Tenho participado de muitos eventos de agronegócio, interagido em muitos grupos de WhatsApp e acompanhado muitas discussões nas redes sociais. Um dos temas mais debatidos é a questão da inovação no agronegócio. Afinal, ela realmente existe?
Esse questionamento me remete ao ano de 2004, quando comecei a atuar no segmento. Naquela época, ganhavam relevância as discussões em torno da utilização do silobolsa no agronegócio brasileiro. Hoje, essa opção de armazenamento faz parte de nossa estrutura rural, como complemento ao silo tradicional.
Pouco tempo depois, uma das principais empresas de máquinas agrícolas optou por lançar uma campanha na qual os produtores poderiam escolher as cores dos seus tratores. A iniciativa não foi muito bem-aceita pelos agricultores, pois as opções incluíam cores já consolidadas pela concorrência.
Entre acertos e erros, o agronegócio caminhou rumo à prosperidade. Nos últimos anos, estamos acompanhando a consolidação do conceito “agtech”, empresas que têm como foco a tecnologia para agronegócio.
Este cenário encontra grande respaldo no novo perfil do produtor rural. Se, antigamente, o homem do campo era disciplinado simplesmente a ter a terra em movimento, por meio dos gestos de plantar e colher; agora ele exerce as funções de um gestor da terra, que incluem também buscar informação em tempo real para tomar a melhor decisão.
Com essa demanda fervescente, surgem empresas “agtech” com várias propostas e soluções diferenciadas. Na gestão do campo, softwares permitem o gerenciamento de entradas e saídas. Com poucos cliques, é possível verificar se a safra foi produtiva e também fazer comparações eficazes com as safras anteriores.
Na área da pulverização, drones surgem em campos anteriormente ocupados por grandes máquinas e aviões. É a chamada agricultura de precisão, com a aplicação de produtos onde realmente é preciso, com a quantidade necessária.
Na comercialização, é possível acessar plataformas e disponibilizar safras inteiras, ou seja, fazer negócio on-line. O mesmo vale, caso o produtor precise, para a solicitação de credito agrícola. Iniciativas on-line conectam agropecuaristas a instituições bancárias.
Muitas empresas apostam também em aplicativos, principalmente as do setor da pecuária. É possível, por exemplo, acompanhar a evolução de ganho de peso, programar vacinas e mapear o melhor momento para confinamento.
Dentro desse atual momento do agronegócio, há também os hubs de inovação, locais que abrigam e incentivam startups, e as aceleradoras, empresas que injetam recursos e impulsionam ideias.
Por conta deste novo ecossistema, pode-se afirmar que a inovação – válvula sempre presente no agronegócio -, irá pulsar em sua plenitude, sendo revigorada a cada novo suspiro de inovação, a cada nova ideia traçada em um plano de negócios.
Com a grande quantidade de soluções disponíveis no mercado, o cuidado – necessário e eminente – das empresas de agronegócio é não oferecer qualquer produto digital ao agricultor, mas sim a solução que ele realmente precisa, naquele exato momento, para aumentar a produtividade e elevar a rentabilidade.
Sim, a inovação traz complexidade!