“If you are not confused, you don´t know what is going on”, Jack Welch.
A frase acima é de um executivo norte-americano que comandou a G.E., consultor renomado e diz: “se você não está confuso, você não sabe o que está acontecendo”. Ele se coloca no grupo dos confusos, onde nós nunca estamos porque, afinal, temos grandes certezas, não erramos e o que fazemos é o melhor a ser feito. Sempre!
Dezembro é quando, chorosos, ficamos olhando para as bobagens que fizemos ou deixamos de fazer, mas janeiro é mês de olhar para frente. Agora vai: ano novo, vida nova! De preferência, com todas as mudanças que projetamos nos outros. Afinal, nós sempre estamos certos. O governo, a família e todos os que nos rodeiam estão errados. Desculpe, mas você vai se dar mal!
Vamos enfiar um negócio nas nossas cabeças: o mundo está em constante evolução e ninguém vai conseguir segurar nada ficando no mesmo lugar (leia “Quem Mexeu no Meu Queijo”). Outra frase do Jack Welch é: “Não administre – lidere a mudança antes que você seja obrigado a fazê-lo”.
Ainda que possa ser verdade que governos passados foram incompetentes e corruptos, nadadisso teria sido possível se nosso povo (eu e você no meio) entendêssemos que não era possível o Brasil passar incólume pela crise de 2008, aumentando o crédito ao consumidor e reduzindo os impostos dos carros e refrigeradores. Não era necessário diploma em Economia para saber que a energia elétrica não poderia cair por vontade presidencial, nem os custos de produção da gasolina, por saudar a mandioca.
Não sei o que vai acontecer, mas precisamos entender um fenômeno que, em economia e sociologia, é conhecido como “normalcy bias”, ou viés de normalidade, que acontece quando uma situação grave e iminente não é reconhecida ou percebida pelas pessoas. Alguns temas precisam ser encarados, não pelo governo, por nós. Um deles é a previdência. Não é possível mantê-la como está. Ou muda ou o aposentado (14,1% da população) não vai receber seus proventos em poucos anos.
Outra coisa: ou você se habitua com a tecnologia ou vai ser um analfabeto sem função em pouquíssimo tempo. “Máquinas acabam com empregos”. Que bom! Se uma máquina estúpida pode fazer o trabalho de alguém é porque o trabalho não era humano. Não reclame, estude o tema e entenda como os avanços tecnológicos mudaram o mundo.
Em 2030, o Brasil será a 6ª maior economia do mundo, segundo o FMI. Estaremos à frente, por exemplo, da Alemanha, mas atrás da Índia, Turquia e Indonésia, além de EUA e China. Você acha que uma economia desse tamanho vai ter espaço para gente que não saiba operar um computador, comandar um carro autônomo ou utilizar a realidade aumentada? Ora, deixe de acreditar em Papai Noel e na inocência do Lula.
Se estiver pensando em estudar, tente não escolher profissões nas quais computadores se saem melhor que seres humanos (Medicina, Direito ou Engenharia vão acabar dentro de alguns anos). Também esqueça essa coisa de “segurança no emprego”.
E, por falar nisso, sabe aquela história de perdas de direitos conquistados? É papo de sindicalista. Deixe de ser massa de manobra e entenda que sua capacitação é a única forma de garantir que você vai ter uma receita no futuro. Desculpe se sou muito direto, mas o emprego está acabando e você não vai conseguir mudar isso.
Você é empregado? Pense em ser empresário de si mesmo. Não reclame de seu patrão e preste serviços para ele. Você é empresário? Não reclame. O governo é o menor dos problemas. Seu maior concorrente pode estar a seu lado ou do outro lado do mundo. Você tem que ser bom no que faz em escala global. Se vende quebra-queixo, chipa ou sopa paraguaia na rua, que seja a melhor comida, com os melhores serviços e já pense em atender pedidos por “zapzap”.
O ano da virada só pode acontecer se dentro de cada um de nós houver a firme certeza de que não só não temos a menor ideia de como serão as coisas no futuro, mas também não temos a menor possibilidade de evitar que as mudanças aconteçam.
A onda está na sua cara: surfe nela ou tome um caldo. A escolha é sua.