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Confira o editorial deste sábado/domingo:
"Fiscalizando promessas"

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A população e as autoridades precisam ficar atentas aos preços no período pós-greve dos caminhoneiros. Alguém pode estar ganhando com isso.

Já faz um mês que o Brasil parou, depois que os caminhoneiros decidiram estacionar seus veículos nos acostamentos das rodovias e nos postos de combustíveis, estabelecimentos que, diga-se de passagem, se tornaram o foco dos ajustes das esferas federal e estadual de governo para atender às reivindicações destes profissionais do transporte. Vê-se neste período após a paralisação que a população ainda sofre as sequelas e que vários dos pleitos dos que protestaram até agora não foram efetivamente concretizados. 

Sobre as consequências da greve, elas ainda podem ser notadas em muitos setores. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, o fornecimento de gás de cozinha ainda não está normalizado. As revendedoras trabalham com estoque inferior a 40%. No momento, não falta gás liquefeito de petróleo, mas o produto também não sobra. Em meio à ausência de botijões, o artigo – essencial – está mais caro. Em Campo Grande, a variação de preço chega a R$ 10 em alguns casos. 

A gasolina é outro produto que ficou mais caro depois da greve dos caminhoneiros. Antes de paralisação nacional, era possível encontrar postos vendendo o combustível a preços próximos dos R$ 4, com pequenas variações, para mais ou para menos. Agora, o combustível está em média R$ 0,20 mais caro, sem que os aumentos nas refinarias justifiquem tal variação. Será que a alta demanda do mês passado proporcionou bom fluxo de caixa aos donos de postos, fazendo com que a concorrência ficasse menos necessária? É uma possibilidade. 

Vejamos o caso mais recente, do diesel, combustível que, depois dos próprios caminhoneiros, foi o personagem principal do movimento paredista. Com a redução dos tributos federais, como PIS, Cofins e Cide, e dos estaduais, caso da queda da alíquota do ICMS de 17% para 12%, a expectativa era de que o produto ficasse até R$ 0,60 mais barato nas bombas. O preço, conforme demonstrado pelo Correio do Estado nesta semana, até diminuiu, só que apenas nas distribuidoras. No varejo, o litro do óleo diesel não caiu mais que R$ 0,30, em média. Os donos de postos prometem que a queda chegará ao consumidor somente no mês que vem e usam o velho argumento de que ainda têm combustível em estoque, comprado com o preço mais alto. Esta explicação, por sinal, ficou ainda mais frágil depois da greve do mês passado, que demonstrou que o estoque de combustível não dura mais que quatro dias nos postos.

O Procon, órgão que tem como obrigação defender o consumidor, promete agir. É importante mesmo que entre em ação. A grande maioria da população apoiou a greve no mês passado, pelos mesmos motivos de muitos caminhoneiros. As pessoas não aguentam mais ser estranguladas pelo torno da economia brasileira chamado custo de vida. As autoridades estão aí para agir. Esperamos que isso 
aconteça.