Brasileiros e estrangeiros são humilhados neste país, não interessando quem os humilha se pessoa física ou jurídica. Desdenham das pessoas aflorando a ignorante vaidade humana notadamente de quem exerce cargo público. Entendem ser o dono da verdade e estar acima do bem e do mal.
Machado de Assis em “Dom Casmurro” fala do personagem Marcolini, tenor decadente que justifica a falta de voz: “O desuso é que me faz mal”. Certa noite, depois de muito Chianti (vinhos tintos algo ásperos e ácidos, produzidos na região de Toscana Itália), discutia ser a vida uma ópera, viagem de mar ou uma batalha. Marcolini foi enfático: - “A vida é uma ópera e uma grande ópera”.
“O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários (parte secundária da ópera); quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor.” “Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestração é excelente...” e completou: “Deus é o poeta”. “A música é de Satanás”.
“Deus escreveu um libreto de ópera do qual abriu mão”. “Satanás levou o manuscrito para o inferno e compôs uma partitura e queria porque queria que Deus a ouvisse”. O Senhor declinou, mas diante de tanta insistência “Criou um teatro especial, este planeta, e inventou uma companhia inteira, com todas as partes...”
O Brasil com suas belezas naturais e um povo alegre faz parte desse teatro, embora governado de há muito com irresponsabilidade. O “velho tenor parafraseia a Escritura:” “Muitos são os chamados, poucos os escolhidos”. “Deus recebe em ouro, Satanás em papel”.
"Dom Casmurro" bem que poderia representar se Machado de Assis assim o permitisse o momento brasileiro. Está chegando a hora de o tenor e barítono (os políticos) coadjuvados pelos comprimários (seus asseclas) lutarem pelo soprano e o contralto (a população). Não se generaliza; mas pintam para os eleitores quadros mágicos de realizações benéficas com resultados incomensuráveis. Lídimos representantes do povo guerrearão na área da Saúde e os hospitais terão leitos suficientes para atendimento sem superlotação nos corredores.
Exames confiáveis. Medicamentos, médicos e profissionais em saúde com fartura e sem mortes nas portarias. Os parlamentares exigirão dos governantes estradas mais seguras preservando vidas evitando mortes e mutilações.
Segurança pública, nem é bom falar. Desnecessárias Forças Armadas nas ruas. Polícias bem aparelhadas e estruturadas com integrantes preparados e remunerados condignamente. Não se falará mais em bala perdida ceifando vidas. Acabará a truculência policial com mortes.
Policiais não serão mais assassinados em serviço ou fora dele. O crime e a violência devidamente controlados. Enfim, a população no paraíso. Eleitos, “os intrépidos cavaleiros da Távola Redonda” desaparecem. Aí será vez de o soprano e contralto (as pessoas) correrem atrás do tenor e barítono (os políticos) cobrando as promessas.
A decepção e humilhação serão flagrantes porque não passarão dos umbrais das Câmaras, Assembleias, Congresso Nacional, portões governamentais. Adentrando-se ouvirão mentiras e desculpas esfarrapadas.
Brasil afora o negro sofrerá com racismo e humilhação. O cidadão e a cidadã se surpreendem com a taxa de lixo no seu IPTU e se humilham para saber o porquê da cobrança.
O indivíduo se depara com “blitz” policial e tenta argumentar e recebe de pronto: “cala a boca”. Os considerados integrantes do terceiro gênero sofrem com a homofobia e não raras vezes são assassinados. É seu o direito de escolher o caminho que deseja. Entretanto, a mídia não precisa exagerar expondo meninas em namoro entre elas e até mãe abrigando na sua casa o “marido” do filho, em horário nobre. É a realidade? É.
Mas há de se respeitar o direito de quem não concorda. Do velho tenor: “Com efeito, há lugares em que o verso vai para direita e a música para esquerda”. E assim o é no Brasil. A população deseja o melhor para si; nossos representantes só pensam neles. Concluindo: Os Poderes Constituídos do País recebem em ouro, a população em papel.