A única saída para amenizar o caos em que a saúde pública se encontra é pela organização do sistema existente, aumentando a eficiência.
A inspeção dos integrantes do Conselho Municipal de Saúde às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e aos Centros Regionais de Saúde (CRS) de Campo Grande, infelizmente, não constatou nenhuma melhoria no sistema de atendimento da população, que não tem acesso aos planos de saúde privados. O caos continua o mesmo há praticamente um ano.
O tempo de espera por uma consulta médica em qualquer um destes postos de urgência e emergência da Capital continua sendo de, em média, seis horas. Tempo tolerado por autoridades e médicos e que, para os padrões burocráticos, está no limite do desejável, mas que, certamente, é uma eternidade para quem vive um mal-estar, ou precisa de atendimento urgente por causa do agravamento de enfermidade ou um trauma.
Revolta. Desespero. Gritaria. Indignação. Foram estes os sentimentos manifestados pelos pacientes durante a visita dos conselheiros à Unidade de Pronto Atendimento do Bairro Universitário no último sábado, e relatados em reportagem publicada ontem pelo Correio do Estado. Aos conselheiros de saúde do município, os responsáveis pela UPA tinham uma resposta padrão, tecnicamente satisfatória (pelo menos para os burocratas que trabalham com relatórios), mas que não atendia aos anseios dos que enfrentam a agonia da espera: a de que a quantidade de médicos plantonistas era a prevista no modelo de funcionamento do local.
O Conselho Municipal prometeu notificar a Secretaria Municipal de Saúde. E as providências param por aí. Não há luz no fim do túnel. Infelizmente, não há nenhum plano para atenuar o problema em curto prazo. E o culpado deste panorama caótico não é exclusivamente o município. É todo o sistema de saúde pública gerenciado pelas três esferas da administração pública.
O governo do Estado, desde o início deste ano, tem dado o exemplo no enfrentamento do problema. Criou uma caravana para realizar consultas e cirurgias por todo o Estado, colocará em ação um plano - ainda que controverso - de aumentar a quantidade de atendimentos em hospitais, e já ofereceu ajuda à Prefeitura de Campo Grande para implantação de plano semelhante, no qual as Organizações Sociais (OS) poderiam administrar as UPAs.
A única saída para amenizar o caos em que a saúde pública se encontra é pela organização do sistema existente. É preciso que o município coloque em ação técnicas para aumentar os atendimentos em seus postos de saúde, aumentar a prevenção de doenças e acidentes, e reduzir a demanda das unidades que atendem urgência e emergência.
Não é tão urgente a construção de mais postos e hospitais, e sim, que eles fiquem menos ociosos e mais produtivos. Ao cidadão que procura o sistema de saúde pública para receber um atendimento de emergência, não lhe interessa se receberá os cuidados em uma UPA, hospital ou posto de saúde, e sim, ter seu problema tratado.