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Editorial deste sábado/domingo:
'Silêncio na prefeitura'

Editorial deste sábado/domingo:
'Silêncio na prefeitura'

Redação

20/01/2018 - 03h00
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Em 10 dias, nenhum integrante do primeiro escalão da Prefeitura de Campo Grande veio a público explicar como aqueles que já pagaram a taxa do lixo receberão o dinheiro de volta. 

A crise provocada pela cobrança da taxa do lixo, que no ano passado foi submetida a uma modificação que causou reajuste abusivo, foi desencadeada no dia 8 deste mês, quando faltavam dois dias para o encerramento do prazo para pagar o carnê com a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e da taxa do lixo, com 20% de desconto.

Entre os dias 8 e 9, o tributo específico para o serviço de limpeza urbana e coleta de resíduos chegou a ser defendido pelos integrantes do primeiro escalão do município de Campo Grande. Só no dia 9, o prefeito, Marcos Trad (PSD) - na época afastado do cargo para usufruir de férias com a família - comunicou que a taxa, causadora de tanta polêmica, seria revogada e o prazo para pagar o IPTU com desconto, adiado para o dia 23 de fevereiro.

Quando o prefeito, do exterior, anunciou que desistiria de cobrar a taxa do lixo da forma como foi lançada, alegando sentir-se enganado pelos técnicos do município, para um número considerável de contribuintes da Capital já era tarde demais.

Eles já haviam honrado suas obrigações, temerosos que perderiam o desconto de 20% por pagarem o IPTU à vista. Este anúncio de Trad, ocorrido no último dia 10, foi a última ação consistente relativa à taxa do lixo feita por um integrante da administração municipal. Desde então impera um silêncio no primeiro escalão da Prefeitura de Campo Grande. Silêncio alimentado pelo constrangimento dos gestores.

Há 10 dias que nenhum secretário vem a público explicar como aqueles que já pagaram a taxa do lixo receberão o dinheiro de volta. Os vereadores, que aprovaram o projeto de lei que criou a taxa com pouquíssimos questionamentos, chegaram a convidar a imprensa para explicar o inexplicável. Só lhes cabe, por enquanto, esperar o Poder Executivo encaminhar projeto que revoga a lei vigente e cria uma nova lei para regulamentar o tributo.

Marcos Trad voltou das férias na noite da última quarta-feira. Na quinta-feira e ontem, passou o dia todo reunido com assessores e integrantes de sua equipe. Só marcou para a próxima segunda-feira reunião para buscar uma solução definitiva. Nela serão consultados órgãos e entidades como o Ministério Público Estadual, a Seccional Sul-Mato-Grossense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MS) e a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande.

Enquanto nada é feito, o constrangimento se espalha por várias secretarias. Há suspeitas de sabotagem na cobrança da taxa do lixo, praticada por servidores da Agência Municipal de Tecnologia da Informação e Inovação (Agetec).

Estes funcionários públicos, que ingressaram na prefeitura na gestão de Alcides Bernal (PP), são só alguns dos ameaçados de exoneração. Também estão no olho do furacão desta crise secretários como José Marcos da Fonseca, titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), e Pedro Pedrossian Neto, da Secretaria de Finanças (Sefin). O que se espera é que o prefeito Marcos Trad rompa o silêncio, e comece a pôr fim à crise gerada pela cobrança da taxa do lixo.