O povo que andava pelo deserto foi surpreendido por uma luz viva e penetrante que lhe assegurou a libertação. Essa luz continuou ao longo da história quando os seguidores do Mestre se viram aparentemente derrotados nos sonhos que alimentavam a respeito de um novo reino político. Tudo caiu por terra com a morte do ídolo em quem confiavam. Mas Ele ressuscitou, dissipou as trevas do medo e da insegurança e garantiu vida nova e fecunda.
Essa é a Páscoa sonhada e amada. Quem andava nas trevas encontrou uma nova luz. Quem se via privado de alegrias encontrou a razão de se alegrar e sorrir. Quem se sentia atingido pelo desânimo encontrou uma nova e rica oportunidade de fazer as pazes consigo e com a humanidade.
Todos aqueles e aquelas que andavam pelos caminhos do medo acabaram encontrando uma nova oportunidade de acreditar no amor e na vida. E todos voltam a se convencer de que a felicidade existe, que a paz é uma realidade palpável e o amor é uma semente mágica, produzindo frutos que sustentam e garantem a felicidade sem fim.
Essa é a Páscoa de cada dia, de cada acontecimento em cada ambiente. Na realidade, há um túmulo vazio. Há um ambiente de incerteza. Há um clima de desconfiança. Esquece-se daquilo que o Mestre havia alertado. Afirmara inúmeras vezes de que seria preso e condenado à morte. Seria pregado numa cruz, mas que, após três dias, haveria de ressuscitar.
A difícil aceitação dessa afirmativa deixou marcas doloridas em muitas mentes e em muitos corações. Estava difícil admitir que aquele jovem galileu tivesse que passar por tudo aquilo que passou e agora estivesse vivo. Essa Páscoa mexia com os sentimentos de todos e abalou as estruturas da fé e da esperança que alimentavam.
Mas era preciso acreditar. Era preciso sair das trevas do medo e entrar no clarão do Ressuscitado. Era preciso desfazer-se dos interesses políticos e assumir a tarefa de lavar os pés uns dos outros. Era preciso abandonar a atitude covarde de duvidar e abraçar com todo o entusiasmo a alegria de estar novamente com o Mestre e Senhor.
Esta Páscoa precisa acontecer na vida de cada um. Ela nos convoca a fazer a passagem da maldade para a bondade, da dúvida para a certeza, do ciúme para o respeito, da indiferença para a solidariedade, da inveja para o amor. São muitas as maneiras de celebrar. E, em todas elas, haverá a necessidade de abrir o coração e acolher a palavra sagrada, saída dos lábios do Mestre e oferecida para uma renovação constante da nossa fé e da nossa adesão ao nosso Senhor.
Esta Páscoa é uma oportunidade preciosa de rever atitudes e comportamentos. Não podemos permanecer cegos diante de tantas injustiças que afligem irmãos nossos. Não podemos continuar indiferentes diante de tantas mentiras e falsidades. Será preciso fazer algo em favor de quem ainda não conseguiu entender seus direitos e vê-los respeitados.
Que esta Páscoa nos lembre que ainda somos devedores com nosso Deus. Já é hora de passarmos pela água da purificação, acolhendo tantos e tantas que se encontram nos túmulos da dependência química e outras. Precisam ressuscitar e celebrar uma feliz Páscoa!