Artigos e Opinião

correio do estado

A+ A-

Editorial desta terça-feira:
'A expectativa da volta'

Editorial desta terça-feira:
'A expectativa da volta'

Redação

16/01/2018 - 03h00
Continue lendo...

Ainda não se sabe se o pior já passou para a administração pública: o termômetro será a reação das pessoas com as ações do prefeito daqui por diante.

Amanhã será o retorno do prefeito de Campo Grande, Marcos Trad, às atividades, depois de período de férias na praia.

A volta virá em meio a um período de turbulência, provocado pela cobrança da taxa de lixo nos carnês do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), a qual revoltou a população e ocasionou levante, principalmente com enxurrada de críticas nas redes sociais. Ainda não se sabe se o pior já passou para a administração pública: o termômetro será a reação das pessoas com as ações do prefeito daqui por diante. 

Além de dar resposta exata de como vai proceder para cobrar a taxa de lixo a partir de agora, é preciso explicar como um projeto, com esses cálculos levianos, foi levado à Câmara Municipal para votação.

Aliás, a inoperância dos vereadores nesse episódio é um capítulo à parte, pois tiveram oportunidade de detectar o problema antes da aprovação.

Poderiam ter proposto debate mais amplo, o que não aconteceu. A falta de clareza e a celeridade da apreciação foram os ingredientes perfeitos que levaram ao engodo,  este que precisa ser identificado como ocorreu.

É necessário apontar responsabilidades por erro  tão devastador, que provocou onda de críticas da população, e com razão. Durante o período de vigência da cobrança da taxa de lixo, o Correio do Estado mostrou exemplos de cidadãos que receberam cobranças exorbitantes e inexplicáveis. A suspensão do tributo era a única saída possível para minimizar os efeitos da medida.

Agora, é a expectativa pelo próximo passo. A cobrança, como a prefeitura já deixou claro, será feita, porém, com a “justiça social” que foi amplamente divulgada pelo prefeito quando instituiu a taxa do lixo.

Além de contornar o problema em si, Marcos Trad ainda terá a espinhosa missão de mensurar o estrago político desse episódio. Em ano eleitoral, dificilmente a oposição não usará a situação como forma de demonstrar os ruídos de comunicação dentro de sua gestão, o que pode afetar quem pretende disputar cargos em outubro e, futuramente, o próprio prefeito, na tentativa de reeleição. 

Espera-se que Marcos Trad dê resposta à altura para solucionar o problema criado com a abusiva taxa de lixo que estava em vigor.

Erros primários não podem ser cometidos, ainda mais quando o principal alvo desses cálculos mal resolvidos é a população mais vulnerável. Aliás, esta é a segunda grande polêmica relacionada à cobrança de impostos e à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur) nesta administração.

A pasta, regularmente, deixa de lado serviços como fiscalização e poda de árvores para tomar medidas desarrazoadas. Em novembro do ano passado, o Correio do Estado mostrou o arrocho praticado contra moradores da periferia, que estavam sendo cobrados por construções irregulares identificadas em 2015.

Muitos achavam que a situação havia sido regularizada no IPTU de 2016, mas foram surpreendidos. São medidas que prejudicam unicamente os moradores de baixa renda, um duro golpe na população e, consequentemente, nas pretensões eleitorais de integrantes do Executivo e do Legislativo.