Não temos o poder de mudar o clima no curto e no médio prazo, mas, para atenuar os danos à produção, temos a ciência ao nosso favor. Que as autoridades se atentem para isso.
Ainda não se sabe se eles serão muito grandes, ou se poderão ser compensados em outras safras, mas é certo que as chuvas escassas neste segundo semestre já causaram prejuízos ao agronegócio de Mato Grosso do Sul e, consequentemente, à economia local. O que esperamos para os próximos dias são precipitações volumosas que garantam uma boa produtividade nesta safra 2019/2010 que se inicia. Se isso não ocorrer, o cenário desenhado é preocupante.
Nesta edição trazemos reportagens que mostram a dimensão dos danos que a estiagem já causou a muitos agricultures e pecuaristas de Mato Grosso do Sul, seja na forma do atraso no plantio ou até mesmo no replantio, seja em regiões onde os dias sem chuva e a vegetação extremamente seca têm provocado incêndios quase intermináveis, como no Pantanal.
Os problemas são decorrentes da falta de um fenômeno natural, a chuva. Porém, esta quebra de ciclo – pois, todo ano espera-se que chova nas épocas previstas – deve ser considerada pelas autoridades. Não temos o poder de mudar o clima no curto prazo, mas certamente, temos ao nosso favor a ciência. Estudar as causas desta escassez de chuvas que gera prejuízos econômicos é uma necessidade e financiar as pesquisas é um dever não só do poder público, mas também de setores da classe produtora, como por meio do sistema S.
Existem mecanismos como seguros para atenuar o prejuízo da quebras das safras, entre outros produtos financeiros, que podem levar mais segurança aos produtores rurais. Mas isso somente não basta. É necessário encontrar ferramentas para atenuar as perdas, ou para fazer com que seja impossível que elas ocorram em alguns casos.
Se a irregularidade no regime de chuvas se mantiver, não seria o caso de alguns produtores pensarem em represar cursos d’água, criar açudes e irrigar parte das lavouras, pelo menos na época do plantio? Outras técnicas para atenuar eventuais perdas e aumentar a segurança não somente do produtor rural, mas da economia local, surgirão se houver incentivo. É o momento de instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, mostrarem a sua força, ou de receberem os recursos necessários para entender o que ocorre com o solo, com os ecossistemas e, claro, com todo o meio ambiente.
Historicamente, são mais desenvolvidos os países que empregam tecnologias para torná-los capazes de superar as adversidades climáticas e de solo e vegetação (há quem plante no deserto) ou que tenham técnicas para aumentar a produção em meio às incertezas do clima. São mais fortes as economias que conseguem prever (por meio de pesquisa e informação) os danos a que estão expostas. Que esta estiagem faça muitos acordarem para a ciência.