É nesta época do ano que fica mais difícil prevenir o surgimento de focos do mosquito Aedes aegypti, que transmite doenças como zika, dengue e febre chikungunya.
As chuvas intensas que tiveram início no mês de outubro – e que não devem abrir espaço para pequenos períodos de estiagem tão cedo, em quase todo o Estado de Mato Grosso do Sul – são um fator a mais de alerta para as autoridades do setor de saúde pública que atuam no combate às doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti.
A alta umidade relativa do ar e o forte calor, típicos deste período do ano, constituem a combinação perfeita para a proliferação dos focos de reprodução do inseto que transmite dengue, zika, febre chikungunya, entre outras doenças que, se não forem corretamente tratadas, podem levar o paciente à morte.
Reportagem publicada neste fim de semana informa que, se as previsões dos técnicos da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) se confirmarem, o Jardim Noroeste será a primeira região de Campo Grande a ter surto de dengue neste verão que se aproxima.
O Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes Aegypti (Liraa), teste que segue padrão do Ministério da Saúde, confirma esta previsão pessimista. Nesta região da cidade, a cada 100 casas, sete estão infestadas pelo mosquito. Pode parecer pouco para alguns, mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera este índice crítico, uma evidência de que, neste território, uma epidemia já existe, ou está por vir.
De fato, o mês de dezembro é a época do ano em que os casos de dengue e de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti aumentam exponencialmente. Assim foi nas últimas epidemias na Capital do Estado.
Nestas ocasiões, foram os registros do último mês do ano que indicaram que, no primeiro trimestre do ano seguinte, muitíssimas pessoas seriam contaminadas pelos diversos vírus que esta espécie de mosquito espalha.
O volume intenso de chuvas está aí para que todos possam comprovar.
Nos meses de outubro e novembro, foram mais de 500 milímetros só em Campo Grande. Em dezembro, as precipitações têm sido recorde, não na Capital, mas em quase todas as regiões de Mato Grosso do Sul. Destaque para municípios pantaneiros, como Miranda e Aquidauana, que já verificam índices de precipitação bem acima do esperado.
Na zona urbana, onde ocorre a maioria dos casos de dengue, zika e chikungunya, é nesta época do ano que fica mais difícil prevenir o surgimento de focos do mosquito que transmite estas doenças. Por causa das chuvas, os terrenos dificilmente permanecem limpos por muito tempo.
O mato se espalha facilmente, e a sujeira, levada pela enxurrada, também. A alta umidade destes dias quentes ainda favorece a proliferação de insetos em geral.
O alerta está dado. Autoridades municipais e estaduais, e também toda a comunidade, devem agir de maneira incisiva nestes próximos dias, para evitar que o pior aconteça nos próximos meses. Esperamos ainda que, depois que a ameaça de epidemia passar, políticas permanentes de prevenção a todas as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti sejam, de fato, implementadas.