A tentativa do ministro da Fazenda Joaquim Levy recriar a CPMF é mais um dos tiros que o governo federal dá no próprio pé
Chamou atenção de segmentos do empresariado, da classe política, e também de boa parte dos cidadãos, a vontade do governo federal, externada na última semana por meio do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de retomar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Sete anos depois de o Congresso Nacional ter enterrado o tributo que vigorou entre 1997 e 2007, esta parece ser a única alternativa que a administração da presidente Dilma Rousseff (PT) encontra para engordar seu caixa em meio à crise econômica vivida pela população brasileira, que a cada dia, dá sinais de que continuará por um bom tempo.
A tentativa do ministro da Fazenda Joaquim Levy é mais um tiro no pé - já bastante ferido - do governo federal. Em primeiro lugar, porque cria uma saia justa com as grandes empresas, as mesmas que acenaram com um pacto pela retomada do crescimento com o governo federal no último mês, com a liberação de crédito a taxas de juros abaixo das do mercado por meio do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Em segundo lugar, a proposta também deteriora as relações da equipe de Dilma Rousseff com sua base aliada no Senado da República, que dava indícios de voltar à normalidade. Caciques do PMDB como o vice-presidente Michel Temer e o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros, não viram com bons olhos a tentativa da administração federal de recriar a contribuição.
Inimigo declarado da mandatária do Poder Executivo, outro peemedebista, o deputado federal Eduardo Cunha, presidente da Câmara, também se declarou “completamente contra” a volta do imposto nas redes sociais
Demonstrando a falta de rumo e o despreparo peculiar de sua gestão, a presidente Dilma Rousseff mais uma vez recuou da proposta que preparava para enviar ao Congresso ainda hoje. Agora, o governo terá de criar uma maneira de fechar suas contas no próximo ano, e os R$ 80 bilhões que poderiam ser arrecadados por meio da CPMF, certamente daria um fôlego ao caixa da União.
Enquanto a presidente e sua equipe econômica buscam uma alternativa para arrecadar mais e fechar suas contas, o setor produtivo da sociedade brasileira dá a receita, que há muito tempo não é segredo para ninguém: cortar cargos, eliminar ministérios, ampliar o combate à corrupção e tornar a máquina pública mais eficiente. Estas medidas certamente resultariam em uma economia de muito mais que os R$ 80 bilhões almejados pelo governo, sem comprometer a competitividade de nossa indústria, comércio e agronegócio.
O recuo de Dilma Rousseff demonstra que a tentativa de recriar o tributo que incide sobre todas as transações financeiras demonstra que a equipe econômica dela não aprende com os próprios erros. Pelo contrário, insiste neles, e compromete ainda mais a aceitação do governo pela população, que já é próxima de zero.