O Dia Internacional da Mulher foi celebrado na sexta-feira, mas a reflexão sobre a situação da mulher no País precisa ser contínua.
Mais do que celebração e enaltecimento, o Dia Internacional da Mulher é uma data de reflexão e de colocar na balança os avanços e retrocessos sobre a tão sonhada igualdade de gênero. Houve muitos avanços nos últimos anos, principalmente na inclusão da mulher no mercado de trabalho. O salário ainda é desigual, mas ao menos esse quadro aos poucos vem mudando, mesmo que não seja na velocidade desejada ou necessária. As frentes na luta por direitos iguais são várias, mas ainda há muito a ser feito. Porém, em um quesito parece que o Brasil está longe da vitória.
O país, que se considera tão receptivo e animado quando comparado com outras nações, leva consigo a mancha de ser um dos campeões em violência contra a mulher em todo o mundo. A Lei Maria da Penha veio como importante ferramenta para mudar esse triste cenário, assim como a lei do feminicídio, ainda hoje considerada desnecessária por muitos, entre eles, aqueles que consideram aceitável o “crime passional”, termo que era usado para justificar a violência alegando que o autor fora “movido pela paixão”.
A violência contra a mulher é movida por um sentimento, mas está longe de ser amor. Só o sentimento de posse ou de superioridade (de força física, na maioria dos casos) que justifica números tão alarmantes. Dados divulgados hoje apontam que a cada duas horas uma mulher é assassinada no Brasil. Enquanto em todo o País houve uma redução de 13% nas mortes violentas, os homicídios femininos recuaram somente 6,7% no ano passado em comparação com o ano anterior. Em 2018, 4.254 mulheres foram assassinadas no Brasil.
Além de expor a desigualdade de gênero, esses números evidenciam que a violência contra a mulher precisa de ações ainda mais eficientes. Endurecer as leis é extremamente importante, mas é só um dos passos para garantir a segurança das mulheres. É preciso investir mais em mecanismos de proteção.
Somente no ano passado, como já mostrado pelo Correio do Estado, mais de 8,8 mil mulheres buscaram medidas protetivas na Justiça em Mato Grosso do Sul. O número corresponde a uma média de 25 vítimas de violência pedindo socorro todos os dias no Estado, um aumento de 35% em cinco anos de pedidos. A ordem judicial é essencial para garantir que o agressor seja punido em caso de descumprimento. Mas é preciso mais. Hoje, há tecnologia suficiente para garantir uma resposta imediata da polícia. Por que não investir nesses sistemas de monitoramento eletrônico? Em Campo Grande, há um projeto aprovado na Câmara Municipal. Mesmo sendo responsabilidade do Estado – que também tem projeto neste sentido parado – o Poder Executivo Municipal também poderia dar a sua contribuição nessa luta, preferencialmente junto de outros poderes e também da sociedade civil organizada. O Brasil vive uma “epidemia de violência” contra a mulher e esse mal precisa ser tratado como tal.