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Luiz Carlos Pais: 'Imprensa
campo-grandense de 1916'

Professor universitário aposentado

Redação

20/01/2018 - 02h00
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Em artigos já publicados aqui no Correio Estado, registramos traços dos dois primeiros jornais de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O primeiro deles, sem vinculação direta com partidos políticos, foi O Estado do Mato Grosso, lançado em 22 de junho de 1913, sob a direção de Arlindo de Andrade.

O segundo, vinculado à liderança política de Pedro Celestino, foi o Correio do Sul, criado em 1916, sob a redação do professor e funcionário público estadual Antônio Antero Paes de Barros.

Recorremos às crônicas de Paulo Coelho Machado e José Barbosa Rodrigues, bem como a outras fontes, para descrever a trajetória de mais um dos primeiros títulos da imprensa campo-grandense. Bissemanário lançado em 25 de outubro de 1916, “A Ordem” era anunciado como órgão de caráter “noticioso e de interesse da população”, sob a direção do jornalista Leopoldo de Azevedo Babo Júnior. Esse periódico, que teve curta trajetória de publicação, foi criado no calor dos acirrados embates ocorridos entre as duas principais legendas políticas daquele momento.

Faltavam dois anos para a freguesia de Campo Grande ser elevada à categoria de cidade, o que ocorreu com a Lei nº 772, de 16 de julho de 1918, e acentuava-se o embate entre a linha política liderada pelo senador Antônio de Azeredo, chefe do Partido Republicano Conservador, e a corrente oposicionista liderada por Pedro Celestino, líder do Partido Republicano do Mato Grosso.

Cumpre lembrar que 1916 foi o ano do levante armado ocorrido no Estado, conhecido como “Caetanada”. Diante desse quatro, A Ordem publicava artigos elogiosos às posições do senador Azeredo.

O jornalista Babo Júnior estudou no Ginásio Nacional, do Rio de Janeiro, e seu nome consta na lista dos estudantes da década iniciada em 1900. Na década seguinte, publicou na imprensa nacional poemas e trabalhou em jornais de São Paulo.

Resolveu tentar melhores oportunidades no Mato Grosso, vindo para Corumbá, onde trabalhou no jornal A Tribuna, primeiro diário do então Sul de Mato Grosso. Posteriormente, fixou residência em Campo Grande. 

Sua atuação como jornalista consta na imprensa paulista, como conhecido e culto literato, registrando o período em que atuou como redator de A Ordem, órgão da imprensa campo-grandense, que estava em circulação no início do ano de 1917. Nessa época, um jornal cuiabano noticiou o recebimento do seu número 16, fazendo considerações elogiosas sobre os artigos bem redigidos, o eficiente serviço telegráfico e a qualidade da impressão tipográfica.

Depois da atuação na imprensa de Campo Grande, Babo Júnior voltou a trabalhar na imprensa da capital paulista, onde editou a revista Nota, de caráter literário e noticioso. Esse registro revela um dos problemas marcantes da época, referente às dificuldades de perseverar nas lides da imprensa do interior, quando faltavam ainda quatro décadas para o início da imprensa concebida como projeto empresarial.