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Gilberto Verardo:"A eleição da esperança"

Gilberto Verardo:"A eleição da esperança"

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Revelados tantos segredos de outrora pela ciência hoje, e que agora, presentes no dia a dia das pessoas, merece destaque o aparelho celular. O segredo revelado pela ciência foi o domínio das ondas eletromagnéticas e tornou possível ampliar quase que infinitamente a coisa mais humana que temos – comunicar-se. Este deverá ser o equipamento mais importante nestas eleições.

Com um aparelho celular se sinto saudades, ligo. Quando me sinto meio perdido fico mexendo nas teclas ou nas redes sociais. Pode ser para parecer ocupado. Pode parecer para mostrar que sou solicitado, ou mesmo para parecer que não estou nem aí para os outros, do tipo – tô na minha! Se quiser revelar um segredo pego o aparelho e pronto.

Não funciona muito bem para reclamações ou desaforo. Há mais celulares que pessoas nos grandes centros urbanos. Há os que usam o celular para o bem ou para o mal. Para o amor ou para o ódio. Enfim, o celular se tornou uma extensão da psique humana. Sendo assim, nada melhor que usá-lo nesta campanha eleitoral.
Intimamente os eleitores estão cindidos.

De um lado, não há outro modo de melhorar as coisas. Do outro, uma decepção com os descaminhos da vida publica. Tornou-se quase sinônimo de descrédito. Mesmo assim nós eleitores temos a faca e o queijo na mão. A faca são as palavras.

O queijo é o celular com as redes sociais. Vou então pegar o celular e ligar para o candidato chamado esperança e pedir algumas coisas inspiradas nas conversas por celular:

1. Não inventar nada de novo. Apenas ajudar a funcionar o que já existe de serviços no setor publico e diminuir o tamanho e o custo do Estado;
2.  Colocar funcionários públicos para realmente atuarem em seus respectivos cargos e postos de trabalho. Nada de operações disso ou daquilo. Tem que trabalhar todos os dias com o mesmo empenho que todos os contribuintes têm ao pagar seus tributos.
3. Conhecer e planejar as ações econômica observando a LEI Nº 3.839, DE 28-12-2009 - DOE 29-12-2009 ZONEAMENTO ECOLOGICO-ECONOMICO DE MATO GROSSO DO SUL, pois em tempos de aceleração as mudanças climáticas, já passou da hora de recuperarmos os quase um milhão e meio de hectares inundadas pelo assoreamento do rio Taquari. Parar de uma vez por todas de envenenar o rio Dourado. Exigir clareza na politica ambiental da região do Bolsão com suas indústrias, já que é uma região altamente propensa a desertificação.

O ZEE/MS para quem não conhece constitui-se como instrumento de referência ao planejamento territorial e de gestão ao desenvolvimento. Desde a criação do estado de Mato Grosso do Sul, em 11 de outubro de 1977, e de sua implantação, em 01 de janeiro de 1979, as ações governamentais dirigidas à ocupação do território objetivam superar os desequilíbrios regionais como concentração urbana versus vazios demográficos; áreas economicamente dinâmicas versus áreas em processos de estagnação; áreas dotadas de sofisticada e abundante infraestrutura versus áreas desprovidas de atendimento essencial a população.

Apesar dos esforços despendidos, os desequilíbrios regionais ainda se asseveram, agravados pelo descontrole do uso do solo com marcas indeléveis na estrutura ambiental do Estado.

O que faz necessário persistir na ideia de consolidar formas de atuação compartilhada de organização do território no sentido de resguardar, além do direito à produção e à melhoria da qualidade de vida da população, o dever de legar às gerações futuras um meio ambiente saudável.

Então nada de viajar na maionese e confundir nossa esperança nessa eleição vendendo dificuldades e soluções para atrair votos. 

ARTIGO

Produtos livres de desmatamento nas estratégias da União Europeia

11/04/2024 07h30

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O Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento é um entre vários componentes do Pacto Ambiental Europeu (European Green Deal), que tem como objetivo final atingir neutralidade de emissões de gases de efeito estufa em 2050, com um crescimento econômico livre da exploração excessiva dos recursos naturais e sem deixar ninguém para trás.

Trata-se, portanto, de uma peça dentro de um quebra-cabeça bem mais complexo que visa tornar a Europa um continente sustentável e carbono neutro.

Desde 2019, o Pacto Ambiental Europeu apresenta diretrizes que vão sendo gradativamente regulamentadas, cobrindo de energia renovável a produção de alimentos, passando por transporte e construção civil.

Trata-se de um marco legal abrangente que aborda diversas questões ambientais, incluindo o desmatamento, como parte dos esforços da União Europeia (UE) para um novo modelo de economia verde. 

O regulamento para produtos livres de desmatamento, aprovado em 2023, disciplina as atividades dos importadores europeus que passam a ser responsáveis por garantir que os produtos adquiridos não venham de áreas desmatadas depois de 31 de dezembro de 2020.

As restrições entram em vigor no final de 2024. Os importadores são os responsáveis pela implementação das verificações nos países exportadores, as chamadas “due dilligences”. 

As implicações para o Brasil são significativas, pois a UE é o segundo maior comprador dos nossos produtos agropecuários. Enfrentamos sérios problemas de desmatamento ilegal na floresta amazônica, além de questões fundiários e sociais.

Outro ponto importante é que a legislação europeia não faz distinção do que é considerado desmatamento legal ou ilegal. A normativa claramente se refere a desmatamento em geral. 

Esse ponto vem sendo questionado pelo governo brasileiro, alegando que está acima das exigências legais do ordenamento jurídico do país. Argumenta-se que essa normativa representaria uma forma de barreira não tarifária aos produtos do Brasil.

Entretanto, o argumento contrário é de que a UE tem a prerrogativa de estabelecer os critérios para os produtos que farão parte das suas cadeias de suprimento. E, como o objetivo maior é a redução dos impactos ambientais do consumo dos próprios europeus, nada mais lógico do que exigir que seus fornecedores sigam padrões compatíveis com essa ambição.

Importante notar que há fortes reações ao Pacto Ambiental dentro da própria UE, como vimos recentemente nos diversos protestos de produtores rurais no território europeu.

Embora estejam sensibilizando parte da sociedade e postergando algumas limitações, dificilmente a insatisfação dos produtores europeus ou dos governos fornecedores de produtos agrícolas para a Europa terão força para uma guinada nos objetivos de longo prazo da UE.

Parece haver um sério proposito do continente em mudar completamente suas bases de desenvolvimento, mirando a transição para uma economia mais resiliente e de baixas emissões de gases de efeito estufa.

Ao Brasil cabe o desafio de entender essas normativas e entrar em um processo de negociação sério e embasado na ciência. Ainda há grandes lacunas sobre como serão feitas as verificações do desmatamento e, sobretudo, como serão mapeadas as origens de cada lote de exportação.

Precisaremos acelerar nossos investimentos em rastreabilidade e transparência nos processos produtivos, assim como no aprimoramento de plataformas de monitoramento territorial. Tudo isso em consonância e em estreita colaboração com os importadores e agentes da União Europeia.

Ainda estamos em um momento de discussão e entendimento junto aos agentes europeus de como o novo regulamento será implementado no Brasil. Entende-se que será um processo com aprendizado mútuo e um período de adaptação.

Os entes governamentais têm o papel de catalisar essa discussão entre produtores, processadores e exportadores brasileiros para que estejamos prontos para manter a liderança como fornecedores de produtos agrícolas para a União Europeia. 

 

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ARTIGO

Era uma vez em uma escola na Suécia

11/04/2024 07h30

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Depois de anos educando as crianças quase que exclusivamente com recursos digitais, o Ministério da Educação da Suécia começou a perceber alguns sintomas perturbadores nas suas crianças: deficiência na leitura e na compreensão de textos apropriados para a idade, muita dificuldade de escrever e, quando solicitadas, escritas realizadas apenas em caixa alta.

Mas o que mais chamou a atenção foi a percepção de que as crianças também começaram a apresentar dificuldades para expressar o que sentiam, pois lhes faltava vocabulário até mesmo para descrever cenas breves ou relatos de emoções simples.

Muitas dessas manifestações, resultantes da falta de exercício cognitivo e motor, assemelhavam-se a alguns transtornos psicológicos, e não é de se espantar que muitos pais possam ter procurado psicólogos, feito exames ou mesmo ministrado medicamentos, preocupados com a lentidão, o mutismo ou ainda com dificuldade de compreensão de seus jovens filhos.

O governo sueco, diante dessa constatação, resolveu dar uma guinada nas suas orientações escolares e agora estimula fortemente o uso de livros em vez de laptops, como também incentiva a leitura em voz alta, as rodas de conversa e a prática da escrita - inclusive ditados - com o objetivo de reverter o cenário que se desenhava catastrófico para o futuro.

Crianças que não são estimuladas desde cedo em atividades motoras e intelectuais podem ter dificuldades de desenvolvimento profissional na vida adulta, particularmente em um mundo onde a criatividade e a inovação são realidade em todo lugar. 

No último Pisa, divulgado em 2023, o resultado geral dos jovens estudantes suecos foi de 487, ante 499 registrado na edição anterior, de 2018. Em Matemática, a queda foi de 15 pontos e em Leitura, de 10 pontos.

Suficiente para que fizesse um país sério, como a Suécia, acender as luzes amarelas e buscar compreender as razões dessa perda de energia no aprendizado de seus jovens cidadãos, (para além dos efeitos da covid, que afetou de maneira praticamente igual os países participantes).

Uma das medidas que o governo buscou implementar em todas as escolas - embora na Suécia o programa e as orientações pedagógicas não sejam unificadas como no Brasil - foi: menos celular, menos laptop e mais livro, leitura, escrita e conversa. O básico que, desde mais ou menos cinco séculos atrás, tem orientado a ideia do que é ensinar e aprender.

 Lógico que esta constatação não implica em demonizar o uso de tecnologia em sala de aula, mas de usá-la com sabedoria, de forma que ela ofereça o que, de fato, não é possível conseguir por outros meios.

Mal comparando, é como o hábito de muita gente usar palavras em inglês para se referir a coisas ou situações nas quais já existe uma palavra em português perfeitamente cabível. Esse é o mau uso da língua estrangeira. O que não significa que não se deva aprendê-la e usá-la, muito pelo contrário.

A tecnologia compreende um conjunto de ferramentas e habilidades que deve servir para ampliar nossa capacidade de ler, raciocinar, produzir e nos comunicar. Mas, para isso, precisamos antes saber ler, raciocinar, produzir e nos comunicar.

O perigo do uso de celulares e laptops no ensino fundamental é o de diminuir ou mesmo obstaculizar  o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, além de dificultar a expressão de ideias, emoções e socialização, por falta de vocabulário capaz de se fazer entender quando relatar uma experiência.

O fenômeno hikikomori, que se refere aos jovens que abandonam qualquer contato social real e mantêm-se isolados em seus quartos, comunicando-se apenas pelas redes sociais, vem se alastrando por todo mundo, assim como a descrição de novos transtornos psicológicos associados à dificuldade de comunicação e socialização. A saída, porém, pode estar um pouco antes do consultório médico ou do psicólogo. Na boa e velha sala de aula.

 

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