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Octavio Luiz Franco: "Revolucionárias biopsias líquidas podem detectar diferentes tipos de câncer"

Coordenador da S-Inova Biotech, professor da UCDB

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Para a grande maioria das pessoas não existe nada mais apavorante do que um exame para detecção de câncer. Apesar dos avanços da ciência e do alto percentual de cura em vários tipos de câncer, esta denominação ainda causa terror e pânico para a maioria das pessoas. Para piorar ainda mais a situação, a maioria dos testes de sangue vigentes apresenta baixa sensibilidade e alto nível de falsos positivos, levando invariavelmente a uma contraprova que consiste em uma biópsia. 

A biópsia nada mais é do que um pequeno procedimento cirúrgico no qual se colhe uma amostra de quaisquer tecidos ou células para posterior estudo em laboratório.  Entretanto este tipo de teste além de ser invasivo, também pode levar muito tempo, atrapalhando completamente a paz de espirito de qualquer paciente. Desta forma grupos de pesquisa em todo o mundo buscam exames de sangue inovadores que apresentem enorme precisão para a detecção de doenças graves. Um único exame de sangue poderia ser usado para detectar uma enorme variedade de cânceres em um único dia. Nos últimos anos, muitos testes experimentais foram definidos como biópsias líquidas, prometendo auxiliar a rastrear tumores a partir de uma pequena amostra sanguínea. A maioria desses testes tem sido projetados para detectar um único tipo de câncer utilizando mutações associadas a tumores em sequências de DNA encontradas flutuando livremente no sangue. 

Entretanto um teste pioneiro publicado agora em janeiro na revista Science apresentou uma estratégia incomum associando as análises de mutações de DNA a níveis aberrantes de certas proteínas, em um esforço para encontrar oito diferentes tipos de câncer. Incrivelmente o teste foi capaz de detectar positivamente doenças em cerca de 70% de mais de 1.000 pessoas que já haviam sido diagnosticadas com câncer. Os pesquisadores procuraram maneiras de tornar sua biópsia líquida mais sensível sem aumentar o risco de um resultado falso positivo. O teste desenvolvido nomeado CancerSEEK (ou localizador de câncer) diagnosticou corretamente oito cânceres incluindo pâncreas, esôfago, intestino, pulmão, mama, ovário, fígado e estômago. O nível de eficácia do CancerSEEK variou chegando aos fantásticos 98% em câncer de ovário, mesmo em estágios iniciais. 

Outra enorme preocupação consistiu na taxa de falsos positivos pois algumas pessoas aparentemente saudáveis podem abrigar doenças inflamatórias que alteram os níveis das proteínas visadas pelo teste. Neste caso o teste indicaria um possível câncer onde não existe sendo necessárias contra provas contundentes. Embora promissor os pesquisadores ainda poderão levar anos para resolver tais problemáticas e melhorar estas limitações. 

Para sanar estas deficiências um vasto estudo será conduzido na Inglaterra com pelo menos 10.000 indivíduos saudáveis sendo estes acompanhados por cinco anos. Se esta iniciativa funcionar, na próxima década estaremos cada vez mais próximos de detectar problemas com tumores em fases iniciais aumentando enormemente a possibilidade de cura. A ciência está vigilante ao nosso lado, atuando sabiamente para solucionar os problemas de nossa sociedade.