A trepidante gaivota pantaneira não mais agita com seu canto as águas serenas do nosso belo e grandioso Pantanal. Dino Rocha morreu! Emudeceu sua sanfona clássica, cujos acordes batiam forte no coração da gente sul-mato-grossense. O chamamé de Campo Grande perde um de seus mais destacados ases, deixando-nos tristes e saudosos de suas magistrais apresentações em nossa terra e em muitas outras localidades brasileiras e estrangeiras, onde o impecável sanfoneiro goza de grande fama e admiração.
Dino Rocha nos deixa um magnífico glossário de memoráveis chamamés, em preciosas gravações ao longo de suas cinco décadas de trabalho produtivo na discografia nacional. Orgulham a todos nós, sul-mato-grossenses, suas clássicas interpretações do frenético e romântico ritmo correntino. Quando estive em Corrientes, na Argentina, em um dos inesquecíveis festivais de chamamé, certifiquei-me da admiração e do respeito do hospitaleiro povo daquela cidade ao nosso glorioso chamamezeiro Dino Rocha, que sempre gozou ali de grande prestígio artístico e cultural, o que eleva honrosamente o bom nome do nosso amado Brasil naquela região histórica, onde ocorreu a gloriosa Batalha Naval do Riachuelo. No site www.chamamems.com.br encontro ligeira biografia artística de Dino Rocha:
“Nascido em Jutí, Mato Grosso do Sul, Dino Rocha se profissionalizou como sanfoneiro ainda menino. Em 1971 mudou-se para Campo Grande, onde engalanou a Terra Morena com a magia de seu acordéon. Ainda adolescente, participou de seu primeiro grupo de chamamé Los 5 Nativos, na cidade de Ponta Porã-MS. Em 1973 gravou pela primeira vez no LP ‘Voltei Amor’, da dupla Amambai e Amambaí. Ao longo da carreira gravou quinze LPs e cinco CDs. Como compositor, compôs mais de cinquenta músicas regionais, entre as quais a maviosa e poética ‘Gaivota Pantaneira’, em parceria com o notável poeta e compositor sul-mato-grossense, Zacarias Mourão”.
“Também gravou poemas caipiras, declamando versos imortais em memoráveis modas de viola. Em 1991 recebeu o prêmio ‘Jacaré de Prata’, como melhor instrumentista do Brasil. Atuou em três capítulos da novela ‘Pantanal’, da Rede Manchete de Televisão, ao lado de Almir Sater e Sérgio Reis e muitos outros célebres atores e atrizes do cinema brasileiro. Em 1997 criou seu próprio selo, fundando a RR Gravação e Produção-ME. Em 2000 foi convidado para participar do projeto Balaio Brasil, no Sesc de São Paulo, apresentando-se ao lado de Dominguinhos, Caçulinha, Sivuca, Hermeto Pascoal e Toninho Ferragut. Em 2001, com os mesmos músicos, participou do projeto Sanfona Brasileira pelo Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília. Em 2002 apresentou-se – ainda no Sesc –, no projeto Brasil da Sanfona, quando representou a Região Centro-Oeste. Em 2003 comemorou três décadas de carreira com o lançamento de um CD, onde regravou o sucesso “Gaivota Pantaneira”. Seus três últimos discos foram: “Che Rancho Cuê (Meu Rancho Velho)”, “Pantanal, Sanfona e Viola” e “No Rancho do Chamamé”.
“O incansável artista conterrâneo Dino Rocha possui considerável conjunto de obras musicais formado por vinte e um discos, que fizeram sua carreira calcada em cinco décadas de música regional. Seu amadurecimento musical acompanhou a evolução da tecnologia musical no Brasil, com dezessete discos em vinil e quatro CDs, sendo seu primeiro trabalho nessa trilha gravado em 1973. Orgulhoso de tantos anos de estrada, Dino Rocha disse que, “além de seus próprios discos, já participou, como convidado, de vários trabalhos de outros artistas”. Entre os que fizeram parceria com o nosso galante sanfoneiro, constam Almir Sáter, Renato Teixeira, Chitãozinho e Xororó, além dos cantores e compositores campo-grandenses Paulo Simões e Guilherme Rondon”.
Silencia a nossa gaivota pantaneira. Dino Rocha descansa depois de tanta glória e paixão a seus compatriotas. Merece aplausos calorosos não somente de seus conterrâneos sul-mato-grossenses, mas de todos os brasileiros que amam e se orgulham desse Brasil soberano e belo!