ruben Figueiró:
'Nas águas de janeiro III'

Ex-senador da República

Redação

16/01/2018 - 02h00
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Com idêntico título escrevinhei algo no ano passado e que foi publicado pelo nosso sempre presente Correio do Estado (edição de 1º/2/2017). Relendo-o nesse janeiro, cientifiquei-me que, em sua essência, quase nada mudou nesta República amada. Claro, houve mudanças de importância estratégica para a administração federal.

Citarei algumas para avivar a  memória. Neste janeiro de muita chuva, não somente aqui em nosso Estado, com inundações ocorrendo em cidades, estradas interditadas e pontes ruindo em vários municípios, enchentes em rios da bacia pantaneira, cujas águas acumuladas já atingem as suas partes mais altas. Chove pelo Brasil continental, abençoando também o Nordeste, até a pouco sofrido por causticante seca. 

Notícia alvissareira: a inflação foi contida em 2,95%, após longos anos de persistente perseguição sobre as esquálidas finanças de nós brasileiros. Embora não reconhecido pelos impertinentes “lulo-petistas”, a boa notícia vem do esforço do inaudito e incompreendido governo Temer.

Aliás, o presidente Temer – no meu entendimento – tem realizado um esforço espartano para conduzir a administração federal a bom rumo, rumo perdido pela desastrosa gestão da senhora Dilma Rousseff, que acompanhou o descarrilamento administrativo de seu antecessor, herança de seus últimos dezoito meses com o surgimento dos escândalos que originaram a higiênica Operação Lava Jato.

Interessante, os petistas encardidos estão imputando as dificuldades criadas por eles próprios como obra do presidente Temer. Quanta desfaçatez!

Na política partidária, a bagunça continua desenfreada. Os partidos perdem a identidade, há muito debilitada, uns passam a chamar-se “Podemos”, outros “Avante”, “Agora”, outros voltam às suas siglas venerandas e já desbotadas de conteúdo, mas o miolo continua constituído pelas mesmas células, já atingidas pela metástase cancerosa do costume oligárquico.

Fala-se que se impõe a renovação de valores para substituir a claque de políticos atuais e apresentam como sugestão para substituí-la cidadãos de coturno difuso e duvidoso; alguns marcados por diatribes conhecidas e reconhecidas como as de Lula; outros com sinais de raivosidade e de conservadorismo medieval (esta expressão cunhada por consagrado cronista do Estadão), como os do capitão Bolsonaro; alguns marcados pela insistência em postular a presidência, como a de Ciro Gomes, costumeiro transeunte por diferentes siglas e useiro de destempero verbal; a senhora Marina Silva com suas propostas démodé, enredadas. E por aí vai. 

Nesse mar revolto de tantas pretensões ao cargo mais representativo da República, esta marcada por um regime presidencialista de governo decadente, tenho ainda convicção de que o melhor caminho para o País é a opção pelo regime parlamentar.

Nestas águas de janeiro, tenho infundadas esperanças em apenas dois dos atuais pretensos postulantes à Presidência, pelo seu contexto político relevante que atesto porque os conheço há muito, com eles convivi quando juntos exercemos mandatos parlamentares, reconhecendo-lhes, repito, uma formação cidadã irreprochável: o governador Geraldo Alckmin, meu correligionário no PSDB, e o senador Álvaro Dias, valor que o meu partido não soube conservar. No mais, vamos em frente para enfrentar outros temporais chuvosos e outros eventos excruciantes.