Pedrossian nos deixa não apenas saudades e boas recordações, mas um legado de otimismo e esperança em relação ao futuro. Engenheiro de competência notória, político hábil e brasileiro de forte senso patriótico, foi reconhecido em seus três períodos no governo de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – 1966 a 1971, 1980 a 1983 e 1991 a 1994 – como um administrador pragmático e eficiente. Construiu estradas, hospitais, parques, escolas e universidades, com rara noção da importância de o governante auscultar a sociedade e elaborar projetos afinados com os interesses da maioria. Vinculava, naturalmente, a administração do estado com as aspirações da sociedade e com os projetos desenvolvidos no âmbito nacional.
Em sua trajetória política, Pedrossian demonstrou diversas vezes a capacidade de conciliar competência técnica com aguçada leitura política, visão de conjunto e zelo no comprimento de cada tarefa, mesmo as de menor porte. O novo Estado de Mato Grosso do Sul, surgido de decreto do gaúcho Presidente Ernesto Geisel, em 1º de janeiro de 1979, teve boa parte de sua estrutura física viabilizada pelo engenheiro e governador mirandense. Diferentemente do político brasileiro médio, Pedrossian pensava no bem estar do cidadão sul mato-grossense, não apenas como trabalhador ou usuário das obras públicas do estado, mas em todos os momentos de sua formação.
Ao criar escolas de nível médio e superior, as grandes universidades e o Parque dos Poderes, que reúne todas as secretarias de Estado, revelava amplo conhecimento e respeito aos valores da cidadania. Trazia consigo o que nosso educador e filósofo Mário Sérgio Cortella resumiu de maneira esplêndida: “Muita gente acha que política é uma coisa e cidadania é outra, como garfo e faca, e não é. Política e cidadania significam a mesma coisa”.
Reitero a importância do Parque dos Poderes, pois foi pesando no cidadão e, obviamente, no eleitor – o que não é demérito – que escolheu um nobre local da nossa cidade de Campo Grande para centralizar todas as atividades administrativas do Estado, otimizando o tempo disponível para a execução das tarefas cotidianas e, consequentemente, melhorando o atendimento ao público. Nesse Brasil de hoje, em que são poucos os exemplos de políticos que assumem amplamente suas responsabilidades junto ao eleitorado e que trabalham para a construção de um Brasil melhor, as gestões de Pedrossian são exemplos para as novas gerações.
Há que se pensar um Brasil com melhores condições de vida – educação, saúde, segurança, moradia – para toda a população. Mas não é possível atender todas as necessidades ao mesmo tempo. Campo Grande, que ainda tem problemas a serem superados, cumpriu o principal dessa imensa tarefa e, parte dela, foi realizada por Pedro Pedrossian.
Enfim, em meio às lembranças de suas realizações e de sua fidelidade àqueles que confiaram em seu nome, Pedrossian nos lembra o papel desempenhado pelo almirante Augusto João Manuel Leverger, em Mato Grosso, à época da Guerra do Paraguai.
Nesse sentido, o Editorial do Correio do Estado, de 23 de agosto, não poderia ter sido mais feliz na descrição do legado de Pedrossian: “Ele não se limitou a construir prédios e estradas. Pensava no que seria essencial para garantir desenvolvimento: na saúde, educação ou nos projetos de integração viária para ajudar no escoamento da produção agrícola e no crescimento das cidades. Havia uma consonância entre o que era planejado e o avanço populacional e econômico.” Estivéssemos ainda no Império, Pedrossian seria, certamente, Barão de Miranda.