Como cidadão, exerci o direito de escolher, entre os candidatos que chegaram ao segundo turno, os que se mostravam, a meu juízo, mais apropriados para ocupar a Presidência da República e o governo do Estado.
Diante das alternativas postas, votei em Reinaldo Azambuja. Longe de ser o candidato dos sonhos, pareceu-me menos pior. Afinal, ao seu oponente, com um incoerente discurso de moralidade e sem experiência administrativa e política, faltavam requisitos mínimos, sendo reconhecidamente um gestor incapaz de bem conduzir o andamento de mera vara de Justiça, convenhamos, infinitamente menor e menos complexa do que o Estado de Mato Grosso do Sul.
Então, eu, que não voto em branco nem anulo voto, pois sei do valor da democracia e da grande luta para restabelecê-la no Brasil, não tive outra opção, senão sufragar o nome do atual governador.
Ele venceu, porém, essa vitória está centrada mais no limitado menu disponível para a escolha do que nos méritos do candidato; aliás, se assim não fosse, ele poderia ter liquidado a fatura já no primeiro turno, considerando que se encontra no poder, com a máquina do Estado a seu favor e sem adversários de peso, dada falta de renovação política em nosso Estado.
Afinal, nomes surgidos de movimentos estruturados em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que se diziam apartidários, apesar de algum sucesso eleitoral, um vereador nas últimas eleições municipais e uma senadora agora, não refletem, necessariamente, a emergência de lideranças amadurecidas em processos convencionais; eles são fruto de uma conjuntura particular e não se sabe se vieram para ficar. Assim, a reeleição de Azambuja, passa também pelo fenômeno desse vácuo.
No segundo turno, a aparente vitória com 52,35% é relativa. Se forem computadas as abstenções, os votos brancos e os votos nulos, essa forma de manifestação equivale a 31,08% do eleitorado. Se for calculada a proporção dos votos de Odilon e de Azambuja, sobre o total de eleitores, tem-se, respectivamente, 32,84% e 36,08%. Esses são os números reais, sinal claro da insatisfação popular com a gestão protocolar do governador. Resta evidente que a aprovação gira ao redor de apenas um terço do eleitorado. Esse dado deve ser levado em conta, para melhor condução do novo mandato.
Usar a muleta da falência dos tesouros estaduais, como o do Rio de Janeiro, o mais emblemático, para justificar a quase inexistência de investimentos em áreas como a da cultura, por exemplo, ou a ausência de maiores projetos, é falácia. Pensar que a Caravana da Saúde seja uma forma séria de fazer saúde pública é um equívoco. Ela pode suprir um nicho de demanda reprimida; pode ter um sentido até humanitário, pode, principalmente, render votos.
Entretanto, se o governo quiser atuar consequentemente, para além desse estreito horizonte, deve usar plenamente a estrutura da Secretaria de Estado de Saúde, de modo a fortalecer os respectivos sistemas municipais e a atenção básica, para evitar o surgimento e agravamento de doenças, tornando menos custoso o financiamento da saúde; deve intervir na questão dos transportes públicos, de competência municipal, é verdade, mas cuja precariedade, reflete-se no sistema de trânsito como um todo, com extraordinário impacto para a economia, devido às mortes prematuras e ao elevado custo do tratamento dos acidentados. Em resumo, esses poucos exemplos parecem suficientes para ilustrar a razão pela qual dois terços da população esperam muito mais do que o resultado apresentado nessa primeira gestão, motivo dessa vitória minguada.