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Confira o editorial desta terça-feira:
"Parada de luxo"

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"Parada de luxo"

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O Porto Seco vem para engrossar a manada de elefantes brancos. Sem um “plano B”, esse empreendimento milionário será apenas estacionamento para caminhões.

A falta de planejamento de gestões anteriores, aliada a anos conturbados no Executivo Municipal e agravados por uma das piores crises econômicas da história do País, custou caro a Campo Grande. A cidade, que ainda busca se recuperar da recessão, parece ter se tornado um canteiro de obras inacabadas ou sem utilidade. E o Terminal Intermodal de Campo Grande, conhecido também como Porto Seco, pode aumentar o número de elefantes brancos.

A construção do empreendimento está parada desde 2012 e, agora, a Prefeitura de Campo Grande pretende investir mais R$ 4,2 milhões para a sua conclusão, como mostra reportagem do Correio do Estado desta terça-feira. Somado ao dinheiro já aplicado (R$ 23,2 milhões), o investimento – em algo sem futuro garantido – pode girar em torno de R$ 27,4 milhões, muito dinheiro para se aplicar em um projeto de viabilidade duvidosa. Os fatores que podem ter contribuído com a criação desse elefante branco são muitos. Um porto seco tem como objetivo integrar ferrovia, rodovia e hidrovia. Porém, tantos anos depois do início das obras, Campo Grande, sem potencial hidroviário, perdeu também transporte ferroviário, com a desativação da Rumo em boa parte do Estado. Sem esses outros modais, o terminal poderá não passar de um estacionamento de luxo para caminhões. Por isso, mais do que concluir esse projeto, o desafio maior da prefeitura e do governo do Estado – uma vez que estamos falando da logística de Mato Grosso do Sul como um todo – será dar uma utilidade para este empreendimento. E, pelo que tudo indica, não será tarefa fácil.

Paralelamente ao processo de licitação para a conclusão do empreendimento, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Campo Grande está empenhada em achar uma fórmula mágica para que esse projeto dê certo, e uma das alternativas pode levar ainda mais tempo. A ideia é promover integração com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que tem porto seco, mas não destinado a grãos. Para tanto, seria necessária a criação de uma via expressa entre os dois. O Consórcio Park X, formado pela JBens Participações Ltda. (empresa líder) e Cotia Armazéns Gerais, pretende investir até R$ 200 milhões no projeto, mas que só virão quando estiver bem definida a situação do terminal e também a reativação da linha férrea.

Resumindo: são grandes as chances de esse empreendimento ser concluído, mas ainda demorar um bom tempo para entrar em operação. Mesmo assim, é melhor do que ver milhões de reais abandonados.