A fusão das indústrias Fibria e Suzano é importante para o mercado de celulose mundial, para o Brasil e para Mato Grosso do Sul.
Aos que não simpatizam muito com notícias da macroeconomia, a fusão entre as gigantes do setor de celulose Fibria e Suzano parece mais uma grande negociação do mundo empresarial. Ela envolve pelo menos R$ 8,5 bilhões em transferências de ações e alteração no controle empresarial das duas empresas, com destaque para a Suzano, que mantém a maioria das ações na nova empresa. Porém, é muito mais do que isso. Este negócio é bastante importante para o mercado de celulose mundial, para o Brasil e para Mato Grosso do Sul.
Nas últimas décadas, o município de Três Lagoas tornou-se um dos principais polos do planeta na produção de papel e celulose. E é lá que está a maior unidade da Fibria, empresa que até a fusão da semana passada era comandada pelo Grupo Votorantin e pela BNDESPar (ramo de participações empresariais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a Eldorado Celulose (companhia que em setembro do ano passado foi vendida pelo grupo J&F para a sino-holandesa Paper Excellence), além da fábrica de papel da International Paper, multinacional que dispensa apresentações.
Não só em Três Lagoas, mas em todo o Estado de Mato Grosso do Sul, a chegada destas indústrias teve grande impacto. Os bilhões movimentados por estas empresas incrementam os números de nossa economia, tanto na produção e exportação quanto na geração de recursos por meio de impostos. Sem contar o intercâmbio com outros países, tanto o financeiro, como já dito, como na área de produção e tecnologia.
Mas a fusão destas gigantes do papel e celulose é ainda mais importante no contexto macroeconômico. Em uma época de maior internacionalização do controle das empresas, que teve início em 2016, quando várias indústrias de capital nacional foram vendidas a grupos estrangeiros (caso da compra da Eldorado pela Paper Excellence), a união da Fibria e da Suzano reafirma o Brasil como um grande player no mercado. Maior do mundo, a nova empresa, oriunda desta fusão, garante reforço de peso no fluxo de capitais em nossa economia, ainda em fase de recuperação.
A fusão também é significativa porque dá mais fôlego ao BNDES. O banco público, todos sabem, teve grande redução na liquidez durante o período da crise econômica. A venda da participação da BNDESPar no negócio da Fibria melhora as finanças do banco público sem que ele perca seu foco, que é fomentar o desenvolvimento econômico e social.
Outro ponto importante da união entre Fibria e Suzano é o estancamento da invasão de capital estrangeiro, sobretudo chinês, em nossa economia. Apesar de dinheiro – aparentemente – não ter nacionalidade, é bem melhor quando os controladores são do nosso País. A maior parte dos lucros e dos dividendos permanecem em nosso território.
A Paper Excellence tentou comprar a Fibria, mas não obteve êxito. A empresa, com sede na Holanda, mas de capital asiático (China e Indonésia), não conseguiu comprovar ao BNDES que sua oferta pelas ações do banco tinha origem em documentos bancários. Melhor para a indústria brasileira e sul-mato-grossense.